I
O mundo inteiro está abalado pela gravíssima crise de todo sistema de dominação imperialista provocando distúrbios de magnitudes ímpares. O mundo inteiro está sacudido por tormentosas lutas e guerras. O aprofundamento da crise geral do imperialismo (o capitalismo de nossa época) aguça as contradições entre nações oprimidas e nações imperialistas por sua ação de rapina sobre as primeiras. Também agudiza as contradições entre as potências e superpotências imperialistas, principalmente a superpotência hegemônica única USA e a superpotência atômica Rússia, com mais guerras pela divisão de países (tal como Síria, Iraque, etc.) e por uma nova partilha do mundo entre os mais poderosos. Também agudiza a contradição entre proletariado e burguesia, principalmente com os violentos cortes de direitos dos trabalhadores nos próprios países imperialistas, a superexploração e o chauvinismo contra os trabalhadores imigrantes.
A eleição de Trump no USA é resultante deste afundamento do imperialismo ianque, em particular, e da agudização das contradições entre as classes dominantes no USA, a ponto do Partido Republicano ter que guindá-lo à Presidência, após uma disputa com tradicionais representantes das esferas políticas ianques. Ele conseguiu impor sua condição e já cumpriu o compromisso firmado com a extrema-direita, nomeando elementos seus para os postos-chave do Estado ianque.
Aparentemente, ele se confronta com o establishment ao se colocar acima dos políticos, entretanto, o círculo dos poderosos ianques, os banqueiros, os reis do petróleo e os do complexo industrial-militar, sentam-se é com o Pentágono, e já está determinado como tudo seguirá. Trump não fugirá ao que está escrito nas estrelas do Pentágono. O apoio de Kissinger – saído do sarcófago – é sinal de que o establishment está lá, e que vai ter queda de braço interna.
No caso da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), por exemplo, constitui uma das maiores fontes de lucro da indústria bélica ianque e modo operacional de exercer seu domínio no mundo ocidental, e nisto persistirá.
As promessas de Trump para “tornar a América grandiosa de novo” embutem a ilusão de que basta implementar uma política protecionista para que o USA internalize empregos gerados por suas empresas no exterior. Ora, elas estão lá cumprindo uma lei maior do capitalismo que é a busca do lucro máximo e, não retornarão ao solo ianque, nem mesmo com a promessa de uma tarifa de 45% para produtos chineses. Contrariará também os consumidores, hoje habituados a pagar preços baixos por importados que substituíram a manufatura local. Daí, mais distúrbios diante da desilusão das massas de desempregados e das famílias que tiveram grande redução da renda.
Quanto mais avança o afundamento geral do imperialismo ianque, mais reacionário e agressivo se fará. Assim vai se passar com todas as demais potências imperialistas.
II
No Brasil, a “ponte para o futuro” de Temer, reduzida a pinguela por FHC, é uma tábua podre. Surgiu como um remendo sem legitimidade e credibilidade com as rachaduras das disputas internas já expostas. A unidade em torno da aplicação do receituário draconiano de corte de gastos, com cortes de direitos do povo e juntamente com a entrega completa do Brasil ao imperialismo, como promessa para retirar o país da grave crise econômica, está condenada ao fracasso. Pois que, ademais de provocar crescente revolta do povo, só fará aumentá-la na medida de sua aplicação e diante do repique destas ao nível de estados e municípios. E a vinda tão implorada do capital estrangeiro não virá, em razão da instabilidade e crise política.
A crise política é gravíssima, pois que, por um lado sua base é o agravamento das contradições entre as frações das classes dominantes locais em função da grave crise de uma economia semicolonial e semifeudal, em meio do afundamento da crise imperialista. Por outro, isto faz radicalizar cada vez mais o confronto entre os correspondentes grupos de poder destas frações expressas nas diversas siglas do Partido Único, através duma luta sem quartel entre elas e que se reflete em disputas e lutas encarniçadas entre os três poderes da República, onde ocupam posições.
A fúria com que se processou até agora as investigações de corrupção e as condenações dando chancela de honestidade, lisura e firmeza ao Ministério Público e à Polícia Federal é só mais um outro engano para uma sociedade já esgarçada pelas desigualdades, privilégios indecentes para poucos e injustiça e penúria para a imensa maioria, de delinquência em crescente espiral e a violência mais sanguinária das polícias e demais aparatos de repressão de um velho Estado burocrático sobre o povo, tudo para proteger um sistema político putrefato.
Casos recentes como o envolvendo Geddel, homem de confiança de Temer, e outros mais graves que irão inevitavelmente eclodir com a delação da Odebrecht e outras, revelam que a crise do “governo” é de todo o sistema político apodrecido de um velho Estado burocrático-latifundiário, semicolonial e genocida.
A prisão de gente poderosa, grandes burgueses, senadores, deputados e ex-governadores como resultado de grande operacionalidade do Judiciário e da Polícia Federal, longe de ser o que os monopólios de imprensa querem fazer crer à opinião pública como “moralização” e fortalecimento da velha democracia, são nada mais que os sintomas da falência de um sistema, cujas classes dominantes estão numa guerra brutal entre si para ver quem se manterá por cima.
A crise é do sistema e não pode ser resolvida pela repressão, prisão e condenação de umas tantas figuras, por mais importantes e numerosas que possam ser, pois que isto é somente a revelação da podridão e falência desta ordem vigente. O acordão dos de cima para pôr fim à “fúria” investigatória da corrupção não está fácil de lograr-se. Vide a dura disputa em torno da “Lei Anticorrupção” para incluir a anistia à prática anterior de “caixa 2”. Temer foi obrigado a chamar Maia e Renan para fechar um pacto pela retirada de pauta da almejada anistia, numa tentativa de evitar a completa desmoralização das instituições e do sistema político oficial.
Tal falência só pode resolver-se pela luta entre as classes antagônicas de nossa sociedade. Quer dizer, pela derrubada violenta das velhas classes exploradoras e serviçais das potências estrangeiras pelas classes exploradas e oprimidas por elas. Derrubar a velha democracia e edificar a Nova Democracia.
Se faz necessário abandonar as ilusões de superação negociadas pelo atual sistema político e avançar a direção revolucionária para reforçar a linha de classe proletária da crescente revolta popular. Centrar fogo para pôr abaixo Temer e sua quadrilha, derrotar os ataques aos direitos do povo, ganhando terreno no campo e na cidade a ideia e concretização de que só a Revolução de Nova Democracia pode libertar nosso povo da exploração e opressão e libertar a Nação brasileira da corrupção e da subjugação ao imperialismo. Mas, isto exige denunciar e desmascarar por completo o revisionismo e todo oportunismo no seio das lutas populares que, caído em desgraça, quer mais uma vez cavalgar as massas para impedir sua radicalização e usar sua luta como moeda de troca por acordos eleitoreiros.