Colômbia: mortos, feridos, presos e a greve continua!

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Colômbia: mortos, feridos, presos e a greve continua!

No último 19 de agosto, os camponeses e outros setores iniciaram uma greve nacional indefinida contra o gerenciamento semicolonial do Estado colombiano. Após quase um mês de greve, alguns setores acordaram com o governo e desbloquearam as estradas do país. Outros seguem em mobilização até que todas as demandas sejam atendidas.       

Camponeses exigem fim de acordos lesa-pátria, Boyacá (CO).

O acordo que liberou parte das estradas foi firmado entre a Mesa Nacional Agropecuária e Nacional de Interlocução e Acordo (MIA), governadores de nove departamentos do país e o vice-presidente, Angelino Garzón, no último oito de setembro.

A MIA se dispôs a desbloquear as vias por quatro dias, enquanto o governo abria um canal de negociações com a organização para debater as demandas dos setores em protesto. O acordo deve ser supervisionado pela ONU. Segundo a MIA, a greve não acabou, os camponeses permanecem mobilizados e milhares deles devem participar do encontro camponês em 12 de setembro.

No entanto, vários setores camponeses, mineiros e indígenas, dentre eles a Coordenação Nacional Agrária, afirmou que manterá seus protestos, inclusive com o fechamento de rodovias em Cauca, Nariño, Putamayo e Caquetá.

 A Associação Camponesa de Sucre também afirmou que suas demandas não foram cumpridas e que mais de cinco mil famílias continuam à espera de terras no departamento.

No departamento de Montería, mais de 60 mil camponeses afirmam que não estão representados na mesa de diálogo e continuarão em protesto permanente. A mesma posição foi tomada por organizações camponesas em Castilla e Antioquia. Os trabalhadores da área da saúde não foram recebidos pelo governo e continuam em paralisação nacional.

Até o momento, o governo prometeu alguns créditos e o aumento dos impostos para alguns produtos agrícolas comprados no Mercosul e na Aliança do Pacífico, por dois anos. Além disso, o governo também prometeu não aplicar a resolução 970, que proíbe aos camponeses colombianos o uso de sementes “não certificadas”.

Todos estes acordos, no entanto, não passam de pequenas migalhas, já que o governo não reduziu o preço dos combustíveis, apenas congelou. Além disso, ainda há acordos comerciais (TLCs) com mais de 10 países que seguem intactos.

Outro fator importante é que o governo vem tentando negociar em separado com as categorias e até mesmo com as organizações camponesas, na clara tentativa de desmobilizar a greve que tomou o país de assalto.

Na tentativa de dividir os camponeses, o governo convidou as organizações a uma reunião pelo “Pacto agrário”, no próximo 12 de setembro. As organizações combativas dos camponeses rejeitaram a proposta do governo e, em resposta, estão mobilizando milhares de camponeses para que, na mesma data, em Bogotá, capital do país, seja realizada uma grande demonstração de unidade.

Terrorismo de Estado

Sucessivas gerências colombianas ficaram conhecidas pelo terrorismo com o qual atacam a população civil, principalmente os camponeses. No caso da greve nacional, não foi diferente. O governo mobilizou mais de 50 mil policiais em todo o país para reprimir as manifestações.

Até o fechamento desta edição, a MIA havia contabilizado, em um primeiro balanço: 12 mortes, 485 feridos e quatro desaparecidos. Os manifestantes assassinados foram atingidos por armas de fogo e 21 dos feridos também.

Mais da metade das prisões foi realizada no departamento de Cundinamarca. A obstrução de vias públicas foi a maior causa de prisões, mas também há manifestantes respondendo por terrorismo, violência, danos, tráfico, porte de armas, etc. Das 648 pessoas que foram presas, 93 tiveram a prisão preventida decretada.

Cajamarca foi um dos municípios mais atingidos pela violência da Esmad (Esquadrão móvil antidistúrbio). Nesta pequena cidade, em 29 de agosto, escolas foram invadidas e gás lacrimogêneo e bombas foram jogadas por helicópteros contra toda a população. Houve enfrentamento com a polícia, vários camponeses foram presos e crianças e idosos ficaram feridos. Dirigentes camponeses foram ameaçados de morte.

Em Castilla, a população também sofreu com esse tipo de ação nos dias 19, 20 e 28 de agosto. Os camponeses descobriram 10 agentes infiltrados. Cerca de 50 pessoas ficaram feridas após a Esmad tentar liberar uma estrada que havia sido bloqueada com a autorização da municipalidade. 

Em cinco de setembro, mais de dez mil camponeses estavam movilizados em Poapayán, no departamento de Cauca, bloqueando uma das rodovias que dá acesso ao município. A polícia e o exército tentaram desbloquear a rodovia à força, utilizando gás lacrimogêneo (por ar e terra), granadas, balas de borracha e de chumbo e bombas. Cinquenta pessoas ficaram gravemente feridas.

Há notícias de violências similares por todo o país.

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