Contrariando o surrado chavão de que no Brasil o ano só começa depois do carnaval, as massas iniciaram o ano em luta. A propósito, este chavão descreve exatamente a prática da burocracia de alto coturno do poder executivo, do parlamento e do judiciário. Do lado do povo o que vemos é a batalha diária na busca do ganha-pão, situação que não tem mês, dia ou sequer hora marcada de se ocupar.
Os que apostavam na desmobilização das massas, para poderem aplicar seus golpes na calada da noite para evitar protestos e mesmo sua derrubada, quebraram a cara. Foi assim que agiram alguns governadores e prefeitos que maquinaram decretar aumentos nas festas natalinas e de ano novo ou como fez Alckmin com sua falaciosa reestruturação das escolas e Marconi Perillo com o trambique das OSs, atingindo mortalmente o sistema educacional de Goiás.
A resposta veio da Juventude Combatente ocupando as escolas e depois as ruas numa clara demonstração de ousadia diante do Estado policial que, ao final, mostrou o que verdadeiramente é: um gigante de pés de barro.
Por todo Brasil seguiram as manifestações contra o aumento das passagens turbinadas pela insatisfação generalizada da população contra o crescente desemprego, contra o arrocho salarial e o desbragado aumento dos preços dos alimentos.
As medidas repressivas, administrativas e policialescas, por mais brutais e covardes que sejam, bem como de ser causadora de mais opressão para as massas combatentes e sofrimentos para o povo em geral, só fazem desnudar mais perante toda a sociedade sua verdadeira natureza de classe exploradora e opressora, ademais de ser combustível a atiçar cada vez mais a indignação geral e a ira das massas populares empobrecidas. Ira que aqui e ali toma os contornos, cada vez mais, de ações furiosas que rechaçam as hordas repressivas do velho Estado, impõem a rota de seus protestos, quebram e queimam tudo o que se relaciona com as autoridades deste e dos exploradores.
A crise mundial e seus reflexos numa economia de base enferma semicolonial e semifeudal como é a brasileira, potencializados pelo gerenciamento que, ademais de submisso aos ditames do FMI e do Banco Mundial, é medíocre e falastrão, só lançarão combustível na fogueira da decomposição desta base econômica podre, do agravamento das condições de vida das massas e do acirramento da luta de classes. Estas massas responderão, cada dia mais, com rebeliões, já que aprenderam a lição de que, diante de uma ofensiva de exploração, quem luta mais perde menos. Lutas que podem, com a direção enérgica e acertada da vanguarda proletária, desenvolver e desembocar na luta revolucionária pela derrubada de toda esta velha ordem de exploração e opressão e sua velha democracia feita de farsa eleitoral, abusos, privilégios e corrupção e para o estabelecimento de uma nova ordem de Nova Democracia.
Mais que nunca devemos ousar levar às massas as consignas de não votar, destruir o latifúndio — entregando a terra aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra —, confiscar todo o capital da grande burguesia monopolista local e estrangeira, bem como varrer todas as ingerências e ações do imperialismo e seus tentáculos, libertando a Nação. As forças populares verdadeiramente democráticas devem apostar, pois, em mobilizar as massas do campo e da cidade, para elevar sua politização, organização e métodos de luta a níveis superiores para alcançar a vitória. Ousar lutar, ousar vencer!