Conformações pró-imperialistas no Norte da África e Oriente Médio

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Conformações pró-imperialistas no Norte da África e Oriente Médio

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Marrocos: as massas voltaram às ruas contra a farsa eleitoral

No Norte da África e em vários países do Oriente Médio, o cenário é de conformações entre o imperialismo e os oportunistas que correram para se apresentar como alternativa “democrática” aos velhos e acossados “ditadores” no esteio dos grandiosos protestos populares por uma democracia verdadeira nestas nações tão castigadas pelo despotismo amigo dos monopólios estrangeiros – protestos que  careceram de uma vanguarda empenhada em conduzir às massas a uma democracia nova.

Alguns dos velhos dirigentes reacionários, entretanto, ainda contam com o apoio incondicional do USA e do imperialismo europeu, tão prestimosos são os serviços prestados por eles aos maiores inimigos dos povos locais.

No Marrocos, milhares de pessoas repetem os protestos nas ruas das principais cidades do país, Rabat, Casablanca, Tanger e Marrakech, contra a corrupção e a administração reacionária e vende-pátria de Mohammed VI.

Recentemente, o gerente promoveu um farsesco referendo constitucional para se legitimar como entreposto dos monopólios no noroeste africano. No dia 15 de outubro, as forças de repressão marroquinas usaram de muita violência para tentar dispersar uma grande manifestação contra o FMI, o G8, o Banco Mundial e o despotismo pró-imperialismo.

Em outra frente de batalha na região do Saara Ocidental, o povo Saaráui segue sua árdua luta revolucionária de libertação contra as forças de repressão marroquinas, por autonomia política e territorial. A luta que já dura 38 anos, teve novo capítulo sangrento no dia 25 de setembro, quando por ordem de Mohammed VI, tropas marroquinas atacaram um grupo Saaráui após uma partida de futebol no distrito de Dakhla. Os Saaráuis resistiram com paus e pedras. Cinco deles foram mortos, assim como dois agentes de repressão marroquinos. Oito carros foram incendiados pelos Saaráuis na ocasião.

No Bahrein, segue o processo de perseguição política aos participantes dos protestos por uma democracia popular no país. Os tribunais do país vêm se mostrando peças-chave para a reação ao condenar até médicos e enfermeiros cujo “crime” foi prestar socorro a populares que foram feridos pela polícia enquanto participavam de manifestações.

Na Síria, o USA se esmera para que o desfecho dos retumbantes protestos que sacodem o país desde o início do ano não resultem em uma democracia popular, mas sim na reestruturação do capitalismo burocrático sírio, com o embaixador ianque Robert Ford se reunindo várias vezes com os “opositores”, oportunistas que viram nos protestos a chance de enfim assumirem como entrepostos da rapina imperialista, tudo a custa do sangue de três mil mortos pelo Estado reacionário de Bashar Al-Assad, que é o número de vítimas da repressão aos protestos contabilizados pela ONU. Após a morte de Muamar Kadafi na Líbia, tropas ianques já direcionam sua rapinagem para o território sírio, ameaçando bombardear o país e interferir no levante das massas em curso.

Farsas eleitoreiras

No Egito, seguem os protestos contra a carestia e a arbitrariedade e por uma democracia verdadeiramente popular, e segue a repressão brutal ao povo rebelde por parte do gerenciamento militar do capitalismo burocrático egípcio, que rendeu o gerenciamento anterior, o de Hosni Mubarak, e, à base da bala, esquenta lugar para gerenciamento vindouro, a ser legitimado em “eleições livres” que se avizinham com as bênçãos do imperialismo.

Os protestos no Egito voltaram a se avolumar depois que as forças de repressão promoveram um massacre durante uma manifestação no qual 25 pessoas foram mortas, dez delas literalmente esmagadas por tanques do exército. Milhares de egípcios compareceram aos funerais das vítimas, em uma movimentação das massas populares que o gerenciamento militar fechado com as potências não aceitou, ordenando mais brutalidade. Centenas de pessoas foram presas e outras centenas foram mandadas para os hospitais.

Valendo-se do mesmo artifício usado por seus antecessores, o gerenciamento militar do Estado burocrático egípcio ofereceu uma cabeça para tentar aplacar as massas – no caso, pediu demissão o vice-primeiro-ministro que também acumulava a pasta de Finanças, Hazem Beblawi -, mas nem isso nem os recorrentes toques de recolher têm sido capazes de impedir a ocupação das ruas pelas multidões insubmissas.

Na Tunísia, uma manifestação de milhares de pessoas na capital Tunis no dia 14 de outubro foi ferozmente atacada pelas forças de repressão do velho Estado burocrático, agora reestruturado na sequência do auge dos protestos populares contra a opressão e a carestia, após uma tentativa de ocupação do gabinete do primeiro-ministro, Beji Caid Sebsi.

Na falta de lideranças consequentes e de um programa político revolucionário, os levantes do início do ano por uma democracia verdadeiramente popular na Tunísia foram cavalgados pelos oportunistas locais apalavrados com o imperialismo. Eles não tardaram em organizar uma eleição para uma assembleia constituinte, mais uma farsa sufragista conduzida pelos monopólios neste mundo. Não obstante, o pleito tunisiano do último dia 23 de outubro foi vendido como a “primeria eleição genuinamente democrática” da história do país. No dia 24, o partido mulçulmano Al Nahda, declarou ter vencido as eleições, sob protestos de centenas de jovens que, em janeiro, tombaram o regime de Ben Ali. As manifestações, às portas da Instância Superior Independente Eleitoral (ISIE), acusam o partido de fraudar as eleições através da compra de milhares de votos de tunisianos miseráveis.

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