Editorial – Falsa esquerda direita autêntica

Editorial – Falsa esquerda direita autêntica

O Ministro Extraordinário da Segurança Alimentar, José Graziano, professor de Economia Agrícola da Unicamp e amigo pessoal de Luiz Inácio, cometeu a imprudência de ir a Fortaleza para o lançamento da primeira fase do programa Fome Zero, destinado a atender 14 municípios do Ceará. Nas duas oportunidades em que parecia ser prestigiado, sua memória foi recobrada aos gritos. Recepcionado pelos parlamentares na Assembléia Legislativa do Estado, acabou agraciado pelos estudantes e representantes de entidades de bairro com gritos de: "Graziano, marginal é você"; "Graziano, você é zero".

Na Central de Abastecimento (Ceasa), onde lançou o "Cartão Alimentação" — um vale de R$ 50 mensais para a compra de alimentos — quase foi agredido por um militante (que acabou sendo preso) do seu próprio partido PT.

O respeitável ministro declarou em fevereiro que "a violência no Rio de Janeiro e em São Paulo só vai acabar quando os nordestinos deixarem de migrar para o Sudeste" (?!)

Mas não foram apenas esses insultos que motivaram vaias. Também o Fome Zero não agrada aos que vivem por suas próprias mãos, pela simples razão de que são eles os que trabalham e sustentam os que vivem às suas custas — os grandes vagabundos do Brasil e da matriz. O proletariado e o campesinato, de Sul a Norte, dispensam mais essa marmota filantrópica.

E o professor sabe disso. Já deu até aulas a respeito — sem acreditar no que dizia, ao que parece. Mas é sempre assim. Pois aguente Ouro Preto.

II

Deixa estar; quando nós chegarmos ao poder…

Que poder senhores? Que poder? Esse que aí está? O poder que lhes faz sentar-se ao lado dos entreguistas tradicionais, ter amigos e confidentes dos negócios imperialistas em nosso próprio país, exatamente contra o povo trabalhador brasileiro? E é preciso ir a Guaribas, uma cidade do interior do Piauí para conhecer a fome!

Em se tratando daqueles que para abrir a primeira porta desse "poder" aceitam firmar acordos com o FMI e as classes internas mais reacionárias — coisa alguma se pode esperar.

O processo cognitivo dos que acenam para a via eleitoreira e se unem à burguesia rentista nativa e à oligarquia latifundiária, optam pelas doutrinas, conceitos e (fazem seu) o dialeto do imperialismo, entendendo toda essa tramóia como poder, não permite entender a realidade da imensa maioria da população, de "seu" país e do mundo inteiro.

Esse pacote de "reformas" não passa de uma legislação antitrabalhista ainda mais cruel, que vem sendo negociada temerariamente. A estratégia da reforma da Previdência é a mesma que se aplica à Constituição: aos poucos aprovam leis que deixam apenas rudimentos de liberdades democráticas, para nova raspagem de leis que assegurem algo ao povo. É um campo aberto onde vicejam as demagógicas Cidadania, Ética, Combate à Corrupção, Programa Fome Zero, Reforma Tributária, etc.

O salário mínimo, calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística (DIEESE) sobe de R$ 1.399,10 para R$ 1.466,73.

O Planalto finge governar novamente, enquanto o FMI e o Banco Mundial continuam manejando tranquilos a vida material do nosso povo e toda a superestrutura necessária para favorecer a exploração e a rapina.

Enquanto isso, torna-se insuportável a estrutura oportunista da CUT e das demais centrais dirigidas pela Confederação Internacional do Sindicalismo Livre (Ciols), mantida principalmente pelo imperialismo ianque.

As frações impostoras pressentem a falência do sindicalismo burocrático e saem já à cata de dissidências. Os trabalhadores iniciam suas primeiras mobilizações pela sua unidade, forjando organizações classistas para combater o oportunismo e todos os impostores libertando-se das garras patronais.

É a hora e a vez do sindicalismo de novo tipo.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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