Chuvas, tragédias e falência do velho Estado

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Chuvas, tragédias e falência do velho Estado

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População pobre de Teresópolis volta a sofrer com a chuva

Pouco mais de um ano depois da tragédia em decorrência das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, quando cerca de mil pessoas morreram e centenas permanecem até hoje desaparecidas, a população da serra fluminense voltou a sofrer com o mesmo problema no início de abril. Na cidade de Teresópolis, um temporal que desabou no último dia 6 de abril deixou pelo menos cinco mortos e mil desaparecidos, trazendo o pesadelo das chuvas de volta para a gente pobre, e lembrando que o grande carrasco não é o volume de chuva, mas sim o velho Estado, com sua absoluta incapacidade para fazer qualquer coisa em benefício do povo.

Curiosamente, neste ano de 2012, as notícias sobre mortes em decorrência das chuvas na região serrana do Rio só chegaram depois que o verão acabou. Mas isso não aconteceu porque o Estado promoveu ações de melhorias das condições de habitação naquelas cidades depois da catástrofe de 2011 ou porque foi efetivo no trabalho de prevenção de tragédias, nem tampouco por quaisquer providências que os governos municipais, estadual e federal tenham eventualmente tomado.

A região serrana do Rio passou um verão sem maiores dores de cabeça por causa das chuvas simplesmente porque choveu abaixo da média durante toda a estação.

Senão, vejamos:

. Mais de um ano depois da tragédia de 2011, só na cidade de Nova Friburgo, a mais castigada por aqueles temporais, ainda são 10 mil pessoas vivendo em áreas de alto risco. Muitas dessas pessoas saíram das suas casas depois das chuvas que arrasaram o município, mas voltaram porque não receberam o aluguel social prometido pelas “autoridades”.

. Na sequência da tragédia de janeiro de 2011, a gerência do PT criou o Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), entidade inventada em meio aos esforços que o velho Estado faz sempre que algo daquele tipo acontece, a fim de os burocratas tentarem mostrar serviço. Pois o tal Cemaden recebeu apenas R$ 2,2 milhões de fevereiro a novembro de 2011 de um orçamento total previsto de R$ 21 milhões para o ano. Só no fim de novembro, faltando apenas um mês para o verão começar – e, portanto, sem tempo hábil para a realização do que quer que fosse -, foram liberados outros R$ R$ 10,9 milhões.

Estado de emergência: festa para empresas

E mais:

. Em setembro do ano passado, diante da total inércia do “poder público” no que tange à tomada de providências para minimizar os efeitos de chuvas futuras sobre o povo, foi preciso que a 1ª Vara Cível de Nova Friburgo determinasse um prazo para que o gerenciamento Sérgio Cabral instalasse um sistema de alerta para riscos de enchentes e deslizamentos nas cidades da região serrana fluminense.

. No dia 13 de novembro do ano passado, quase no fim do prazo dado pela justiça a Cabral, a Secretaria de Estado de Defesa Civil coordenou em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis um simulado para a desocupação de áreas consideradas de risco utilizando o novíssimo sistema de alerta por sirenes em casos de chuva forte instalado nos três municípios serranos. Pois, no temporal do último dia 6 de abril em Teresópolis, seis das vinte sirenes de Cabral instaladas no município simplesmente não funcionaram.

É o Estado chafurdado na sua própria falência, cujo fôlego que resta é dirigido para atender às demandas dos ricos, dos monopólios, da indústria e sua grita por “infraestrutura”, nunca para atender as urgências do povo trabalhador, que é quem gera as riquezas que sustenta esse Estado que lhe oprime e abandona à própria sorte.

É a falência total do velho Estado brasileiro. A distâncias seguras de quaisquer barrancos enlameados com risco de vir abaixo, os gerentes de vários níveis desta semicolônia que continua miserável riem-se das massas com os bolsos cheios de dinheiro das comissões que recebem para promoverem os negócios dos algozes do povo. Quando se debruçam sobre as tragédias “naturais” que se abatem sobre a população, estão mesmo é sempre prontos para declararem “estado de emergência” para fecharem negócios com empresas amigas sem a necessidade de abrir licitação. E só.

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