Da ficção para realidade

Da ficção para realidade

Yassir pesquisa e trabalha com viola há anos. Apaixonado pelo instrumento, ele é considerado como um dos melhores violeiros do país. Rodrigo conhece bem a viola e tem uma especial desenvoltura com o violão, tendo sido arranjador e violonista de Almir Sater, seu irmão. Também atores, o carioca e o mato-grossense, respectivamente, se conheceram nas gravações de uma ficção, interpretando uma dupla caipira, e disso surgiu uma dupla de fato, seguindo com apresentações em várias partes do país.

Já conhecia o Rodrigo, mas tudo muito rápido. O tinha visto num show do Almir, e não deu tempo de pararmos para conversar ou tocar. Foi mesmo naquele momento das gravações que nos conhecemos, tocando nas rodas de viola do peão da ficção. Logo percebemos que a nossa dupla daria certo e a partir daí começamos a tocar juntos — conta Yassir Chediak.

– Foi uma grande amizade e afinidade artística que surgiu entre nós. Surgiu a oportunidade de gravarmos um disco e fomos indo, crescendo, afinando nossa amizade e o trabalho musical.

Isso foi acontecendo naturalmente, e achamos que formar uma dupla era bom para os dois, que era um trabalho gostoso de fazer, nos fazia sentir à vontade, e as pessoas estavam gostando — complementa Rodrigo Sater.

Gravamos nosso primeiro disco ainda como personagens, Tiago e Juvenal, durante as filmagens, com a participação do Almir, do Sérgio Reis e da Paula Fernandes, mas acabamos usando-o na nossa carreira, por isso dizemos que este que estamos preparando agora é o nosso segundo CD. Porém, se fôssemos levar um consideração um disco com os nossos nomes verdadeiros, então seria o primeiro — explica Yassir.

Segundo relatos de violeiros, que tocam a autêntica música caipira, e artistas em geral que trabalham a cultura brasileira, são poucos os que, seguindo essa linha, conseguem espaço no monopólio dos meios de comunicação, como as redes de TV abertas existentes no país hoje.

Além de Yassir e Rodrigo, somente Almir Sater, Sérgio Reis, Rolando Boldrin, Nando Cordel e alguns outros poucos, conseguiram um espaço para apresentar sua arte em programas dessas empresas.

Sabemos da seriedade do nosso trabalho, que fala uma linguagem muito brasileira. Nossas influências são do Almir, do Renato Teixeira, Sérgio Reis e muitos outros amigos e espetaculares artistas da música popular brasileira de todos os segmentos, regionalistas de todas as partes do país. Para mim os regionalismos são muito bonitos — diz Yassir.

Assim que saiu, em 2010, o disco já foi indicado para o Prêmio de Música Brasileira, e a dupla começou um trabalho intenso com shows, principalmente em São Paulo, Minas Gerais e Sul do Brasil. Inclusive, de tantos compromissos em São Paulo, Yassir decidiu mudar-se para a cidade.

Estava ficando difícil morar no Rio e ter que ensaiar em São Paulo, então eu e minha esposa optamos por ficar aqui. Acredito que isso só tem a me enriquecer culturalmente, já que sou um carioca com grande influência mineira e nordestina, herança de família — comenta Yassir, que é de origem libanesa.

Ele é filho do cineasta mineiro Braz Chediak, que nas décadas de 60/70 fez filmes como Navalha na Carne, e da documentarista e atriz carioca com raízes nordestinas, Leilane Fernandes. Na infância, Yassir morou em Três Corações, MG, tento seus primeiros contatos com a música caipira, mas só bem depois, já de volta ao Rio, se viu verdadeiramente atraído por ela, escolhendo a viola como instrumento.

Já Rodrigo conheceu a viola ainda menino, dentro de casa, mas acabou escolhendo o violão como instrumento. Contudo, atua com violeiros.

A história da música aqui em casa começou com o meu irmão Almir. Ele sempre trazia o pessoal que tocava com ele para cá. E eu desde pequeno ficava ali no meio da roda, ‘enchendo o saco’ de todos (risos), querendo participar. Para mim, aprender viola foi uma brincadeira, coisa de criança mesmo, bem natural — conta Rodrigo.

Viola, violão e sanfona

Temos realizado nosso trabalho com todo entusiasmo. Este ano de 2011 está sendo muito bacana para nós, porque fizemos muitos shows e ainda têm muitos para fazer. Agora estamos lançando um projeto. É uma espécie de arrasta-pé, só com viola, violão e sanfona, uma coisa bem brasileira — fala Yassir.

Além de homenagear Luiz Gonzaga, terá muito mais coisas legais, com essa pegada que queremos. Ainda estamos escolhendo o repertório. Mas já começamos inclusive a fazer shows com ele, quer dizer, já caiu na estrada e foi aprovado pelo público — continua.

Achamos que é importante fazer um trabalho bem popular, um negócio dançante, e a sanfona, o violão e a viola são instrumentos populares. A ideia é levar o show para o interior do país, até as pequenas cidades — acrescenta Rodrigo.

Esse projeto vai fazer parte do segundo disco da dupla, que deve ser lançado no início de 2012.

Terão muitos solos de sanfona, viola e violão. O Rodrigo faz um violão muito bonito, rico, que é fundamental para o nosso trabalho, inclusive a estrutura da música brasileira passa pelo violão. Ainda não definimos o sanfoneiro que irá participar do disco, mas, provavelmente, será algum amigo, que já toca conosco — comenta Yassir.

O projeto terá muitas regravações. Queremos pegar muitas músicas que já foram sucesso, que as pessoas conhecem e gostam, e que precisam ser relembradas, algumas músicas que fazem parte já do inconsciente coletivo. Fora isso, também estamos compondo algumas coisas para ele, que devemos gravar, mas ainda não definimos quantas. Só sabemos que queremos dar continuidade nesse trabalho de dupla — afirma.

Na verdade, antes de nos conhecermos, o Yassir fez um filme sobre o Mazzaropi e eu participei da trilha sonora desse filme, quer dizer, já vínhamos trabalhando juntos e não sabíamos (risos). Quando surgiu a oportunidade, então aproveitamos. Vamos continuar com a dupla — brinca Rodrigo.

Para contatar a dupla: www.yassirerodrigosater.com.br.

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