Editorial – O que esse debate nos traz

Editorial – O que esse debate nos traz

Vive-se o prelúdio da Terceira Guerra. As operações militares não se concentram na Europa, a exemplo das guerras anteriores. Ao se alastrar o seu raio de ação para a Europa, Ásia e África e, agora, pela América Latina, o ambiente do conflito prenuncia-se perene e avassalador. A nova partilha impõe a guerra a todos os povos, acirra as contradições internas entre as classes de todos os países e a estratégia imperialista já nada mais acrescenta, exceto o fato de atrair contra si o ódio de todas as nacionalidades. A resistência dos povos torna-se a tendência principal. Ou se elimina o imperialismo da face da terra ou ele eliminará grande parte da humanidade.

O imperialismo é obrigado a gerir todos os países e as contradições que ele mesmo acirra ou ajuda a enraizar. Sua irrefreável fome de lucros tem aprofundado continuamente as relações de exploração e levado às últimas consequências o lucro máximo. Em consequência, a guerra de rapina dos USA evoluiu para os "três tudo" do exército japonês na segunda guerra: "Queimar tudo, roubar tudo, matar a todos". Suas armas ganham nova característica com os agentes incapacitantes destinados debilitar as capacidades físicas e intelectuais de cada povo no globo.

Sob a hegemonia dos USA, a demência do capital monopolista conseguiu ampliar a condição semicolonial e semifeudal no mundo e, em alguns momentos, ressuscitou o próprio colo-nialismo. Na América Latina, a desna-cionalização é um dos aspectos fundamentais da economia, hoje, enquanto o imperialismo exige dos presidenciáveis nativos plataformas eleitorais adequadas aos monstruosos planos de repressão contra os bairros negligenciados pelo poder público e acamoamentos camponeses. Ele exige (e consegue) desses mega pelegos juras de fidelidade ao Banco e ao diretório do Fundo, o que significa dar prosseguimento às políticas de subjugação nacional, seguindo os interesses das oligarquias latifundiárias e da burguesia burocrática. Nos marcos da atual estatalidade, e com os candidatos que, na essência, concorrem à eleição monopartidista, absolutamente nada poderá mudar na política de desterritorialização, de desna-cionalização, de dívida externa, de exploração da força de trabalho do povo brasileiro, de devastação dos recursos naturais, na imposição dos mitificados pacotes tecno-lógicos que aprofundam a destruição das forças produtivas.

O povo brasileiro não necessita de frustrações para se cons-cientizar. Porém, nem mesmo no futebol, preferido e consagrado esporte do povo brasileiro, como também aparece nessa edição, os trabalhadores conseguem se livrar das decepções e das lições do fascismo, revelando que há mais corrupção do que esporte, e que os seus astros, direta ou indiretamente, dependem da Nike e de outras corporações estrangeiras e de seus gerentes.

Acreditando ser possível ajustar as faculdades intelectuais das massas e de estar desenvolvendo o poder de produzir alterações na sua consciência, a Nova Ordem imperialista cria o mundo à sua imagem e perfeição, trama informações pervertidas em forma de notícias mornas, de despolitização perpétua,de histórias assombrosas, de ameaças e insultos ao povo, abole todas as informações sobre a revolução e a ciência. Tendo em suas mãos as empresas de comunicação, o clube dos maiores potentados do mundo faz a apologia do fatalismo geográfico, social e político, a propaganda da criminalidade (apresentada como sendo a parte mais danosa e de preferência a única forma de violência), da sensualidade precoce, da promiscuidade, da abominação pelo próximo, das desavenças familiares, do indivudalismo exarcebado, do temor, do misticismo, da falsa idéia do fim das nações. A imprensa do capital financeiro mundial se constitui na expressão mais pura da he-catombe universal que ela própria anuncia.

A oposição sistemática, pura e simples,jamais chega ao nível de um programa político, é inconsequente e oportunista. De nada valem enxurradas de denúncias se não há uma perspectiva de profunda transformação da sociedade. É preciso não só pensar como concretamente construir uma nova autoridade e rechaçar a embromação da doutrina do poder futurível, desencadear o combate implacável a tudo que se revele reacionário na economia, na política, na cultura, tudo o mais que aprisione o país, porque é preciso construir um Brasil novo nos planos político, econômico e cultural amplo; livre, soberano, próspero, progressista, culto. E nada pode haver de novo se, ao alargar a amplitude da independência nacional e da frente única, as classes que compõem o nosso povo não forjam a sua emancipação.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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