Editorial – O mínimo e a máxima exploração

Editorial – O mínimo e a máxima exploração

Pois aí está maio.

Chegou maio, mas a solução para os salários, não. E o que, mais uma vez, esse “governo” neo (ou pós) operário fez do mínimo-miserável-mínimo?

O que tem a dizer o “partido new labor” e toda essa aventura clerical-trotskista-revisionista além de demonstrar que o governo de seus anseios sempre foi a projeção mais corrupta e pelega da direção dos sindicatos burocráticos?

Se para a sua própria imagem pessoal não guardam qualquer noção de ridículo, agora concedem um “aumento” de R$ 20. O Dieese* surpreende ao alegar que os preços dos produtos necessários para compor (o que deveria ser) o menor salário legal no país não têm subido tanto. Ainda assim, mensalmente suas estimativas são, em média, superiores a quase seis vezes o salário mínimo oficial. Segundo o Dieese, preços e referenciais de cálculo do salário mínimo necessário elevava-o a R$ 1.557,55 em abril de 2003. Em abril deste ano, R$ 1.386,47! Mas o mínimo oficial concedido foi de R$ 260,00!

Portanto, este mês, faltam R$ 1.126,47 para que o mínimo concedido pela administração FMI/PT chegue a um cálculo menos perverso. Somados a 16 meses de gerenciamento petista, essa “administração” tem que reembolsar, a cada trabalhador, vítima do seu mínimo, R$ 18.969,05. Curioso, mas, agindo contra os trabalhadores em geral e toda a (verdadeira) nação ninguém é apontado como corrupto, explorador ou simples ladrão.

Auxiliando o programa do imperialismo flexibilização dos salários (para ajudar as 150 famílias que controlam o mundo), a gerência genocida FMI-PT começa a falar de mínimo para a “família unipessoal”. Então acrescenta ao charlatanismo estratégico o tático: “O melhor aumento será concedido ao salário-família, destinado a fazer justiça aos trabalhadores com maior número de dependentes.” A medida representará uma (nova) grande economia na folha de pagamento das grandes empresas, porque, depois disso, haverá mais solteiros entre os que mantêm vínculos trabalhistas, certamente. Basta demitir grande parte dos que têm filhos.

Também, os próximos candidatos, na ânsia de conseguir uma vaga, vão se recusar a forne-cer documentos que comprovam a existência da sua própria prole. Tudo arrancado de forma tão espontânea quanto a tradicional “opção” pelo Fundo de Garantias.

Em seguida, estatísticas fornecidas pelo governo provarão que estatísticas do governo dizem registrar melhoria de vida entre os trabalhadores de baixa renda. 

II

A força de trabalho, esse conjunto das faculdades físicas e intelectuais que cada trabalhador utiliza para produzir coisas úteis, precisa ser constantemente restaurada nas condições adequadas de alimento, vestimenta e moradia — inclusive para que possam se reproduzir —, o que sugere família, filhos e recursos sociais em constante desenvolvimento.

Essa força de trabalho (que não existe fora do homem) é consumida pelo trabalho propriamente dito, ou seja, no processo social de produção. Não é possível trabalhar, executar trabalho socialmente útil, sem dispor dessa força de trabalho. Por outro lado, também é prejudicial à nação verdadeira a existência de desempregados, gente que pode trabalhar, mas não encontra emprego. Para os que vivem às custas do trabalho alheio, desempregos e baixos salários lhes beneficiam muito, porque as pessoas executam trabalho por preços cada vez mais baixos.

O salário nominal (salário que é a soma em dinheiro obtida pela venda da força de trabalho) deve corresponder ao salário real (quantidade de mercadorias e serviços que o trabalhador pode comprar com o salário nominal).

Nas colônias e semicolônias, o imperialismo vem multiplicando sucessivamente os artifícios utilizados para baixar o valor da força de trabalho nas operações fabris, a exemplo do aumento da jornada de trabalho, por um lado, e de recursos técnicos (como a automação da produção que permite o trabalhador produzir mais na mesma jornada), além dos ardis jurídicos e “preceitos constitucionais”.

Portanto, do gerenciamento lumpem-burguês da direção do PT — esse novo contingente de prepostos dos maiores sanguessugas mundiais e dos grandes ladrões nativos — nada se pode esperar, senão medidas que aprofundem a exploração do trabalho, o saque e a pirataria em nossa pátria.


*Dieese — Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos

(www.dieese.org.br)

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: