19 de junho
23 anos do Dia da Heroicidade
Peru, 18 e 19 de junho de 1986 — Cerca de 250 de prisioneiros de guerra — combatentes revolucionários e filhos das massas exploradas e oprimidas — são assassinados pelo governo fascista de Alan García e pelas forças armadas e policiais do velho Estado peruano. A maioria era composta de militantes do Parido Comunista do Peru — PCP e tombaram em combate nos presídios de Lurigancho, El Callao e na ilha de El Frontón. Homens e mulheres que não se renderam à prisão e à tortura nas masmorras do velho Estado reacionário.
As Luminosas trincheiras de combate
Para os combatentes da Guerra Popular dirigida pelo PCP, a prisão não significava o fim da luta. As prisões políticas do Peru converteram-se de masmorras em "Luminosas trincheiras de combate". Na prisão, os combatentes do PCP organizaram a vida coletiva, cuidavam da própria alimentação, organizavam a formação política e ideológica, atividades físicas e vasta produção cultural que ia do artesanato à poesia, merecendo particular destaque os hinos e canções das "Luminosas trincheiras de combate" disponíveis até hoje em páginas na internet. Em resumo, eram os prisioneiros de guerra que controlavam as prisões, coisa inadmissível para os reacionários de plantão.
A jornalista brasileira Rosana Bond, editora chefe de AND, teve o privilégio de visitar uma dessas prisões na década de 1980 e entrevistar os combatentes do PCP, publicando suas impressões no livro Fogo nos Andes, que contém anexo um pequeno livreto presenteado pelos guerrilheiros presos intitulado Um dos primeiros, narrando um dos primeiros combates da Guerra Popular no Peru.
O reacionário Estado peruano não suportava conviver com a heróica resistência das Luminosas trincheiras de combate. Assim, partiu do genocida Alan Garcia a ordem de bombardear e massacrar os presídios onde estavam confinados os combatentes do PCP. E partiu dos comunistas ali encarcerados a firme e heróica decisão de resistir até que tombasse o último prisioneiro de guerra, para dar provas de que nada poderia deter a Guerra Popular.
Dessa forma, com a batalha nos presídios e o covarde e assassinato bombardeio nas prisões que o dia 19 de junho foi consagrado como o Dia da Heroicidade, já relembrado em AND na edição nº31. Os bravos combatentes resistiram com heroicidade em El Frontón por dois dias, em combates corpo a corpo, com huaracas (uma espécie de atiradeira), arcos artesanais e alguns fuzis capturados das forças de repressão. Os de Lurigancho fizeram frente aos comandos das forças armadas e infantaria da marinha que covardemente assassinaram a maioria dos presos. E as mulheres de El Callao também permaneceram firmes durante 24 horas frente ao inimigo à custa de dezenas bravas combatentes mortas e muitas feridas.
Este vil massacre teve um efeito contrário ao pretendido pelo então gerente Alan García (também atual presidente do Peru) e pelo imperialismo, pois o sangue desses heróicos combatentes regou a revolução e seguiu dando frutos.
Exemplo disto é que o Partido Comunista do Peru — PCP, enfrentando sérios percalços e lutas internas, segue combatendo a Guerra Popular que completou 29 anos no dia 17 de maio. Circulam novamente, mesmo nas raivosas notas do monopólio da imprensa, notícias de contundentes ações da Guerra Popular na região dos rios Apurímac e Ene que abrange os departamentos de Ayacucho, Junín e parte da Amazônia, como vimos na edição de nº50 do AND.
18 de maio
Ibrahim Kaypakkaya
Em maio de 1985, um milhão de pessoas em Istambul, Turquia, assistia ao Evening News (Notícias Matinais) na TV quando a programação foi interrompida repentinamente e substituída por uma mensagem revolucionária do partido comunista da Turquia/marxista-leninista. A mensagem do TKP/ML, dizia: "Camaradas! Mais uma vez nós estamos comemorando o 18 de maio. É o 12º aniversário da morte do líder comunista da classe trabalhadora e dos povos oprimidos da Turquia, fundador de nosso partido, Ibrahim Kaypakkaya, nas câmaras de tortura do fascismo. O camarada Ibrahim Kaypakkaya dedicou toda sua vida e energia à libertação do proletariado e povos oprimidos, ao esforço para a revolução democrática, pelo socialismo e a causa elevada do comunismo. Desprendeu seu sacrifício máximo neste sentido, quando caiu ferido e foi preso pelo inimigo em 29 de janeiro de 1973, em Dersim. O camarada Kaypakkaya prosseguiu com sua dedicação ao comunismo e a causa dos povos nas câmaras de tortura da ditadura fascista…"
Ibrahim Kaypakkaya e seus camaradas fundadores do TKP/ML representavam parte do esforço mundial nos anos de 1960 e do princípio dos anos de 1970 na luta contra o revisionismo moderno. Este esforço foi vanguardeado por Mao Tsetung e o Partido Comunista da China através da Grande Revolução Cultural Proletária. Em muitas partes do mundo, os comunistas revolucionários romperam com os partidos revisionistas e deram início a processos de reconstrução ou reconstituição dos partidos comunistas verdadeiramente revolucionários.
Em abril 1972, Ibrahim Kaypakkaya conduziu a luta e o rompimento dos comunistas turcos com revisionista-TIIKP – e a formação do partido comunista da Turquia/marxista-leninista. Em junho de 1972, Kaypakkaya terminou uma polêmica longa intitulada "As raízes e o desenvolvimento de nossas diferenças com o Revisionismo de Shefak: Desaprovação geral do TIIKP". A passagem que segue é um pequeno trecho do documento original:
"Para avançar à luta armada os revisionistas de Shefak exigem que a pradaria esteja seca. (…) nossos cavalheiros exigem que a pradaria esteja seca! Isto é, contudo uma outra teoria inventada com a finalidade de adiar a luta armada durante anos. Combatendo esta teoria de direita, os marxista-leninistas confirmaram o seguinte: A pradaria deve ser incendiada naquelas regiões (nós não estamos dizendo apenas uma região) que estão secas. Isto é, naquelas regiões onde as circunstâncias são favoráveis, a luta armada deve ser iniciada imediatamente. Aquelas regiões da pradaria que não estão ainda secas serão chamuscadas pelo fogo da luta armada que flameja em outras regiões. E como nossa organização cresce cada dia mais e se torna mais forte, se estenderá àquelas regiões e empreenderá a luta armada lá. À primeira espera para que a pradaria inteira seque é um pensamento defeituoso. Não cumpre com a verdade de que ‘a revolução desenvolverá inevitavelmente’."
Ibrahim Kaypakkaya é um dos grandes heróis do povo turco e do proletariado mundial. Sua foto está presente em milhares de bandeiras vermelhas que tremulam desafiantes em protestos e manifestações em todo o mundo subscritas: Partizan (que quer dizer partidário, ou do Partido). São os continuadores de Kaypakkaya, que se batem na Turquia conduzindo naquele país a Guerra Popular pela qual tombou seu heróico dirigente.