Editorial – O alvo é o povo

Editorial – O alvo é o povo

Enquanto o criminoso monopólio dos meios de comunicação faz a apologia das notícias mundanas, da guerra de agressão, da pornografia, explora os sentimentos religiosos do povo etc. — e julga ocultar com astúcia a política de subjugação nacional —, o gerenciamento FMI-PT desfere novas e arrasadoras medidas contra o povo.

Mais em evidência, na temporada entreguista de junho, ficaram a “parceria público-privada”, a “lei das falências”, o poder de polícia comum com que rebaixam as forças armadas e o envio de tropas para legalizar e apoiar a invasão ianque no Haiti.

A pretexto de que o país não pode viver fora dos marcos de uma semicolônia, o peleguismo no Planalto declara que o capital monopolista deve contar com mais garantias, desfrutar de regras que assegurem lucros crescentes, de forma a não interromper a estabilidade no processo de exploração do proletariado e na espoliação de nosso país.

Assim, confessa a bancarrota dos cofres públicos quando se trata de realizar políticas públicas —das quais o salário e as garantias trabalhistas fazem parte —, mas “honra” pontualmente os pagamentos de “dívidas” e juros aos agiotas estrangeiros e nativos. Preposto assumido do FMI, o gerenciamento petista aciona a aprovação do imundo PPP (Projeto de Parceria Público-Privada), para transformar montanhas de dinheiro público e força de trabalho não paga no lucro privado dos monopólios.

I Farto em “disposições contratuais” (espaços para manobras), inédito em se tratando de investimentos de uso e apropriação imediata do patrimônio público, de atualização periódica de “remuneração variável ao desempenho do parceiro privado”, na precedência em relação às demais obrigações contratuais para liberação de recursos orçamentários-financeiros, nos privilégios de liquidação de contra-prestações devidas em favor do capital financeiro etc., o PPP tramita livremente no Legislativo. Vale dizer, circula no escuso ambiente dos “acordos de lideranças”

II O mínimo, que desce, serve de biombo para a Lei das Falências, projeto de 1993, que, a exemplo da “reforma” da Previdência, também aguardou a chegada da “administração sindicalista” para desembaraçá-lo.

Recentemente revisado pelo Banco Central, o projeto bem poderia levar o nome de Lei dos Credores. Como destaque, o judiciário praticamente deverá ser substituído pelo apetite voraz de uma Assembléia dos Credores. São reduzidas as oportunidades de recuperação das insolventes. Cai a preferência de créditos trabalhistas e as possibilidades de negociar acordos coletivos que ajustem o passivo trabalhista da empresa à sua capacidade de pagamento.

III O “direito de polícia” para combater a violência (premeditadamente reconhecida pelo Poder apenas no seu aspecto inferior, o da criminalidade), acaba de ser conferido ao Exército pelo governo.

Novamente usarão o Exército para se ocupar da repressão interna — no início a pretexto de voltar-se contra o tráfico, o contrabando de armas etc. —, quando o monopólio das armas de guerra permanece mais quebrado que o do petróleo, já que a PM e mesmo a Civil podem dispor delas, alegando que “os bandidos têm mais armas”. Mas quem as fornece?

Quem comanda o tráfico atacadista? Por que a insistência em negar que é o imperialismo ianque quem encharca a juventude das colônias, e a sua própria, de cocaína, o que permite lucros financeiros e assegura sua dominação política no mundo?

IV Tropas brasileiras ocupam o Haiti, quando o povo brasileiro jamais autorizou o governo a apoiar o imperialismo, nem mesmo contra outro país. O povo exigiu tropas brasileiras na Europa para combater o imperialismo, em particular a sua corrente nazista, mas, é sabido, repudiou veementemente a invasão de São Domingos, um ano após o golpe contra-revolucionário no Brasil. Produtos da contra-revolução de abril de 1964, as administrações que se sucedem ao longo desses 40 anos revelam com admirável nitidez a política de subjugação nacional que as suas medidas imprimem a cada dia.

Mas o que explica a ânsia desenfreada e obstinada com que elas são impiedosamente exercidas contra a nossa nação, e todo o aparato de falsificações teóricas, de partidos ditos “populares”, é o caráter antiproletário do sistema de Estado e de governo vigentes. O alvo principal do imperialismo é a exploração do trabalho, o combate aos movimentos democráticos consequentes, às lutas contra a semifeudalidade e às classes que desejam se unir sob uma única bandeira da independência nacional.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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