Multidão invade a praça Tahrir exigindo a saída de militares do poder
A partir de meados de novembro, uma semana antes do sufrágio parlamentar agendado pelo imperialismo, o Egito voltou a ser palco de grandes manifestações contra o autoritarismo e por uma democracia popular, já quase um ano depois de o imperialismo ter articulado para cavalgar as agigantadas revoltas que levaram ao escorraçamento de Hosni Mubarak do gerenciamento do capitalismo burocrático local.
Naquela feita, as potências se aproveitaram da falta de lideranças consequentes, aquelas que poderiam conduzir as massas da rebelião à revolução, para transformar o comando do exército egípcio, espinha dorsal das estruturas de dominação no país, em governo “provisório”, de “transição” para um governo civil.
Agora, as massas tomam novamente a praça Tahrir, símbolo do que o monopólio da imprensa decidiu chamar de “primavera árabe”, para exigir a saída imediata dos militares e denunciar a farsa eleitoral como mais um estratagema para perpetuar a exploração estrangeira e o parasitismo das elites.
Como Mubarak, os militares do governo “provisório” ordenaram uma feroz repressão às massas rebeldes. Com seis dias de intensos confrontos entre o povo e as “forças de segurança”, 38 pessoas foram mortas e 3256 ficaram feridas (números oficiais do dia 24 de novembro).
Devido aos grandes protestos, o gabinete do gerenciamento interino nomeado pela Junta Militar renunciou, e os generais prometeram antecipar a formação de um governo civil, com a antecipação em seis meses das eleições presidenciais, com a promessa de um “governo de salvação nacional”. As massas egípcias, entretanto, parecem conscientes de que tudo faz parte de mais uma manobra para manter inalteradas as estruturas burocráticas e opressoras do Estado, e não abandonam a praça Tahrir.