É tempo de lutar

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É tempo de lutar

Por todo o país, servidores e professores das universidades federais, das redes estaduais e operários em greve

Greve nas universidades federais

A greve dos servidores técnico-administrativos das universidades federais abriu caminho para novas batalhas. Contando com o apoio e adesão dos setores mais combativos do movimento estudantil, a luta dos servidores serviu de fermento para as greves de docentes que já eclodiram em algumas instituições e apontam para nova mobilização nacional.

Os servidores em greve na Universidade Federal do Paraná ocuparam, no dia 21 de julho, a reitoria da universidade em Curitiba. Em greve desde o dia 15 de junho, eles exigiram uma reunião com o reitor Zaki Akel Sobrinho para tratar de suas reivindicações de cargos e salários.

No dia 28 de julho, os servidores da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, decidiram, em assembleia, o retorno à greve que havia sido suspensa para negociações. Professores da UFJF também estão se mobilizando e podem deflagrar greve por tempo indeterminado por reajustes salariais e por melhores condições de trabalho.

Nesse mesmo dia os servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso também decidiram retomar a greve. A UFMT possui cerca de dois mil servidores efetivos distribuídos nos campi de Cuiabá, Rondonópolis, Sinop e Barra do Garças.

No dia 31 de julho os professores da Universidade Federal do Alagoas – UFAL fizeram uma greve de advertência. A categoria debate sua adesão à greve nacional. No dia seguinte, primeiro dia de aulas do segundo semestre, os servidores técnico-administrativos da UFAL bloquearam a entrada do campus, em protesto contra a decisão do governo federal de pedir que a justiça decretasse a ilegalidade da greve iniciada em 15 de junho. São três as reivindicações dos trabalhadores: protesto contra a privatização dos hospitais universitários; protesto contra o projeto de lei 549/2009, que congela o salário dos servidores por 10 anos; implementação da data base de reajuste salarial. No dia 8 de agosto, os servidores técnico-administrativos dos 11 campi do Instituto Federal de Alagoas também aderiram à greve nacional que teve início em julho deste ano.

Na data prevista para o início do segundo semestre letivo nas universidades federais, 136 campi localizados em 20 estados brasileiros estavam paralisados. Até o momento o gerenciamento federal se negou a atender as reivindicações dos trabalhadores.

No dia 16 de agosto, mais de 400 professores estiveram presentes na assembleia geral da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná, que aprovou a deflagração da greve dos docentes na UFPR. Durante a assembleia foi composto o comando de greve.

Em 18 de agosto, servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul aderiram à greve nacional. O movimento deflagrado em 6 de junho já conta com a adesão de 47 universidades em todo o país.

A greve nacional dos docentes nas Instituições Federais de Ensino Superior foi aprovada no dia 13 de agosto por representantes de 27 seções sindicais do ANDES-SN, após avaliarem as diversas mobilizações e assembleias regionais. O indicativo de greve foi aprovado em 14 universidades e uma pauta emergencial de caráter nacional vai sendo construída nos diversos debates da categoria.

No dia 24 de agosto a greve dos servidores administrativos da Universidade Federal do Mato Grosso ganhou a adesão dos professores. No início de julho os docentes da UFMT já haviam feito um dia de paralisação em sinal de protesto.

A essa altura, já haviam paralisações de professores nas universidades federais de Tocantins, Paraná e em outras setes universidades. Em outras tantas haviam anúncios de assembleias para decidir sobre paralisações da categoria. Os professores denunciam que, em 12 anos, tiveram 152% de perdas salariais.


Greves dos professores das redes estaduais

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Professores da rede estadual de Minas Gerais aprovam continuidade da greve

No Rio de Janeiro, após 66 dias de greve, a direção do Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) decidiu suspender a greve. Apesar de a greve apresentar vigor em várias localidades, a direção do sindicato não correspondeu à confiança nela depositada pela categoria. Esse foi um dos mais importantes movimentos dos trabalhadores em educação no estado do Rio de Janeiro nos últimos anos. A adesão dos trabalhadores no interior do estado e na Baixada Fluminense foi bastante significativa e, em muitos momentos, foi ela quem sustentou o movimento estadual. 

Após a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro ter aprovado o Decreto nº 677/2011, que concedeu reajuste salarial de 5% (apenas 1,5% acima dos 3,5% proposto pelo gerenciamento estadual) a direção do Sepe-RJ apresentou a proposta de encerrar a greve.

Durante a assembleia geral realizada em 12 de agosto, a maioria dos profissionais não concordava com os termos da negociação apresentada pelo sindicato por não cobrirem às perdas salariais dos últimos anos. A proposta do governo é ínfima frente aos 26% exigidos inicialmente e não representam de fato uma conquista, tendo em vista os mais de dois meses de luta. Ainda assim, após uma série de intervenções da direção do sindicato, a greve foi suspensa.

Apenas uma semana após a suspensão da greve da rede estadual, no dia 18 de agosto, a assembleia geral dos professores do Colégio Pedro II, um dos mais importantes do Rio de Janeiro e com grande tradição de lutas, decidiu pela manutenção da greve no colégio que já durava três dias. Ao todo, mais de 1.500 funcionários do Colégio Pedro II aderiram à paralisação da rede federal de educação básica e tecnológica que começou no último dia 1º de agosto. A instituição mantém 13 unidades espalhadas no município do Rio de Janeiro, uma em Niterói, na região metropolitana, e outra em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Essa greve reúne também funcionários do Instituto Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Nacional de Educação de Surdos.

Os professores e técnicos administrativos do Colégio Pedro II estão negociando, desde fevereiro, o reajuste salarial de 14,67% e a reestruturação das carreiras.

