Desde março, mais de 2,5 mil pessoas foram removidas de suas casas por ordens judiciais de despejo e em decorrência de incêndios no estado de São Paulo, em meio à pandemia. Esse montante de trabalhadores, desesperado e acossado pela miséria, não abarca aqueles despejados por não pagar seu aluguel. A informação foi divulgada no mês de julho e é do Observatório de Remoções do LabCidade, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).
O dado expressa uma realidade dura, de pessoas de carne e osso que foram lançados à própria sorte pela crise do capitalismo burocrático. Paula Evelin, 30 anos, mãe de cinco filhos e cuidadora, segundo apurou a Folha de Pernambuco, pagava aluguel há dois anos, mas devido a situação atual de crise, se viu obrigada a se mudar para a recém-surgida favela no Jardim Julieta, em São Paulo, onde agora sofre ameaça de despejo. “Só penso nisso dia e noite, já perdi 7 quilos quebrando a cabeça com isso”, desabafou Paula ao jornal citado.
Em outro caso, Thais de Sales, 28 anos, mesmo com emprego fixo foi forçada a se mudar, com os três filhos para a mesma ocupação de Paula Evelin, após ter o salário de atendente de telemarketing reduzido.
Já no Rio de Janeiro, em São Cristóvão, moradores de uma ocupação que ficava na avenida Brasil (altura da passarela 4), foram despejados por meio de uma “reintegração de posse” na segunda quinzena de julho.
Uma das coordenadoras do Observatório de Remoções se pronunciou sobre a situação. “A remoção sempre acaba violando direitos. Mas durante a pandemia é um crime. Estamos falando de remoções sem nenhum tipo de atendimento habitacional imediato, de pessoas sendo postas na rua em plena pandemia, expostas de uma forma muito, muito violenta”, lamenta.