
Grafite exige a liberdade para Bruno Torres.
O governo fascista de Eduardo Campos (PSB) declarou guerra aos estudantes que lutam pelo passe livre em Recife. Desde o protesto de 21 de agosto, o governador e seu secretário de “defesa social” não têm medido esforços em conter a rebelião popular. Proibiram o uso de máscaras e aumentaram dramaticamente a repressão policial. No dia 7 de setembro, como em todo o Brasil, até a grande mídia foi alvo dos ataques dos agentes fardados, nove pessoas foram presas. Mas os manifestantes não se deixaram intimidar. Após a dispersão, boa parte se reagrupou e se dirigiu até a Delegacia de Santo Amaro, onde recebeu muito apoio de populares. Só arredaram o pé de lá quando todos os jovens foram soltos.
A repercussão da brutalidade da polícia obrigou o governo estadual a suspender a ilegal proibição de máscaras. Esta foi mais uma vitória para os estudantes. Mas a luta não parou por aí e não é agora que a polícia terrorista vai deixar de usar sua truculência habitual.
2 vidraças quebradas
16 estudantes presos

Mobilização em frente ao COTEL.
No “9º Ato pelo passe livre e contra a repressão policial de Eduardo Campos!”, dia 18/09, o secretário de “defesa social”, Wilson Damázio, mobilizou mais de 500 policiais para acompanhar a manifestação. Tinha mais polícia do que gente! E impediu a chegada até a prefeitura fechando com uma trincheira à cem metros do prédio. “Já que o prefeito não quer nos ouvir a cidade vai parar!”, diziam alguns deles. Os estudantes voltaram, então, em passeata pela contra-mão, atrapalhando, e muito, a movimentação da polícia. Os policiais chegavam sempre atrasados. Lixos foram queimados, palavras de ordem gritadas, e cada vez mais a população aderiu ou simpatizou com a manifestação. Ao passar pela Av. Cde. da Boa Vista com a Rua Soledade, o segurança do VEM – serviço de bilhetagem eletrônica, apontou uma arma de fogo para os manifestantes, que reagiram com pedras contra o edifício.
Era a desculpa que a polícia queria para atacar e prender quantos estudantes conseguisse. Atiraram balas de borracha a esmo e tentaram atropelar os manifestantes com motocicletas, como tinham feito no 7 de setembro. Um PM chegou a sacar o revólver para intimidar uma manifestante. 16 pessoas foram presas, entra elas 7 menores e 3 surdos, acusados de depredação e resistência. Todos foram levados à GPCA (Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente).
Os outros manifestantes, juntamente com os advogados populares, seguiram para lá em apoio a seus companheiros. Durante toda a noite e pela manhã, a vigília permaneceu esperando fielmente a libertação dos companheiros presos. No final da madrugada, as articulações para o pagamento das fianças levantaram os R$ 6.300 estipulados pelo delegado de plantão, depois de muita pressão dos advogados para diminuir ao máximo o valor das fianças.
Porém, por ordens superiores, diga-se, de Wilson Damázio, Bruno Torres, editor do blog Vermelho à Esquerda e militante da Unidade Vermelha, teve mais um crime imposto em seu inquérito: corrupção de menores, que somado aos outros dois o deixou sem direito a pagar fiança. E numa tentativa de golpear todos os estudantes em luta e intimidar as próximas manifestações pelo passe livre, ele foi enviado ao presídio COTEL – Centro de Triagem Professor Everardo Luna.
Vigília da liberdade

Manifestantes em vigília pela liberdade de Bruno Torres.
Logo começaram as mobilizações para a vigília em frente ao COTEL, na cidade de Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife. Os solidários com o companheiro encarcerado permaneceram em vigília durante dois dias e duas noites. Colaram cartazes e uma faixa no muro do presídio pedindo a libertação de Bruno e punição aos torturadores do regime militar fascista e do governo Eduardo Campos. Bruno alegrou-se ao saber que seus companheiros estavam fazendo vigília pela sua libertação e escreveu uma carta em quatro guardanapos de papel explicitando seus sentimentos de luta.
Na carta ele fala da solidariedade dos companheiros de cela e do descaso do Estado para com os presidiários, em grande parte inocentes (fato assumido pelos próprios agentes penitenciários!), da grande quantidade de negros e pobres presos:
“NÃO PERMITO que caiam em qualquer sentimentalismo pequeno-burguês de se limitarem a lutar porque um companheiro (e amigo) caiu, lutem não só por mim, mas em prol de toda população carcerária injustiçada, e do povo explorado, nossa luta não consiste na libertação de um, mas sim pela libertação do povo. Não me decepcionem.”
Ele finaliza a carta afirmando que prometeu aos companheiros de cárcere que não se esqueceria deles.
Um Luau da Liberdade foi programado para a noite de sábado para domingo o que deixou o Estado reacionário de cabelo em pé. A pressão política da vigília, juntamente com os esforços dos advogados populares, arrancou um parecer favorável do MPPE (Ministério Público de Pernambuco), e o juiz de plantão concedeu a liberdade provisória na tarde do sábado, causando comoção entre os companheiros que aguardavam ansiosos na vigília.
Com a notícia de que Bruno seria libertado ainda no sábado, mais pessoas começaram a chegar, juntamente com os familiares dos demais presos, já que domingo é dia de visita. O Luau da Liberdade se transformou numa festa de comemoração com bandeiras tremulando e palavras de ordem ecoando em frente ao cárcere. A emoção tomou conta e o momento não poderia ser mais bonito. Os manifestantes gritaram: “Liberdade já para todos prisioneiros!”. Nada poderia ter instigado mais os familiares dos presidiários a cantarem junto e aplaudir o companheiro Bruno quando ele saiu pelos portões da casa de ferro.
Os reacionários ficaram logo temerosos e ameaçaram não fazer a lista dos visitantes até a saída dos manifestantes da frente do presídio. A comemoração seguiu para o Recife Antigo. Bandeiras tremularam durante o show da Banda Palafitas, que homenageou Pedro Pomar e outros revolucionários. E ainda rolou rimas de improviso mandadas pelo companheiro Bruno e uma roda punk de mascarados! Para fechar a comemoração: mergulho no encontro do Capibaribe com o mar no início do dia!
Esta foi mais uma vitória da juventude rebelde do Recife, que não se deixa abater pelas arbitrariedades do governo fascista de Eduardo Campos. Como disse o companheiro Bruno: “Ideias são à prova de bala e de prisão”. Não importa quantos verdugos eles mandem, quantos processos ele imponham, a juventude sempre se levantará e sairá vitoriosa.