Egito volta ser palco de protestos radicalizados

Egito volta ser palco de protestos radicalizados


A barreira montada em frente ao parlamento egípcio não resistiu à revolta da população

O Egito voltou a ser palco de agigantados e radicalizados protestos populares no fim de janeiro. Com grandes manifestações no Cairo, em Alexandria e em outras cidades do país desencadeadas por conta do segundo aniversário do retumbante levante do povo egípcio que culminou com a renúncia de Hosni Mubarak, em 2011, mas motivados pela insatisfação com as condições gerais de vida e com o gerenciamento “civil” e amigo das potências, que sucedeu Mubarak e a Junta Militar. Mais de cinquenta pessoas já morreram, sobretudo por causa da ferocidade das intervenções por parte das forças de repressão.

Na cidade de Porto Said, a condenação de 21 pessoas à morte, sentença saída das entranhas dos tribunais a serviço do velho Estado egípcio e que enfureceu as massas, foi como uma centelha a fazer estourar a rebelião.

Há cerca de um ano, e um ano depois da queda de Hosni Mubarak, 70 pessoas morreram em confrontos ocorridos em uma partida de futebol entre o time local al-Masry e um clube da capital, Cairo.

Na época, as informações da gente do povo davam conta de que os promotores do massacre foram a polícia e partidários do escorraçado Hosni Mubarak que queriam se vingar de grupos que compuseram a linha de frente dos protestos populares que fizeram cair o antigo tirano, enfrentando com paus e pedras as forças de repressão.

Pois a “justiça” egípcia optou por mandar matar 21 bodes expiatórios, ainda que tenham surgido novas evidências de que membros do “antigo regime” estiveram envolvidos no “massacre do campo de futebol”, como o episódio ficou conhecido.

Ao ouvirem a sentença, prontamente manifestantes insubordinados incendiaram uma delegacia e bloquearam a ferrovia que liga Porto Said à cidade vizinha de Ismailia.


Fortes barreiras tentam conter manifestantes em frente ao palácio

A nova vaga de protestos por uma democracia verdadeiramente popular no Egito mostra que o povo daquela nação está consciente do fato de que sua justa e corajosa rebelião foi cavalgada pelo oportunismo e pelo imperialismo, resultando no gerenciamento daquela semicolônia pela Irmandade Muçulmana, agremiação que se apresentava como “revolucionária”, chegando a iludir certa fatia de certa “esquerda”, e que ora luta com tanto fervor para se manter na administração do capitalismo burocrático egípcio.

No Egito, o povo está consciente do cenário político do país e não aceita mais tanta carestia, repressão e tantas manobras para perpetuar a opressão do povo levadas a cabo pelas forças reacionárias locais em conluio com as potências capitalistas. Falta-lhe um programa revolucionário e uma liderança consequente para tornar possível um cenário já admitido até pelo chefe das Forças Armadas do país – espinha dorsal daquele capitalismo burocrático -, o do “colapso do Estado”, do velho Estado egípcio.


Inconformados com o gerenciamento “civil”, e subserviente às potências, a população se rebela e enfrenta forte repressão

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