No último dia 25 de outubro, cinco partidos europeus da chamada “extrema-direita” assinaram um acordo na capital da Hungria, Budapeste, para a formação de uma coligação internacional abertamente xenófoba e anticomunista.
Partidos da extrema direita assinam acordo
Nascia a “Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus”, cuja meta inicial é registrar uma nova legenda para atuar nas instâncias “supranacionais” da Europa do capital, unificando os grupos mais reacionários do continente para negociar arranjos no Parlamento Europeu e fazer pressão junto à Comissão Européia. O sócios do novo clube são originários da Bélgica, França, Suécia, Itália e Hungria, cujo partido Movimento para uma Hungria melhor, o Jobbik, fez as vezes de anfitrião da confluência fascista. Recentemente o Jobbik elegeu três eurodeputados, e o partido conta com um corpo paramilitar que costuma aterrorizar trabalhadores de etnias que desejam suprimir.
A extrema-direita avança na Europa à medida que cai a máscara dos oportunistas alinhados em torno de legendas social-democratas. Aqueles mesmos que, há não muito, reivindicavam para si os louros de conquistas históricas alcançadas com muita luta não pelos políticos representantes das classes dominantes, mas sim pelo proletariado da europeu.
Agora, após acatarem as ordens dos industriais empoleirados no eixo França-Alemanha-Inglaterra e destruírem um a um, canetada por canetada, grande parte dos direitos dos povos europeus, vêem-se impossibilitados de repetir nas sucessivas farsas eleitorais a ladainha pretensamente “socialista” com a qual até recentemente ainda conseguiam se viabilizar como vitoriosos na maioria das disputas entre as elites partidárias do velho continente pelo direito de gerenciar suas velhas máquinas estatais. Há oito anos, os social-demagogos chefiavam 13 Estados burgueses europeus. Hoje, gerenciam oito, tendo perdido terreno para a direita de cara lavada que bate no peito e assume sua natureza antipovo.
Isso mesmo: a diferença entre um mal-afamado líder anticomunista húngaro e um educado dirigente do Partido Socialista francês é mais de aparência do que de essência. Só nos últimos anos toda a corja reunida aprovou sem maiores discordâncias uma gama de projetos de cunho fascista: o Tratado de Lisboa, constituição européia unificada generosa com o patronato e desastrosa para com os trabalhadores, a Lei de Retorno, que acelera o processo de expulsão de imigrantes latinos e africanos pegos pela polícia sem os documentos de permanência necessários, e apelidada por quem ela visa rechaçar de “Lei da Vergonha”; o Processo de Bolonha, cujo objetivo é mercantilizar de vez o ensino universitário e colocar a pesquisa acadêmica exclusivamente a serviço das transnacionais; e, mais recentemente, a descomunal transferência de riquezas produzidas pelos povos trabalhadores desde o Cáucaso até a Península Ibérica para o poder do grande capital bancário.
Isso sem contar a resolução anticomunista aprovada no Parlamento Europeu no dia 2 de abril deste ano, pela qual se buscou reescrever a história oficial criminalizando abertamente a liderança de Josef Stalin na União Soviética revolucionária, a mesma cujo bravo povo libertou a Europa dos horrores do nazi-fascismo. O texto desta infame resolução foi proposto pelos grupos de direita Partido Popular Europeu e União pela Europa das Nações, pelos liberais, pelos Verdes e contou com o prestimoso apoio dos “socialistas”.
Os irmãos trabalhadores que decidem viajar para a Europa a fim de tentar melhor sorte têm nesse reagrupamento do fascismo sem meias palavras um desafio premente, mesmo que estejam com os documentos em dia. Os que ficam por aqui precisam ser solidários com os que já estão lá. Já o povo europeu mostrará em breve tanto aos cães raivosos quanto aos demagogos se os tempos que estão por vir na Europa serão de racismo e xenofobia ou de emancipação.