Mal os atletas e turistas estrangeiros fizeram as malas, no 31 de julho último, a repressão voltou a atacar as residências do proletariado no Rio de Janeiro, dessa vez ampliando o raio de ação para várias favelas.
Na mesma data, 6.500 pessoas realizaram — no percurso entre o Parque do Ibirapuera e o Aeroporto de Congonhas, São Paulo — um protesto contra as empresas especuladoras da viação aérea no Brasil, extensivo à gerência FMI-PT, lacaia do imperialismo, do latifúndio e da burguesia rentista nativa. A marcha, sob um frio de 7ºC, recordava os 199 mortos no avião da TAM, no dia 17 de julho, mas também outros 154, da tragédia do Boeing da Gol, em setembro de 2006.
O massacre do Alemão, juntamente com os pavorosos desastres da Gol e da TAM são desgraçadamente ilustrativos da falência e da impunidade do modelo dominante na América Latina.
A indignação e a tristeza que tomaram as ruas de São Paulo, somadas às greves, fizeram de Luiz Inácio o gerente colonial mais vaiado de toda a história dessa república de velho tipo, nascida de pactos coloniais e semifeudais no final do século 19 e ainda vigente no Brasil. Auxiliares diretos e, em geral, a cúpula FMI-PT — composta por vendilhões, irresponsáveis, covardes, desbocados e obscenos — mais uma vez foram alvo do ódio das massas.
Na semana seguinte a imprensa fascista assegurava que a popularidade do governo se mantinha elevada.
II
A mesma imprensa, a gerência colonial e subgerências estaduais dizem proteger os "médios" dos proletários explorados e empobrecidos — porque esses últimos é que trazem a "insegurança à sociedade".
Os grandes malfeitores dizem à gente remediada que ela não deve se preocupar com a exploração, o desemprego e a miséria. E mandam-na acomodar-se tranquila nos aviões — porque, afinal, que relação pode existir entre a exploração máxima dos trabalhadores e a traição nacional, com segurança de vôo?
Em seguida, os aviões e os "remediados" que vão dentro se espatifam na selva, abatidos por pilotos gringos irresponsáveis, ou na cidade, por reversores "enguiçados há dez dias", e outras complicações mecânicas, inutilmente acionados para frear em pistas danificadas, encharcadas, ladeadas de prédios.
Vale lembrar: em todo o Complexo do Alemão, por exemplo, apenas 0,2% da população integra o banditismo. Mas nas favelas o Estado criminoso ataca barbaramente os proletários, até mesmo dentro de suas humildes residências. Seus objetos pessoais são roubados e sofrem espancamentos diários — sendo que ao quadro se pode acrescentar as denúncias de homicídios, inclusive os assassinatos causados por balas e facadas perdidas…
III
A aviação civil brasileira, desde a década de 80 foi privatizada (leia-se desnacionalizada) e imediatamente entregue aos grupos especuladores — testas de ferro do imperialismo para o setor, que nem a propriedade plena dos aviões eles têm. Desde então, os serviços pioram a cada dia.
Quando aflora um escândalo, qualquer que seja, a gerência FMI-PT promete leis severas, punições e o uso da força. Mas contra quem?
Há troca de ministro e se anuncia a privatização de metade da Infraero, o que inclui a doação dos aeroportos.
Cumpre-se o prometido. "Leis drásticas" são aprovadas. Servem para proteger os grandes bandidos, os que arruínam a vida material e intelectual do nosso povo, os que produzem vigaristas políticos, juízes corruptos, torturadores, jagunços, pelegos e bandidos menores. Porque são os grandes que monopolizam os principais meios de produção: os mais importantes sistemas financeiros e de transportes, os maiores complexos fabris, imensas extensões de terra e de mananciais, os meios de comunicação televisivos e impressos. E também estão entre eles os atacadistas das drogas lícitas e ilícitas que escravizam a nossa juventude.
Normas padrão e equipamentos de segurança devem ser rigorosamente aplicadas. Mas quem contrariar os interesses do lucro máximo será severamente punido. E porque o lucro máximo só os grandes bandidos podem defendê-lo, a culpa é sempre do piloto, do controlador de vôo ou de quem mais trabalhe neste país.
IV
De comoção em comoção, o Estado entrega a pátria para as grandes corporações e seus patrões gringos, um território que virou campo de experimentos, de rapina e de extermínio.
Retomam os massacres diários nas favelas e ecoam novas ameaças. Parece pouco. E se um desastre consome dezenas em um minuto, tanto melhor. As hienas se deliciam com a sua infame propaganda de guerra. Subterfúgios e ardis do imperialismo e seus lacaios internos surgem nas formas de manchetes e notícias — invólucros que lançam as massas ao pavor e ao desespero.
A Nova Democracia já advertia (edição 34, pág. 4) que as andanças da comitiva de Bush Maluco na América Latina, tinham finalidades bem diferentes dos anunciados acertos sobre combustíveis e outros pretextos. Naqueles dias, reuniões paralelas orquestravam a deflagração de uma inundação de negociatas, de rapina e destruição, de escravização do país e guerra contra o povo. E para socorrer a crise geral do imperialismo, o patrão maior, o USA, vem estendendo sua estratégia de repressão infinita, como o desmoralizado Plano Colômbia, por toda a América Latina.
Definitivamente, necessitamos de um programa geral que una as classes mais combativas e progressistas de nosso povo — fundado na tradição das mobilizações mais consequentes — que abarque desde as garantias democráticas aos grandes e definitivos embates políticos de emancipação das classes oprimidas e os ideais da independência do Brasil.