Como o Socialismo transformou a vida do camponês

Realizações Socialistas - vida em um kolkhoz.
Foto: Banco de Dados/AND
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Como o Socialismo transformou a vida do camponês

Na Rússia, antes da Revolução Socialista de Outubro de 1917, 28 mil grandes latifundiários ostentavam posse sobre 67,5 milhões de hectares de terras, enquanto mais de 10 milhões de famílias camponesas dividiam, entre si, 79,7 milhões de hectares1. Isso significa que cada latifundiário detinha, em média, quase 2,4 mil hectares, enquanto que cada família camponesa possuía, em média, apenas 8 hectares. As terras mais férteis ficavam nas mãos dos latifundiários. Tratava-se de uma opressão gigantesca, garantida por um regime feudal autocrático.

Os camponeses, em 65% dos casos, eram pobres, sendo que mais de 34% não tinham instrumentos agrícolas, e outros 30% sequer possuíam cavalos. Ou eles eram obrigados, então, a arrendá-los dos latifundiários para trabalhar em suas pequenas glebas, ou eram levados a trabalhar em regime de arrendamento em pedaços de terra dos seus senhores. Neste caso, os camponeses destinavam parte do seu trabalho ao latifundiário, seja entregando parte do produto, trabalhando gratuitamente para ele ou pagando uma grande quantia em dinheiro. Endividados, a cada ano, 2 mil camponeses em média abandonavam suas casas para trabalhar nas grandes fazendas, no Kuban ou na Ucrânia.

Ivan Ponomarenko, um antigo assalariado rural desses tempos, relatou um pouco de sua vida: “Meu pai foi vaqueiro no feudo de um grande proprietário durante 20 anos. Nunca tivemos cavalo nem vaca, nosso rebanho consistia numa meia dúzia de galinhas. Plantávamos batatas no meio hectare que tínhamos. Eu trabalhei na propriedade do Grão Duque Miguel, irmão do czar Nicolau. Ganhava cerca de 40 rublos por ano. Vivia de couve e de milho”.

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A situação dos camponeses russos, antes da Revolução Agrária e da Revolução Socialista, não era muito diferente da vida dos camponeses brasileiros hoje em dia, dentro de suas devidas proporções. Mas tudo mudou após a Revolução de 1917.

Os latifundiários foram expulsos e expropriados, e suas terras distribuídas para cultivo aos camponeses pobres em lotes individuais, que passaram a produzir de forma cada vez mais cooperativa e coletiva. Os comunistas, imbuídos da ideologia proletária, foram ajudando os camponeses a romper com o individualismo e a trabalhar através de associações e outras formas, dentro das quais foram se aplicando formas mecanizadas de produção. Esse era o único modo de superar a pobreza e o massacrante trabalho rural individual. Assim, foram surgindo as granjas coletivas (os Kolkozes).

Elas eram abastecidas com sementes, máquinas e todos os tipos de equipamentos agrícolas, facilitando em mil o trabalho dos camponeses. Em 1918, existiam 1,6 mil Kolkozes, enquanto que, dez anos depois, o número saltou para 33,2 mil. Os camponeses médios, desconfiados, foram sendo convencidos pelas facilidades que as granjas proporcionavam aos camponeses pobres.

Porém, nem tudo foi um mar de rosas. Parte dos camponeses não eram disciplinados e alguns eram preguiçosos. Para evitar injustiças, existiam as novas Regras de Arte Agrícola, de acordo com as quais todas as famílias recebiam vacas, porcos e aves para uso individual e eram estipuladas metas para cada membro; todos produziam e entregavam para a fazenda que, depois, retribuía de acordo com a quantidade de unidades de dias de trabalho atingida. Se o trabalhador ultrapassava a meta em quantidade e em qualidade, ficava credor em unidades de dias de trabalho. Assim, a emulação e a cobrança coletiva fortaleciam a disciplina socialista e revolucionária. A produção cresceu muito, as fazendas coletivas se tornaram cada vez mais mecanizadas, o trabalho, menos cansativo e as condições de vida, muito melhores.

Trabalhando menos e sendo mais produtivos, os trabalhadores dos Kolkozes, finalmente, tinham a chance de se dedicar a atividades culturais, intelectuais e se desenvolverem mais integralmente. Era o fim da brutal opressão dos restos feudais. Para isso, as fazendas coletivas tinham escolas, cinemas, bibliotecas, teatros, creches, maternidade, barbearia e até uma estação de rádio. Nas fazendas coletivas na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), nesses idos, não havia analfabetos, e 20% dos membros passavam pelo ensino superior. Tudo isso na década de 1940, quando, no Brasil, a energia elétrica só chegava a 2,4% dos domicílios rurais.

Os Kolkozes eram, no entanto, a forma primária do desenvolvimento socialista no campo. No seu desdobramento, surgiram ainda os Sovkhozes (grandes fazendas estatais), onde a terra e todos os meios de trabalho pertenciam a todo o povo. Todas as ótimas condições dos Kolkozes eram ainda superiores nos Sovkhozes, sendo estes os maiores produtores de gêneros agrícolas da URSS.

Já a forma superior de coletivização, a Comuna Popular, surgiu na China após a Revolução, país onde a opressão antes da Revolução Agrária (concluída em 1949) contra os camponeses era ainda mais acentuada que na Rússia. Nas Comunas Populares, não só a produção era totalmente coletiva, como elas eram também organizações administrativas, militares e políticas.

Nas Comunas, além da produção agrícola e as coisas boas do campo, havia também os benefícios que anteriormente existiam só na cidade, eliminando, pouco a pouco, o atraso rural. Até produção industrial se desenvolveu dentro das Comunas, tornando-as relativamente autossuficientes. Nas Comunas, os seus membros governavam diretamente sua vida sendo um órgão de Poder político local, sendo uma unidade de base do Poder revolucionário nacional, sob a direção do Partido Comunista.

 

Nota:

  1. Esta e todas as outras informações relativas à Rússia pré-revolucionária e aos Kolkozes provêm da revista Divulgação marxista, nº 6, Ano 1, 15 de setembro de 1946.
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