Imagem histórica: homem se nega a fazer a saudação durante comício nazista
- Não convém crer no combate à corrupção teleguiado por potências cujas políticas se caracterizam por perversidade inacreditável, mas real: no mínimo, efeito colateral de seus jogos de poder.
- A escravização pode ser realizada tanto através da imposição das armas de destruição em massa econômico-financeiras, como as imediatamente letais.
- Por enquanto estão sendo empregadas no Brasil as primeiras, com as taxas dos títulos públicos chegando a 18 % aa., e com os golpes finais na indústria nacional.
- Esse processo tem sido dirigido, desde, pelo menos, o final da 2ª Guerra Mundial, pelas potências imperiais angloamericanas, cuja hegemonia se iniciou, há mais de 300 anos, com práticas destrutivas e mesmo genocidas.
- As disputantes derrotadas associaram-se, na ordem cronológica, Holanda, França e Alemanha. Esta aparece, hoje, como a principal, dando, na Europa a falsa impressão de ter luz própria, ao aparecer como o grande opressor direto dos países relegados à condição de periferia da União Europeia.
- A vocação tecnológica e industrial da Alemanha, semelhante à da França e ainda maior, tornou-se, para o império angloamericano, um sério risco, do ponto de vista de sua pretensão de hegemonia absoluta.
- Essa é a origem das duas guerras mundiais que marcaram o Século XX. A França já caíra a segundo plano, após as guerras napoleônicas, e a Holanda fora batida na segunda metade do Século XVII.
- A Alemanha desenvolveu-se, desde o Século XVIII, impulsionada por clarividentes políticas de Estado, que culminaram, na segunda metade do Século XIX, com o primeiro-ministro Otto von Bismarck. Pouco após sua morte, em 1890 a Alemanha ultrapassou a Inglaterra em poder industrial.
- Pouco antes disso, intrigas da diplomacia e dos serviços secretos britânicos fizeram com que Bismark fosse demitido pelo novo Imperador, Guilherme II.
- O objetivo fora desmontar o edifício de alianças construído por Bismarck, que assegurou evitar a eclosão da Grande Guerra já no século XIX.
- Não que Bismarck fosse pacifista. Nada disso: o mestre maior do realismo político ficara contente com o statu quo, após ter liderado a Alemanha em várias guerras e vitórias que a colocaram em posição de destaque no cenário do poder internacional.
- Mas a Grã-Bretanha (Inglaterra) logrou envolver o Imperador alemão em suas provocações, após o ter afastado da Rússia e o levado a desencadear a guerra, em 1914, da qual participaram dezenas de países de cada lado.
- O objetivo foi debilitar Alemanha e França ao mesmo tempo, eliminar a Alemanha como concorrente na hegemonia mundial e consolidar a condição de potência de segundo plano da França.
- Londres conseguiu. Entre outros resultados, morreram seis milhões de franceses e cinco e meio milhões de alemães, sem falar em milhões de mortos de outros países.
- A Alemanha foi condenada, em função da “Paz” de Versalhes (1919), a pesadas reparações de guerra, que teve de pagar principalmente à França e também à Grã-Bretanha. Estas as repassavam aos EUA para servir a dívida decorrente dos financiamentos que haviam recebido para custear a guerra.
- Seguiu-se a enganosa euforia dos anos 1920 e a depressão econômica e social dos anos 1930, entre cujas manifestações avultou o fascismo, inclusive nazismo.
- Com a atual depressão, especialmente na Europa, está muito atual a discussão sobre a natureza desse regime. Segundo o historiador italiano Renzo de Felice, o fascismo teria, na maioria dos casos, ascendido ao poder através de golpes de audácia, favorecidos pela covardia das classes dominantes e médias.
- No meio desse debate apareceu a asserção, equivocada, mas não contestada, de que a Alemanha foi o único caso em que o fascismo chegou ao poder por eleições diretas.
- De fato, foi uma conspiração, envolvendo chantagem junto ao presidente, Marechal Hindenburg, conduzida por banqueiros alemães associados à oligarquia financeira angloamericana.
- Ora, no regime parlamentarista da Constituição de Weimar nem sequer existiam eleições diretas. Mas o importante é que os nazistas, nas eleições para o Reichstag, nunca tiveram votos suficientes para escolher o chefe do governo.
- Nas últimas eleições, de novembro de 1932, eles tiveram declínio na votação, para 32%. Nunca havia maioria parlamentar, e o presidente sempre escolhia o Kanzler, conforme um artigo de exceção, que o previa, em caso de não haver maioria no Reichstag.
- Hindeburg decidira após aquela eleição nomear o chefe do Estado-maior do Exército, o competente General Kurt von Schleicher, o qual reverteria a depressão e o descalabro financeiro, com economistas, como Lautenbach e Woytinski, de confiança de Federações patronais e de sindicatos de trabalhadores, cujas políticas tinham condições de debelar corretamente a depressão (Keynes e de Schaacht, o czar da economia de Hitler, só fizeram através da política da guerra).
- Schleicher não agradava à oligarquia financeira angloamericana, e esta jogou a carta de Hitler, com a intenção, convertida em realidade, de causar a 2ª Guerra Mundial. Ao contrário da difundida e falsa imagem do ditador nazista, não era ele nacionalista, mas sim racista e fanático admirador do imperialismo britânico.
- Antes de galgar o poder e torná -lo absoluto, com o golpe de incendiar o Reichtag, cassar os mandatos dos deputados comunistas, para obter a maioria absoluta que lhe permitiu fazer votar os plenos poderes, Hitler prometera invadir a Rússia, o que cumpriu em junho de 1941.
- Foi notório e conspícuo o apoio a Hitler de líderes da indústria e das finanças angloamericanas, bem como de figuras de proa da família real britânica.
- A simpatia de Hitler pelos britânicos teve, entre outras confirmações, a determinação do Führer aos chefes militares de darem ordem de alto à Wehrmacht, cujos panzers, sem isso, teriam esmagado ou feito prisioneira, na Flandres (França e Bélgica), a força expedicionária do Reino Unido, em maio de 1940, quando mais de 300 mil combatentes foram evacuados na retirada de Dunquerque.
- A 2ª Guerra Mundial começou, para valer, na Europa, no verão seguinte, quando Hitler ordenou a operação Barbarossa (invasão da Rússia), engajando nela a quase totalidade do poderio armado alemão.
- Então ocorreram as grandes batalhas da 2ª Guerra Mundial, por quatro anos, até o final de maio de 1945, a maior parte dos quais em território da União Soviética, que teve 20 milhões de mortos, afora enorme devastação material.
- Novamente, o objetivo era destruir duas potências rivais. No caso da Alemanha completar o debilitamento encetado com a 1ª Guerra Mundial. No da Rússia, aniquilar a economia e o poder de um enorme país que apresentava potencial de surgir como potência de primeiro plano.
- As forças angloamericanas — notadamente a aviação, em que tinham superioridade — concluíram a destruição da infraestrutura da Alemanha, na fase final da guerra, quando a Rússia já havia feito o essencial do serviço. Além disso, os angloamericanos assassinaram centenas de milhares de civis, mulheres e crianças, com os bombardeios genocidas a várias cidades, como Dresden e Berlim, a fim intimidar a Rússia.
- Fizeram algo semelhante na Guerra com o Japão, quando este já estava derrotado e pronto a assinar a rendição, através dos bombardeios nucleares sobre Hiroshima (06 de agosto de 1945) e Nagasaki.
- Como confiar em tais potências, capazes de cometer a implosão das Torres Gêmeas, com dezenas de toneladas de nanoexplosivos para fazer derreter, a 3.000 graus centígrados, as estruturas de aços especiais, atribuindo o incêndio a aviões que jamais poderiam ter acesso aos prédios nem tinham como causar a implosão?
- Pior, que o fizeram para promover o terrorismo de Estado, desde então intensificado, e para “justificar” seguidas intervenções e guerras genocidas a países de cujo petróleo o império quis apoderar-se.
* Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento