O latifúndio segue avançando suas pautas, tanto nas instituições reacionárias dessa velha democracia, como em terreno, com suas tropas de pistoleiros a soldo.
Após da “bancada ruralista” ter aprovado nas duas câmaras do Congresso Nacional, o “Marco Temporal” está em votação no Supremo Tribunal Federal (STF). Tal lei estabelece que só será demarcada novas terras indígenas que comprovarem “habitação em caráter permanente” até a promulgação da Constituição de 1988. O projeto, flagrantemente latifundista, praticamente legaliza o roubo de terras praticada contra os povos originários na base do genocídio mais macabro ao longo dos 523 anos.
Embora seja flagrantemente uma lei que viola os direitos do povo, o STF não quer desagradar seus patrões latifundiários e está se articulando para aprovar um “meio termo”, segundo articulistas do monopólio de imprensa. Esse “meio termo” seria demarcar terras indígenas, mas através de indenização aos latifundiários (tese também apoiada pelo governo, através da ministra Guajajara). Não precisa ser adivinho para concluir que tal decisão só aumentará as invasões de latifundiários às terras indígenas e aos povos originários, para ocupá-las e extorquir o governo solicitando “indenizações”. Ao evitar se chocar com o latifúndio, tal “meio termo” é, na verdade, o prosseguimento do genocídio.
O latifúndio segue avançando suas pautas, tanto nas instituições reacionárias dessa velha democracia, como em terreno, com suas tropas de pistoleiros a soldo, mas não sem resistência.
Após a “bancada ruralista” ter aprovado nas duas câmaras do Congresso Nacional, o “Marco Temporal” está em votação no Supremo Tribunal Federal (STF). Tal tese estabelece que só será demarcada novas terras indígenas que comprovarem “habitação em caráter permanente” até a promulgação da Constituição de 1988. O projeto, flagrantemente latifundista, praticamente legaliza o roubo de terras praticado contra os povos originários na base do genocídio mais macabro ao longo dos 523 anos.
Embora seja flagrantemente uma lei que viola os direitos do povo, o STF não quer desagradar seus patrões latifundiários e está se articulando para aprovar um “meio termo”, segundo articulistas do monopólio de imprensa. Esse “meio termo” seria demarcar terras indígenas (TIs), mas através de indenização aos latifundiários (tese também apoiada pelo governo, através da ministra Guajajara). Não precisa ser adivinho para saber que tal decisão só aumentará as invasões de latifundiários às TIs, para ocupá-las e extorquir o governo via “indenizações”, enquanto novas TIs não serão homologadas por falta de dinheiro. Ao evitar se chocar com o latifúndio, tal “meio termo” é, na verdade, o prosseguimento do genocídio.
Não só os povos originários têm enfrentado o avanço latifundista. Enquanto a “CPI do MST” tentava satanizar a luta pela terra, um casal de camponeses foi chacinado por pistoleiros com mais de cinco tiros, no dia 3 de agosto, no distrito de Ipixuna, município de Humaitá (AM). Cleide da Silva e seu esposo, conhecido como “Fumaça”, foram mortos após circularem entre os latifundiários locais como membros da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) acusados de estarem organizando tomadas de terras na região. Nove dias depois, em Cujubim (RO), mais de 60 latifundiários e suas tropas de pistoleiros atacaram, a tiros, um acampamento recém-construído, seguidos por tropas da PM. A operação coordenada, segundo a LCP, prendeu mais de 25 camponeses. As motos e outros pertences dos trabalhadores foram incendiados pelos reacionários.
Tomada de terras e chamado da LCP
Mas há também uma boa notícia: em 19 de agosto, mais de 100 famílias, apoiadas pela LCP do Norte de Minas e Sul da Bahia, retomaram as terras da fazenda Lagoa dos Portácios, com 6,8 mil hectares de terras abandonados há 20 anos pela mineradora Calsete, em Carinhanha (BA).
A tomada de terra homenageia a liderança quilombola Mãe Bernadete Pacífico, assassinada a tiros, dois dias antes, por pistoleiros a soldo do latifúndio. Bernadete havia denunciado sofrer ameaças de latifundiários e seu próprio filho havia sido morto em 2017, mas, mesmo assim, o governador da Bahia, o petista Jerônimo Rodrigues, classificou sua morte como “disputa entre facções criminosas”. O PT governa o estado há 16 anos e segue inalterado o quadro agrário na Bahia: é o estado com maior concentração fundiária do País, assim como é o estado cuja PM mais mata em operações.
Diante desses ocorridos, a LCP conclamou “os camponeses a armarem as organizações de autodefesa da luta pela terra na mesma proporção e calibre”, se referindo à atuação dos bandos armados do latifúndio, em manifesto difundido em setembro. O comunicado também condena a “CPI do MST” e critica o silêncio do governo diante da ofensiva do latifúndio bolsonarista.
“O risco que corre o pau corre o machado, quem mostra as armas que tem se arrisca a perdê-las, quem manda matar também pode morrer, tanto mais quando a causa que defendem chegou a tal ponto de desmoralização que só com as armas conseguem defendê-la. Conclamamos as lideranças camponesas que não dobraram os joelhos a cerrar fileiras com nosso bravo campesinato, com o caminho da Revolução Agrária”, encerra o movimento.