Editorial – Além de escorraçar o imperialismo

Editorial – Além de escorraçar o imperialismo

Aproxima-se o dia do grande genocídio. Os últimos preparativos da agressão revelam intensa mobilização de tropas na Europa, que, até bem pouco, se limitavam a discretas manobras.

Agora, também as potências européias exibem o mais variado equipamento bélico — dos incapacitantes bacteriológicos e químicos às armas nucleares —, deslocam a última geração de blindados, de esquadras e esquadri lhas, despacham para as fronteiras do Iraque tropas de elite especializadas em exterminar gente desarmada e exércitos frágeis. Há, sobretudo, um inconcebível esbanjar de anéis de aniquilamento e covardia que se fecham sob as ordens dos centuriões do capital monopolista.

Porém, não são essas as mais destruidoras armas do imperialismo. Um punhado de magnatas que vivem da renda do extrativismo mineral impõem relações atrasadas de produção, fracionam o mundo árabe, formam sacerdotes de oportunistas nas mais variadas correntes, criam teorias místicas que socorrem a política de submissão nacional, delatam e executam revolucionários.

Governantes, são ao mesmo tempo uma quinta-coluna sempre disposta a trair suas nações de origem.

A pretensa neutralidade das potências européias desmascarou-se, finalmente. Sob a hegemonia do USA, intrincadas negociações avançaram até o ponto dos despojos de guerra serem distribuídos, antes mesmo dos agressores ocuparem o território que anunciam ser o primeiro a massacrar. No entanto, essas manobras conjuntas revelam mais que uma corrida de ladrões pelo produto do roubo, mais do que preparativos para exterminar uma única nação.

Possessões, colônias, semicolônias, não importa que status tenham, estão sendo permutadas, fragmentadas, distribuídas entre as potências com extrema sofisticação e mobilidade. Segundo as maiores necessidades das metrópoles, são saqueadas as fontes mais preciosas de matéria prima e da força de trabalho empobrecida e desorganizada. As potências imperialistas também apontam armas para cada território onde se impõe a capacidade de resistência do povo e o potencial revolucionário que cresce como tendência principal, que se prepara para repelir, um a um, os planos de retalhar o mundo.

A história não se repete, senão como uma farsa. Mas, o ventre que partejou o fascismo e as partilhas permanece vivo. As atas dos vergonhosos Acordos de Munique — Alemanha, Itália, Inglaterra e França, 28 a 30 de setembro de 1938 – não registram apenas o reconhecimento do "direito" de incorporação dos sudetos e da Tchecoslováquia à Alemanha que favoreceu a marcha dos nazistas em direção à URSS. Naqueles dias, Chamberlaim e Daladier (respectivamente, representando a Inglaterra e a França) chegaram a oferecer a Hitler a Amazônia brasileira, assegurando o aval do USA — proposta rejeitada pelo Fuher, que disse não ter o Reich vocação colonial ultramarina.

Nesse instante, as manobras e acordos secretos de coalizões progridem numa velocidade sem precedentes e alcance imprevisível por todo o planeta. Um novo lebesraum (espaço vital), agora ianque, é o prolongamento da geo-política, a concepção imperialista assentada no malthusianismo, no darwinismo social, por sua vez, ressuscitando e elevando a um grau superior de dominação outras doutrinas e práticas, entre as mais reacionárias de todas as épocas.

Nenhum ponto do planeta está a salvo da agressão que se anuncia e já nenhum povo agredido vive solitário sua desdita. O pacifismo, já se torna fácil entender, não é instrumento de mobilização capaz de se opor às agressões. A rebelião contra o império se justifica.

Querem os imperialistas mudar as cores do mapa? Mas os povos respondem que o mundo é quem está mudando e não adotarão as cores preferidas das potências, nem permitirão que a bandeira de chita continue tremulando por muito tempo em território alheio.

Ao "direito de anexação", os povos trabalhadores respondem com a luta pela formação de Estados independentes que se oponham a toda forma de jugo estrangeiro e opressão nacional, a começar por repelir qualquer sistema de exploração do homem pelo homem.

Os povos, além de protestar e escorraçar o imperialismo, precisam promover a verdadeira e mais conseqüente democracia. E a essa lógica não renunciarão jamais.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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