Crise geral segue se aprofundando

https://anovademocracia.com.br/83/16-b.jpg

Crise geral segue se aprofundando

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/83/16-b.jpg

Em meados de outubro, o chefe da missão de intervenção do FMI e do Banco Central Europeu na Grécia requisitou à gerência “socialista” de Georges Papandreou a redução do salário mínimo no país – hoje, fixado em 750 euros, cerca da metade do salário mínimo pago na França, por exemplo. Dias antes, a chefe alemã Angela Merkel fez mais uma clara ameaça à soberania da Grécia, dizendo que a União Europeia pode intervir no orçamento de quem desrespeita as regras do bloco, o que significa dizer que a Alemanha, a França e o Reino Unido, em conluio, podem intervir em quaisquer paragens do continente.

A bem da verdade, a “soberania” da Grécia, bem como das outras semicolônias deste mundo, não passa de letra jurídica que obriga a existência de intermediários para a rapina imperialista.

Prova disso é que em Portugal, outra nação europeia sob intervenção das potências, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho justificou o orçamento para 2012, anunciado agora em outubro, dizendo que “os compromissos com a União Europeia e com o FMI são para cumprir à risca”.

Na Espanha, em 2011, pela primeira vez em várias décadas, a emigração será maior do que a imigração.

Estimativas dão conta de que cerca de 580 mil espanhóis devem deixar sua pátria até o fim deste ano para procurar emprego, o dobro do número registrado em 2008.

O diretor-presidente do megabanco espanhol Santander, Alfredo Saénz, disse com quase todas as letras que o que está segurando o seu banco é o Brasil, ou seja, os altos juros nessa semicolônia, mantidos em patamares estratosféricos exatamente para a multiplicação sem fim de capital financeiro.

Em 10 de setembro, foi anunciado o primeiro grande socorro a uma instituição financeira no esteio da chamada “crise da dívida” da Grécia e de outros elos mais fracos da União Europeia. Esse é mais um sintoma de que o sistema bancário europeu está mesmo à beira do abismo, segurado pela barra da manga até quando os Estados burgueses da Europa aguentarem ajudá-lo a lutar contra a gravidade.

Sistema bancário europeu à beira do abismo

Trata-se do banco franco-belga Dexia, que tem cerca de 95 bilhões de euros em títulos desvalorizados, ditos “títulos podres”, incluindo os da dívida grega, italiana, espanhola e portuguesa no valor somado de 20 bilhões de euros. A diferença de 75 milhões de euros entre o valor dos “títulos podres” da Grécia, da Itália, da Espanha e de Portugal comprados pelo Dexia e o total da encrenca financeira do banco dá conta de que a extensão da “crise da dívida” é sistêmica e não pontual, com as próprias economias das potências europeias caminhando para a bancarrota.

De 95 bilhões de euros, portanto, serão as garantias estatais somadas anunciadas pelo Estado francês e pelo Estado belga para dar costas quentes ao Dexia. A Bélgica ainda irá transferir nada menos do que 4 bilhões de euros em recursos públicos para o banco em agonia. O curioso é que, há três anos, a mesma Bélgica já havia repassado ao mesmo banco outros três bilhões de euros em riquezas do povo a título de “ajuda”.

E vem aí mais repasses para azeitar os bancos privados da União Europeia, grandes financiadores dos monopólios: o Dexia será desmembrado em três instituições diferentes (uma na Bélgica, outra na França e uma terceira em Luxemburgo) e sua reestruturação irá esperar um “plano de recapitalização do conjunto do setor”. Ou seja, um (mais um) amplo programa salva-vidas (estima-se que a sangria será da ordem de 200 bilhões de euros) para garantir que os bancos sigam exercendo o seu papel no sistema de exploração do homem pelo homem.

No dia 13 de outubro, foi publicado um estudo da Columbia Business School mostrando que o Banco Central Europeu está sentado sobre uma dívida impagável da ordem de um trilhão de euros. É a crise geral de superprodução relativa do capitalismo tornando-se indisfarçável, acossando os monopólios, os bancos e os Estados imperialistas, tríade dos grandes inimigos das massas proletárias.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: