Dilma e a morte da democracia morta

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Dilma e a morte da democracia morta

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Em depoimento no senado durante a sessão destinada ao julgamento do seu impeachment, Dilma Rousseff usou e abusou da defesa da “democracia” e do “Estado Democrático de Direito” como base de sua militância e de seu proceder no gerenciamento do velho Estado brasileiro. Ao mesmo tempo, atribuiu aos “golpistas” a culpa pelo seu assassinato político concomitante ao assassinato da “democracia” com a sentença: “Hoje eu só temo a morte da democracia, pela qual muitos de nós, aqui neste plenário, lutamos com o melhor dos nossos esforços”. Sofisma encoberto de pura retórica.

Para os revolucionários, as declarações de Dilma Rousseff, corroborada pela pseudo-esquerda brasileira, constituíram-se numa verdadeira demonstração e, mais que isso, numa confissão de que lado da luta de classes ela se posiciona: do lado da contrarrevolução.

Enterrada em cova funda

Na virada do século XIX para o século XX verificou-se o fim do capitalismo concorrencial mediante o surgimento dos monopólios e do capital financeiro, resultante da fusão do capital bancário com o capital industrial, abrindo uma nova fase no desenvolvimento do capitalismo: o imperialismo. Fase em que o mundo foi dividido entre um punhado de países dominantes, opressores, e a imensa maioria de países dominados, colônias e semicolônias, fase de rapina desenfreada das riquezas naturais, das fontes de matérias-primas e posse de mercados cativos para as mercadorias de suas corporações. Época de partilha e repartilha do mundo entre as potências mais desenvolvidas e das guerras mundiais jamais vistas para este fim, ao mesmo tempo em que por todo o mundo criaram-se as condições objetivas para o triunfo da Revolução Proletária. Fase que pôs término à época das revoluções burguesas, em que a burguesia passou por completo para a contrarrevolução violando os valores que fundara, lançando por terra a república democrática e a soberania nacional.

 A eclosão da Revolução de Outubro na Rússia, como a primeira Revolução Proletária, foi marco fundamental na história das revoluções, abrindo uma Nova Era para a Humanidade. A partir dela criam-se dois campos: o campo da Revolução Proletária, no qual incluem-se as revoluções socialistas e os movimentos de libertação nacional, com destaque para as revoluções democráticas de novo tipo, posto que dirigidas pelo proletariado através de sua vanguarda revolucionária, o Partido Comunista; e o campo da contrarrevolução, como movimento restauracionista e sabotador do processo revolucionário, tanto nos países imperialistas opressores quanto naqueles oprimidos por eles.

Fruto da tentativa de estabelecer o pensamento único de forma onímoda, e de modo especial nos países dominados pelo imperialismo, a fantasia do “Estado Democrático de Direito” e do “império da lei” foi fundada na realização de eleições e na divisão dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Estes são uma ilusão criada para passar a falsa ideia de que existe uma democracia como valor universal, que nasce dos cidadãos a partir de sua vontade manifestada através do voto por cabeça. Esse discurso, na verdade, é utilizado para encobrir a farsa eleitoral, com eleições movidas a dinheiro, inevitavelmente oriundo de propinas e corrupção generalizada. Tudo para manter um velho Estado burocrático e genocida sob as rédeas das classes dominantes servis ao imperialismo.

A desonestidade de Dilma

Em sua defesa, Dilma Rousseff arguiu o fato de que jamais embolsou nada alheio ou de recursos públicos, portanto, é uma mulher honesta. A redução da concepção de honestidade a este aspecto não passa de mais um sofisma da ex-gerente e sua sigla integrante do Partido Único. Ambos, de forma desonesta, assumiram as velhas teses reformistas e demagógicas do “desenvolvimentismo”, concretizadas no enriquecimento de banqueiros, transnacionais, empreiteiras, latifundiários (agronegócio) e nos também velhos programas assistencialistas e de corporativização das massas. Tudo embrulhado e embalado num infernal sistema de propaganda de promessas ilusórias de transformações populares que, sabidamente, só poderiam ser alcançadas pela ruptura revolucionária com o imperialismo e o velho Estado de grandes burgueses e latifundiários.

Sua profissão de fé na velha “democracia” parlamentar comprova, mais ainda, essa desonestidade, ademais do fato de que ela e seu PT optaram por chafurdar no pântano da grande burguesia, dos latifundiários e do imperialismo.

Ombreando-se com Sarney, Renan, Temer, Cunha, Barbalho e tantos outros picaretas durante treze anos e meio, não deveria ser motivo de nenhum espanto o alegado golpe sofrido por ela, encerrando o seu gerenciamento. Mas, a ira contra tamanha traição se justifica, afinal casaram com o PMDB sem namoro e sem noivado, dormindo juntinhos por mais de uma década. Como na fábula do sapo e o escorpião, é da natureza desta apodrecida política parlamentar burguesa toda sorte de trapaças, golpes, pugnas e conluios. Por acaso não foi uma desonestidade Luiz Inácio assinar a “carta aos brasileiros” aceitando a política imperialista de subjugação nacional? Por acaso não foi desonestidade fazer promessas eleitorais ilusórias e depois de eleita, descaradamente, entregar a condução da economia aos banqueiros e da agricultura ao latifúndio?

Rearranjo no Partido Único

No duro, no duro, as reviravoltas ocorridas na política brasileira não passam de dissenções no seio do Partido Único cujas diversas alas, representando frações da grande burguesia e do latifúndio, estão em permanente pugna e conluio por controlar o gerenciamento do velho Estado e se apoderar das sobras da espoliação imperialista.

Em face do acirramento da pugna, tanto as siglas ditas mais à direita se uniram para passar a rasteira como as várias siglas paridas do ventre petista e dele distanciadas, embora com críticas cosméticas, convergiram na defesa da “democracia” permitida pelo imperialismo. A comprovação de que todas estão no campo da contrarrevolução é que o campo de batalha é a casa do Partido Único, a pocilga chamada de “congresso nacional” ou, no máximo, em manifestações públicas bem comportadas.

Entre ingênuos e mal intencionados, a bandeira do mal menor é revezada, entrelaçada aos estandartes das frentes eleitoreiras, com o fito de impingir às massas o credo da democracia burguesa do “Estado Democrático de Direito”, das eleições diretas, quer dizer, a ditadura burguesa.

Denunciar a falsa polarização

Aos revolucionários, cabe fazer a veemente denúncia desta falsa polarização, para a qual parte das massas é atraída, mostrando que o caminho para romper o círculo de fogo da contrarrevolução é repudiar com ações concretas toda a reação e seus cúmplices oportunistas e revisionistas. Aumentar o protesto popular para barrar as criminosas medidas anunciadas pelo vampiro Temer, propagandeando e preparando as batalhas da Revolução de Nova Democracia.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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