— O mais importante é que somos contrários ao corte de verbas imposto pelo governo federal. A presidente Dilma Rousseff cortou R$ 3 bilhões da educação no início do ano. Também exigimos concursos público já — declarou Selmo Nascimento, coordenador do Sindicato de Servidores do Colégio Pedro II ao Jornal do Brasil em sua edição de 18 de agosto de 2011.

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Professores de Quixeramobim recebem apoio de estudantes

No Ceará, a assembleia geral dos professores da rede estadual decidiu, na tarde de 2 de agosto, pela deflagração da greve geral na capital e no interior. Cinco mil professores participaram da assembleia e aprovaram unanimemente a deflagração do movimento que começou em 5 de agosto. A categoria reivindica R$ 1.597,87 de piso salarial para os professores com ensino médio. A greve no Ceará contou com forte adesão da categoria e o decisivo apoio dos setores mais combativos do movimento estudantil, que têm mobilizado centenas de estudantes para participarem das principais manifestações. Destaca-se o apoio estudantil em Quixeramobim. No dia 23 de agosto, centenas de estudantes realizaram uma passeata de apoio aos professores em greve. Os estudantes bloquearam a rodovia CE-060, no cruzamento com Avenida Doutor Joaquim Fernandes, interrompendo o trânsito.

Em Sergipe, a assembleia geral dos professores da rede estadual também decidiu pela deflagração da greve em todo o estado. No dia 5 de agosto ocorreram manifestações e passeatas de professores e estudantes nas principais ruas da Aracajú. A greve conta com significativa adesão da categoria. O comando de greve tem percorrido as escolas da capital e interior realizando debates e mobilizações buscando ampliar o movimento.

Em 16 de agosto, professores de escolas públicas de pelo menos 19 estados paralisaram as atividades em protesto pelo cumprimento da lei que estabelece piso salarial de R$ 1.187,00. Em 25 estados também houve paralisações da rede municipal erguendo bandeiras de cumprimento do piso salarial e por melhores condições de trabalho.

No dia 24 de agosto foi realizada mais uma assembleia dos trabalhadores em educação de Minas Gerais. A greve no estado, iniciada em 8 de junho, conta com massiva adesão da categoria e com o apoio de estudantes das escolas públicas, universitários e outros setores da sociedade.

Diante da intransigência do governo em negociar, os cerca de nove mil trabalhadores presentes na última assembleia decidiram manter a greve. No último período, o gerenciamento Anastasia (PSDB), além de cortar o ponto dos professores grevistas, tentou contratar cerca de três mil professores substitutos para tentar acabar com a greve. O governo de Minas paga hoje de vencimento básico, o valor de R$ 369,00 e afirma que não há recursos para pagar o salário justo e previsto em lei para os professores. Além disso, o governo sinalizou com uma proposta de aumento de 5%. Tais medidas geraram uma grande revolta na categoria que está decidida a lutar em defesa dos seus direitos e da educação pública. – afirmou Rômulo Radicchi, professor da rede estadual de Minas Gerais e militante do Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação – Moclate.

A reivindicação dos professores em greve é pelo imediato cumprimento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN). A Lei do Piso foi sancionada em 2008 e determinou que nenhum professor da rede pública com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais pode ganhar menos que R$ 950. O valor do piso corrigido para 2011 é R$ 1.187.


Greves operárias

Nova greve em Suape — PE

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Suape: operários realizaram nova greve e arrancaram novas conquistas

As revoltas operárias que explodiram nos meses de março e abril desse ano em Ipojuca — PE, no complexo petroquímico de Suape, Jirau — RO, Santo Antônio — RO e Pecém – CE marcaram um novo momento da luta de classes no Brasil. Essas greves em cadeia influenciaram e animaram milhares de trabalhadores em todo o país. A brutal repressão desencadeada pelas forças policiais a mando do gerenciamento do velho Estado provocou ondas de revolta e também de solidariedade com os operários em luta. Novos movimentos surgiram a partir dessas batalhas.

No dia 2 de agosto, mais uma vez, os operários da refinaria Abreu e Lima e outras obras do pólo petroquímico de Suape, localizados em Pernambuco, entraram em greve, exigindo 15% de reajuste salarial, cesta básica de R$ 300, além do abono dos dias parados durante a greve ocorrida em março. Cerca de 40 mil operários paralisaram os trabalhos após uma assembleia geral que recusou a proposta patronal de 10% de reajuste, aumento na cesta básica de R$ 160 para R$ 180 e folga de campo de cinco dias úteis para cada 90 dias trabalhados.

A greve foi encerrada no dia 5 de agosto após as negociações que fecharam nos seguintes termos:

  • Reajuste salarial de 11%;
  • Aumento de 25% na cesta básica;
  • Aprovação de itens específicos como o abono de 50% dos dias parados na greve de março, além de abono de 100% nesta greve atual.

Três mil operários paralisam parte da Transnordestina

A greve dos operários de Suape chegou rapidamente ao sertão nordestino atingindo as obras da Transnordestina, uma ferrovia que ligará os portos de Pecém — CE e Suape — PE ao cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins.

Os três mil operários das obras fizeram greve por melhores salários e aumento na cesta básica, o pagamento pelos dias parados na greve de março e ampliação das folgas de campo, inclusive com pagamento de passagens aéreas para quem mora em outros estados.

A greve paralisou a fábrica de dormentes (vigas de concreto que sustentam os trilhos na ferrovia) localizada em Salgueiro e sob coordenação da Odebrecht, onde há atualmente cerca de dois mil operários. Além disso, também foram paralisados trechos das obras em José do Belmonte e Verdejantes, bem como o canteiro administrativo.

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