A situação revolucionária em desenvolvimento no Brasil vai tomando contornos cada vez mais beligerantes. O velho, apodrecido e genocida Estado brasileiro vive hoje uma de suas maiores crises, não apenas no terreno da política, mas na economia, no social e na moral. É uma crise onímoda do velho Estado de grandes burgueses e latifundiários serviçais do imperialismo, principalmente ianque e do enfermo terminal capitalismo burocrático que o sustenta.
As classes dominantes não conseguem mais manter sua dominação como antes da crise imperialista de 2007/8. Entre os ingredientes mais recentes que contribuíram para acelerar a fricção entre elas tivemos a prisão de Eduardo Cunha e a possibilidade de sua delação premiada; a volta antecipada do vendilhão da pátria Temer de sua viagem de volta ao mundo ofertando o Brasil na bandeja; a prisão do diretor da polícia legislativa do Senado; o acordo de delação premiada da Odebrecht; o pronunciamento de Renan Calheiros utilizando o termo “juizeco” e a classificação do ministro da justiça de “chefete de polícia”.
A prisão de Eduardo Cunha, apesar de cantada em prosa e verso, deixou em polvorosa o Congresso Nacional, principalmente, quando se anunciou que um advogado especialista em delação premiada teria sido contratado por Cunha. Ele tem em suas mãos pelo menos metade dos três poderes da República e, certamente, não titubeará em salvar a pele da mulher e dos filhos, entregando aqueles que ele julga haverem-no abandonado em suas horas difíceis. Eis porque muitos já colocaram escova, pasta, sabonete e toalha na valise.
Quando estourou a notícia da prisão de Cunha, Temer estava no Japão e, diante da tremedeira que acometeu metade de seu ministério, antecipou o retorno para acalmar os nervos de sua quadrilha.
Para o desespero maior de suas excelências, a “Operação Lavajato” fechou acordo de delação premiada da Odebrecht, através do qual cerca de cinquenta executivos entregarão listas de propineiros, entre deputados, senadores, prefeitos, ministros, governadores, magistrados e outras figuras “impolutas” da república.
No centro de tudo está a expectativa de fazer parar a “Operação Lavajato” que já queima os fundilhos de pelo menos metade da base de apoio de Temer, cuja figura de maior destaque é o senador Renan Calheiros. Este, conhecido como hábil estrategista em matéria de baixa política, não tem sido muito feliz em suas manobras para atingir tal fim, e, se desespera, ao perceber que sua batata está assando.
Diante da prisão do Diretor da polícia legislativa do Senado, Renan abriu uma pendenga com o Judiciário, quando utilizou o termo “Juizeco”. Declaração esta que, na opinião da presidente do STF, Carmem Lúcia, depreciou este poder como um todo. Assim, propositalmente, Renan provocou mais agravamento da crise política para em seguida negociar.
Encalacrado, o Congresso Nacional quedou-se genuflexo diante da chantagem montada pelo mercado (leia-se sistema financeiro), através de seu pau mandado Henrique Meirelles, sobre a necessidade de um ajuste fiscal que implica em brutais cortes dos gastos sociais por 20 anos, golpeando os direitos trabalhistas e previdenciários, a liquidação de qualquer política de “reforma agrária”, além da imposição da “reforma” imbecilizante do ensino, entre outras maldades como o incremento da repressão às massas do campo e da cidade.
Pelo lado do povo, tudo isso constitui-se num poderoso combustível a impulsionar a situação revolucionária em desenvolvimento. O confisco dos recursos oriundos do imposto pago pelo povo em favor do sistema financeiro vai gerar uma quebradeira nos estados e municípios com reflexo em cadeia nas pequenas e médias empresas.
No gerenciamento Temer o número de desempregados saltou para mais de 15 milhões, escondidos nas cifras oficiais de 12 milhões, obtida a partir de dados de procura por emprego em uma semana nas principais regiões metropolitanas.
O ano de 2017 prenuncia-se tormentoso, mas neste final de 2016 já é possível visualizar situações de grande gravidade nos municípios com hospitais fechados, escolas com luz cortada, salários em atraso e o protesto popular se levantando, cada vez mais radicalizado e violento, de norte a sul do Brasil.
Unidades da Federação como o Rio de Janeiro, literalmente quebradas, apontando para o caos quando seus milhares de servidores não receberem os salários de novembro, dezembro e 13º Salário, ademais da completa paralisação dos serviços públicos. Não foi à toa que o povo do Rio de Janeiro, mais uma vez, repudiou a farsa eleitoral apresentando um somatório da abstenção com os votos nulos e brancos superiores à votação de Marcelo Crivella.
A crise política do velho Estado e do capitalismo burocrático que sustenta, não só no Brasil como em todo terceiro mundo, só poderá ser superada com a Revolução de Nova Democracia ininterrupta ao Socialismo, apesar de todas as tentativas do oportunismo e do revisionismo de fazer parar a roda da História.