Confirmado pacto nuclear secreto entre USA e Japão

Confirmado pacto nuclear secreto entre USA e Japão

Em dezembro, com o ano de 2009 caminhando para os seus últimos dias, o jornal nipônico Yomiuri Shimebun tornou público um documento — mais um — provando o que os denunciadores do imperialismo já sabiam bem: a existência de um arranjo nuclear secreto entre o USA e o Japão assinado pelo ex-chefe ianque Richard Nixon e pelo antigo primeiro-ministro japonês Eisaku Sato mais de vinte anos após o fim da II Guerra Mundial.

O documento de duas páginas, que estava em poder de descendentes de Sato — prêmio Nobel da Paz em 1974 — , contêm informações sobre um acordo confidencial assinado em 19 de novembro de 1969 prevendo que o USA instalasse armas nucleares em solo nipônico com a finalidade declarada de “proteger o Japão das ameaças regionais”. Isso significa que há 40 anos o Japão constitui uma verdadeira base de lançamentos de ataques nucleares no explosivo leste asiático.

É mais uma prova da natureza antidemocrática e anti-povo dos vende-pátria japoneses reunidos no Partido Democrático Liberal, legenda que esteve empoleirada no Estado japonês durante quase meio século, tempo suficiente para amarrar por meio de tratos abertos ou escondidos a aliança estratégica de Tóquio com o imperialismo ianque. Natureza que nos últimos meses tem estado à mostra com o desembarque de mais e mais marines no Japão para dar conta da escalada de provocações à Coreia do Norte — no contexto do imperialismo em crise empurrando o mundo para a conflagração de mais uma guerra — o que incluiu o discurso demagógico da condenação dos testes nucleares norte-coreanos.

Pelas mãos de Sato, o submisso Estado nipônico permitiu que os carrascos de quase 200 mil japoneses que arderam após as explosões das bombas atômicas lançadas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki abrigassem armas nucleares em seu território duas décadas depois, aumentando a gravidade da infâmia tramada na surdina. A existência e o teor do acordo foi sendo passada aos sucessivos primeiros-ministros e chanceleres nipônicos logo assim que eles tomavam posse em seus respectivos cargos.

A certeza de que existe um conchavo por debaixo dos panos para o alojamento de armas de destruição em massa sob o controle da Casa Branca no extremo oriente asiático já havia sido reforçada quando, há poucos anos, foram descobertos no USA documentos oficiais que remetiam a um acordo militar secreto entre os ianques e o Japão assinado naquela mesma época, quando transcorriam as negociações para que Washington pusesse fim à ocupação da ilha de Okinawa, no sul do território japonês — ocupação que perdurava desde 1945, após a segunda grande guerra imperialista.

Na época em que tais documentos vieram à tona, a agência de notícias japonesa Kyodo lembrou que a existência do tratado secreto já tinha sido revelada em vários livros e depoimentos, mas aquela era a primeira vez que se atestava a veracidade das afirmações sobre o conchavo ianque-nipônico em documentos oficiais da administração do USA. E mais: documentos redigidos pelo próprio conselheiro de Segurança Nacional de Nixon, Henry Kissinger, o velho criminoso de guerra especializado em escamotear crimes, sabotagens e genocídios, e que tanto se rasga em elogios a Obama desde que este foi “eleito” como esperança de sobrevida para o imperialismo em crise.

Quando do caso dos documentos assinados por Kissinger, a gerência japonesa de então continuou a negar a existência do pacto nuclear secreto, a despeito de todas as evidências desmentindo os conchavistas. A atual gerência japonesa, encabeçada pelo Partido Democrático do Japão, vem se esmerando em um teatro de “investigações” sobre acordos secretos firmados pela administração anterior, como se já não soubesse do trato pelo qual precisa zelar, e como se fosse, realmente, surpresa o fato de o imperialismo promover negociatas e tramoias ocultas de toda espécie, apertos de mão e assinaturas firmadas que ninguém vê.

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