Editorial – O poder pelego

Editorial – O poder pelego

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Estritamente de acordo com a pastoral do Banco Mundial e o continuísmo acertado com o FMI, o atual Alabama-viajante insiste em dizer que os poderosos devem ajudar os fracos para tornar mais justa, a "diferença entre ricos e pobres". Por ajuda, entenda-se capital estrangeiro. Por ricos e pobres entenda-se exploradores e explorados. Mas ele finge não saber.

Os donos do negócio e os "autorizados" nativos, jamais satisfeitos com os empregados, sempre fazem com que cada um conheça o seu lugar. O setor de autorizados que cuida dos serviços de intriga e difamação, abre fotos nas primeiras páginas de seus jornais com o sindicalista-social-democrata-eleito à beira de uma piscina, avançando desequilibrado e orgulhoso ante os sorrisos dos súditos transbordantes de malignidade. Parece se sentir feliz com as chacotas do patrão.

Olhares e galanteios desrespeitosos lançados contra atrizes e dançarinas também são fielmente divulgados pela imprensa serviçal que, dias depois, deu destaque ao presidente e à prefeita de São Paulo, ambos, fingindo tocar violino. Para quê? Outras vezes, imagens do ex-operário não-proletário portando um boné não-camponês (apenas sem-terra), também finge negociar, ou, ansioso, estende a mão para um tory progressista (?), enquanto sua esposa permanece esquecida no fundo do automóvel barroco. Os flagrantes do cotidiano das chancelarias ainda não são editados com o auxílio de aplausos e gargalhadas ajustáveis, mas a tecnologia da sem-vergonhice avança a passos de Primeiro Mundo — e isso está sendo providenciado, não se perde por esperar.

II

Acontece que o monopólio da "informação", por debaixo das futilidades diárias, busca impregnar o povo com as mais reacionárias doutrinas de todos os tempos. Faz crer, entre outras mentiras, que o nível máximo de inteligência e de chefia que um operário pode alcançar é representado pela figura do sindicalista eleito.

Ora, o proletariado sempre emprestou ao povo brasileiro um imenso contingente de intelectuais para as mais diversas frentes, no campo teórico e prático. Os proletários jamais foram refratários à lógica dialética. A classe proletária continua em ascensão; cumpre o seu papel histórico de se libertar, libertando todas as classes oprimidas, e é portadora de idéias e teorias comprovadamente revolucionárias.

Ao contrário, os que se sentem melhor traindo o povo fazendo o papel de vendilhões da pátria, os que regridem ao tempo da II Internacional, têm mesmo que se afundar nas teorias e método dogmáticos e atrasados dos mencheviques, dos trotskistas e outros renegados contemporâneos. Nada mais fazem que refrear sua capacidade cognitiva. Se não descem à condição do raciocínio inferior, se há algum êxito ainda em equilibrar-se sobre as patas traseiras, por outro lado não conseguem ser homens de um novo tempo. Vivem do legado humano, mas desprezam a necessidade de fazer progredir a produção social, tornam-se párias, mais nada. E nisso não reside nenhuma vantagem.

Os monstros nazistas que acumulavam o produto do trabalho não pago se revelaram profundamente ignorantes. Hoje é possível viver em paz tendo os Bush no comando do mundo? Destituídos do poder, mas soltos, seguirão roubando e matando porque nada mais sabem fazer. Acaso representam eles o povo trabalhador do país onde mantêm seu quartel general? Seus auxiliares nativos, dos países mais distantes, fazem melhor?

Que New Labour, que New PT??

Essa direção trotskista clerical sempre aliciou os trabalhadores para traí-los em seguida. Um levantamento das greves monitoradas por essa direção, do "sindicalismo de resultados", dos votos favoráveis às desnacionalizações, à anexação etc., é suficiente para entender que os poderosos necessitam criar partidos para o povo e que o PT nunca mudou (mas desenvolveu) sua política nociva ao trabalhador. Ele é o mais talhado para proteger as relações de exploração, para promover o desemprego, a miséria, a demagogia e o populismo, o sacrossanto direito latifundiário e o poder popular pós-sepulcro. Quem é o mais especializado para fomentar a repressão, jogando o povo contra o povo?

O PT criará "dissidências". Seu desgoverno, para ganhar tempo, fará mudanças ministeriais, falará de obstáculos imprevisíveis (talvez a iminência de guerras fronteiriças) e, se necessário, golpeará a si próprio, para em seguida ter um dirigente voltando "nos braços do povo", repetindo Venezuela.

Incapazes de enfrentar o povo, os imperialistas adestram traidores. Mas o que pretendem agora, quando começam a se apagar as luzes do esplendor oportunista?

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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