Editorial – A nova etapa da luta de classes que já se iniciou

Editorial – A nova etapa da luta de classes que já se iniciou

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Rebeliões populares, grandes greves e protestos diários convulsionam o Brasil de norte a sul. A indignação toma conta da população e dá lugar a manifestações, inclusive, de selvageria, como linchamentos, que extravasam a sensação popular de que vivemos uma grave crise.

Dezenas de combativas greves, envolvendo centenas de milhares de trabalhadores, pipocam todos os dias pelo país, passando por cima das direções pelegas de sindicatos e centrais e desmentindo a falácia da propaganda governista de que o país é um oásis em meio ao cataclismo econômico mundial. Professores, rodoviários, operários da construção, vigilantes, servidores de universidades, garis, etc., as mais diversas categorias atropelam as direções sindicais pelegas e eleitoreiras e se lançam na luta, desafiando patrões, governos e o judiciário, que com a rapidez de um raio criminaliza qualquer paralisação.

A luta pela moradia conhece novo auge, como reflexo da especulação imobiliária estimulada pela gerência de plantão, que encheu de privilégios empreiteiras e incorporadoras. Só no Rio de Janeiro os aluguéis subiram 178% em média, desde 2008. Em São Paulo, os movimentos de luta por moradia intensificaram a tomada de terrenos e prédios abandonados.

As tentativas de PT/pecedobê para cooptar o movimento popular e aplacar os protestos, principalmente contra a Copa, não surtiram efeito. No máximo, conseguiram comprar algumas poucas torcidas organizadas mafiosas, como a Gaviões da Fiel, que aceitou “proteger” o estádio do Corinthians do povo em luta. Se anuncia uma nova onda de manifestações que ameaça melar a Copa da Fifa e a farsa eleitoral deste ano.

O pano de fundo desse cenário é a grave crise geral do imperialismo que se aprofunda e prolonga e na qual o mundo todo se vê mergulhado. Acuado pelos péssimos números de sua economia, o imperialismo ianque se põe a imprimir dólares sem lastro para bancar sua maquinaria de morte nas sucessivas guerras por novas partilhas do mundo. As demais potências também se armam para minimizar perdas de fontes de matérias-primas e mercados cativos para seus monopólios e mesmo alentam suas ambições de escalar posições mais altas nos “Clubes” imperialistas.

Se é esta a realidade do primeiro e segundo mundos, que semicolônia, por sua condição de país dominado e de capitalismo burocrático, pode escapar da crise que não seja nos devaneios propagandísticos do oportunismo eleitoreiro da gerência de plantão? Mesmo assim, por razões desesperadas de sobrevivência, tendo que se esmerar para disfarçar a deterioração do nível de vida do povo e empurrar a explosão da crise instalada para depois da farsa eleitoral.

A própria confusão entre o staff petista atesta isso, com Mercadante, da Casa Civil, assumindo controle de preços e forçando Mantega, da Fazenda, a desmenti-lo publicamente, embora não fosse mentira o que disse o primeiro.

E ainda que haja “controle”, é inegável que os preços dos combustíveis aumentaram, bem como de toda a cadeia dependente de logística. As tarifas de transporte público, vejam só, recuperaram os aumentos adiados no ano passado, apesar das isenções fiscais concedidas aos magnatas por ocasião das jornadas de protesto popular do ano passado. Os preços dos alimentos, das mensalidades escolares, dos planos de saúde, tudo sobe mais que a inflação oficial.

Por seu lado, o monopólio da imprensa secunda o velho Estado na criminalização e satanização dos protestos, tentando impor o pacifismo e a domesticação às massas em luta. Porém, nada de bom para o povo foi conquistado sem a justa resistência do oprimido contra o opressor. É essa resistência, por exemplo, que fez a gerência de turno recuar da apresentação de projeto de lei para “punir com mais rigor os atos de vandalismo”. Gilberto Carvalho teria afirmado que “a presidenta chegou à conclusão que não era prudente a gente fazer nesse momento uma nova lei, porque evidentemente soaria como uma tentativa de criminalizar ou punir as manifestações”. Quanta benevolência, não? Ou seria cálculo eleitoral? Mesmo porque, em matéria de criminalizar e reprimir o povo, tudo pode se ajeitar com o acervo de legislação draconiana já existente.

Contra tudo isso se levantam as massas em protestos que assumem cada vez mais a violência como método para se fazer ouvir e conquistar seus direitos. Barricadas de pneus e ônibus ardem quase todos os dias em algum lugar do país, como resultado da completa descrença das massas nessa “democracia” farsante, bem como dos farsantes e burocratas que ocupam as estruturas e o gerenciamento do velho Estado de grandes burgueses e latifundiários a serviço do imperialismo. Isto é um fato ineludível!

O que poderão fazer os defensores dessa velha ordem em decomposição senão que reprimir, criar novas legislações fascistas e novos corpos policiais, lançar todo tipo de aparatos e forças armadas contra as massas em luta e as organizações combativas na tentativa de deter o ascenso de um processo revolucionário inevitável no Brasil? Os próximos meses e anos contarão a nova etapa da luta de classes que já se iniciou.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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