A estabilidade do oportunismo petista na cabeça do velho Estado semifeudal e semicolonial brasileiro está cada dia mais próxima do ocaso. E não por causa do show de denúncias de corrupção que a extrema direita e seus veículos de imprensa promovem aos borbotões, possibilitando que PT e congêneres se aproveitem para levantar a bandeira do “perigo de golpe”, que ainda é capaz de mobilizar incautos.
O fato é que as incontáveis manobras marqueteiras acerca das “realizações” de Luiz Inácio e Rousseff já não dão conta de encobrir a real situação do país e do povo brasileiro, acossado pela crise geral de superprodução relativa do capital cada vez mais profunda, embora ainda não tenha se manifestado de maneira tão dramática quanto na Europa.
De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal, do IBGE, a produção industrial recuou 0,6 % em novembro, em relação a outubro; e 1 %, se comparada a novembro de 2011. De janeiro a novembro de 2012, a produção foi reduzida em 2,6 %, voltando aos patamares de 2009, quando houve recessão.
Considerando que a previsão de crescimento do PIB para 2012 era de pífio 1% (especialistas duvidam que tenha chegado a tanto), é fácil perceber a aposta do gerenciamento oportunista nos setores extrativista e agrícola para sustentar a propaganda de crescimento, ainda que seja falsa.
Mas a situação é muito pior que essa.
Como para o oportunismo “imagem é tudo”, visando dar um freio no Índice de Preços ao Consumidor-Ampliado, usado para o cálculo da inflação, Dilma mexeu os pauzinhos para que as prefeituras de Rio de Janeiro e São Paulo não autorizassem reajustes nos transportes públicos em janeiro. No Rio a passagem passaria de R$ 2,75 para 3,05, e desde novembro estudantes e trabalhadores já protestavam nas ruas. E como em toda propaganda enganosa, a letra miúda já decretou a efetivação desses aumentos para o final do primeiro semestre.
Mas mesmo sem isso a vida das massas trabalhadoras já beira o insuportável. O Dieese, em recente pesquisa, apontou que o preço da cesta básica aumentou acima da inflação em 10 capitais, sendo que em todo o país o preço subiu. Em Recife, o reajuste foi de 15,26 %.
Para sustentar a contra-propaganda do governo de que a economia vai bem e de que parte da população saiu da pobreza, os brasileiros são cada vez mais estimulados a comprar, se endividando até os cabelos e, conseqüência natural, não conseguindo pagar suas contas. Dados da empresa Serasa-Experiam, de início de janeiro de 2013, apontam que a inadimplência cresceu 15% em 2012, comparado com 2011, entre as pessoas físicas.
Na surdina, o PT e seus aliados promoveram em 2012 e certamente aprofundarão em 2013, uma contra-reforma trabalhista que retirou direitos e desregulamenta milhões de empregos, meteu a mão, mais uma vez, na previdência dos trabalhadores e diminuiu o rendimento da poupança (única alternativa para poucos que conseguem poupar), entre outros ataques.
Para “ajudar”, a Confederação Nacional da Indústria entregou ao Palácio do Planalto um rol de “101 medidas para modernização trabalhista”. Como era de se esperar, o documento já está redigido na forma de projetos de emenda constitucional, projetos de lei, revisões de súmulas do TST, etc., bastando ao gerenciamento petista dar início aos trâmites. Tudo visando reduzir salários, direitos e garantias, precarizar e piorar condições de trabalho, tudo tratado como “modernização”, em substituição às “irracionalidades” vigentes.
A par disso, o povo brasileiro precisa viver com o aumento da violência estatal (militar e para-militar), a criminalização das suas estratégias de sobrevivência (como o comércio ambulante), o encarceramento em massa da população mais pobre, a especulação imobiliária desenfreada até mesmo nas favelas, etc.
Tudo isso conduzido por um governo que se diz dos trabalhadores e que se propõe reescrever a história com a sua versão dos fatos, secundado por centrais sindicais e “movimentos sociais” chapa branca, patrocinado por empreiteiras, bancos e demais monopólios, que viram as portas do país abertas de par em par para que extraíssem até a última gota de sangue de nosso povo.
Resulta claro que não existe democracia para o povo. Somente com duro combate dos setores mais classistas e combativos, derrotando o oportunismo e apontando o caminho democrático-revolucionário, o proletariado e as massas trabalhadoras do campo e da cidade serão capazes de libertar sua força revolucionária e destruir esse atual estado de coisas.