Os folguedos populares do Recife, sua cidade, incentivaram a cantora e compositora Isaar França a começar sua carreira musical quando atuava como brincante ao lado de outras pessoas importantes dentro do universo da cultura nordestina. Compondo, brincando no Maracatu Piaba de Ouro, participando da banda Comadre Fulozinha e fazendo parcerias, Isaar foi adquirindo coragem para lançar carreira e produzir discos, somando na música popular brasileira.
— Sempre gostei muito de música, desde criança. Minha família ouvia demais e cada pessoa apreciava um gênero diferente. Assim tive uma formação musical bem diversificada, que me proporcionou gostar de muitos ritmos brasileiros da mesma forma. Mas isso como ouvinte, que me serviu de base, porém, o que me puxou para cantar mesmo, foi o movimento musical que aconteceu por aqui — conta Isaar França.
— Foi quando Recife deu uma acordada e começaram a aparecer grupos tradicionais de música. Muitos deles viviam escondidos nos subúrbios e começaram a crescer e aparecer mesmo para as pessoas. Normalmente só se via isso durante o carnaval, de um jeito meio distante, e de repente começou a se ver mais de perto, e as pessoas puderam se envolver, participar das brincadeiras — continua.
Isaar se envolveu com os folguedos tradicionais de Recife atuando como brincante no meio do povo.
— Comecei brincando com os amigos o boizinho de carnaval. E quem participava desse boizinho, além de mim, era o Siba Veloso e a Karina Buhr, e muitas outras pessoas que estão aí na música também. Depois entrei no Maracatu Piaba de Ouro, que é o Maracatu do mestre Salustiano, que inclusive é pai do Maciel Salu, meu parceiro hoje e um grande amigo — relata.
— Isso tudo acabou me levando a conhecer pessoas e a formar minha primeira banda, que foi a Comadre Fulozinha. A partir daí comecei a fazer música e a banda seguiu um caminho bastante bacana. Vieram muitas parcerias. Entre elas, Antônio Carlos Nóbrega e Dj Dolores, e participações em discos de muitas gente, como Gonzaga Leal e Geraldo Maia — continua Isaar.
— Até que tomei coragem para dizer: ‘Vou fazer meu disco solo, estou preparada’. Fiquei, juntamente com a banda, fazendo shows por aqui durante um ano, depois gravamos o disco e foi muito bom. Comecei a compor antes de lançar minha carreira, e o fato de compor ajudou a me dar essa coragem de gravar um disco — comenta.
O primeiro disco de Isaar, Azul Claro, de 2006, teve uma faixa incluída em uma coletânea da rádio BBC de Londres, como ‘As melhores músicas’.
— Isso foi bem legal para começar a carreira direito. Um grande incentivo. Esse primeiro disco foi uma experiência maravilhosa, repeti a dose com a mesma banda, gravando Copo de Espuma, em 2009, com o recurso do prêmio do Projeto Pixinguinha. As influências que os meninos da banda têm também ajudaram muito na formação da minha música — diz Isaar.
Carregando as influências
A música urbana do Recife, segundo Isaar, é muito mista por conta da circulação de pessoas oriundas do interior, do meio rural, coisa comum nas grandes cidades.
— Circula gente da Zona da Mata, do sertão, do agreste e outras partes. Vemos que a maioria das pessoas que têm mais de 50 anos de idade já morou no interior ou veio do lá, e isso acaba influenciando a cultura, a música da capital — expõe.
— Minha música não é limitada, ela tem uma coisa de ampliar muito as influências. É claro que isso dificulta um pouco ao tentar se definir um estilo para que se encaixe, porque fica meio regional, mas não é exatamente regional. Posso dizer que tem uma carga forte da música recifense, principalmente a urbana. As letras também carregam isso — define.
— Me utilizo muito das influências dos ritmos daqui de Recife, porque são coisas que estão muito perto, que remetem a um passado e que ao mesmo tempo estão presentes. A ciranda, o frevo, o maracatu, tudo isso faz parte da música que faço. E esses ritmos vêm recheados também de outras influências. Aprecio bastante a poesia, assim, também já musiquei Fernando Pessoa e poetas daqui de Recife — fala.
No momento Isaar está se empenhando nos trabalhos de produção do seu novo disco.
— Agora em 2012 estou na guerra aqui em Recife para fazer o terceiro disco, que deve estar pronto no final do ano. No repertório, a maioria das músicas é minha, mas também têm trabalhos de outras pessoas. Gosto muito de cantar as minhas músicas e interpretar qualquer uma que me toque — diz.
— Sempre me preocupei com o disco e com o show ao mesmo tempo, mas desta vez estou pensando no disco de forma bem livre do show. Só depois dele pronto é que irei trabalhar o show, para que fique o melhor possível — continua.
— Fiz muitas apresentações dos discos anteriores aqui em Recife, e também Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Com o Copo de Espuma, como fez parte do Projeto Pixinguinha, tivemos a oportunidade de viajar pelo interior do estado, passando por várias cidades. Agora, com esse terceiro trabalho, estamos querendo chegar em Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e na região sul do país — finaliza Isaar.
Para contatar Isaar França: [email protected]