A cada dois anos o povo é obrigado a participar da farsa eleitoral, através da qual a burguesia e o latifúndio, serviçais do imperialismo, decidem com o concurso do voto popular, quais da canalha politiqueira que ocuparão a gerência das estruturas do velho e apodrecido Estado Brasileiro.
Ademais, como as de agora, as eleições municipais são especiais para constranger o povo com o assédio de candidatos e seus cabos eleitorais mais conhecidos e próximos da população e com isto compor a estratégia e esquemas para as eleições para deputados, senadores e principalmente de governadores e presidente. Nada do interesse do povo está em jogo. Ao contrário, essas eleições são chave para os grupos de poder e para os exploradores que eles representam.
A burguesia, quando chegou ao poder do Estado, ao alijar a nobreza dos postos de mando e expropriá-la, criou o sistema parlamentar. Hipoteticamente, o parlamento seria composto por representantes escolhidos pelo povo através de eleições livres e do voto secreto. Só hipoteticamente, sim, porque na prática as eleições para a escolha de tais “representantes do povo” sempre foram movidas a dinheiro, e muito dinheiro. Ora, se o dinheiro estava e está nas mãos dos capitalistas, como se poderia esperar eleições verdadeiramente livres quando o dinheiro é usado como instrumento da corrupção e de distorção da vontade do eleitor.
Diariamente a imprensa do USA apresenta relatório das doações de campanha para os atuais candidatos a morar na Casa Branca, numa demonstração inequívoca de que somente os candidatos que representam os interesses do “establishment” têm condições reais de participar da disputa. As dezenas de candidatos que apresentam sua postulação ao referido posto, por não possuírem o cacife financeiro dos democratas ou dos republicanos, são tratados como excêntricos, malucos ou simplesmente como algo folclórico.
No Brasil, a coisa segue pelo mesmo caminho. Examine-se os relatórios da Justiça Eleitoral sobre as doações de campanha dos principais concorrentes aos cargos de presidente, governador, prefeito, senador, deputado federal, deputado estadual e vereador, e, sem se precisar instalar nenhuma CPI, logo ficará claro a vinculação do candidato com os grupos econômicos. São banqueiros, empresas transnacionais, empreiteiras, empresas do agronegócio, redes hoteleiras, redes comerciais, redes do ensino privado, empresas de transporte, empresas de prestação de serviços como limpeza, segurança e informática, ou seja, os detentores do poder de fato numa sociedade capitalista. Isso para não se falar no dinheiro passado por fora da contabilidade oficial dos partidos e que alimentam o caixa dois ou o colchão dos candidatos.
É assim que as coisas funcionam no sistema capitalista de modo geral e com mais ênfase nas semicolônias como o Brasil, submetidas que são à tutela imperialista. Assim, as eleições implicam em mudanças que nada de significativo mudam, pois, a essência do sistema permanece inalterada. Concretamente, as eleições são realizadas para a manutenção do sistema e não para a sua modificação, para passar a ideia e sensação de que todos estão participando e decidindo. Os que participam deste jogo como candidatos devem ter isto muito claro e apresentar seu compromisso explícito com a reprodução do sistema. Foi o caso da carta aos brasileiros, escrita por Luiz Inácio e que virou documento oficial de todas as candidaturas da “esquerda” oportunista na América Latina.
Só a revolução pode mudar a essência do Estado
É comum ouvirmos da boca dos representantes da “esquerda” oportunista, comprometida com o processo eleitoral burguês-latifundiário a serviço do imperialismo, a defesa da tese de que a etapa atual da revolução brasileira é socialista. Seu discurso e sua prática apresentam tamanha distância que a palavra hipocrisia é leve para qualificar sua postura, quando docilmente comparecem à instituição eleitoral e lá se inscrevem para concorrer a um dos “lugarzinhos rendosos” no Estado burguês, como dizia Lenin. E, para amealhar alguns votos, apresentam um programinha liberal, recheado de fraseologias socialistas, que com a cara mais deslavada apresentam em seus poucos segundos de TV.
Essa gente não passa de coadjuvante da farsa encenada pela burguesia para a reprodução de seu sistema. Eleições que são vendidas como o principal atributo de sua decrépita “democracia”. Participar delas é, pois, dar aval à reprodução do sistema disseminando junto ao povo a ilusão de que participa das decisões políticas e de mudanças, de que melhores dias poderão vir para suas vidas.
A existência de melhores dias para o povo é incompatível com um sistema de dominação que mantém uma tremenda exploração sobre o país e seu povo, extraindo dos mesmos os resultados de todo o seu trabalho e de sua riqueza.
Para mudar esse quadro se faz necessário adotar o método correto, ou seja, o método de transformar o Estado através do derrubamento das classes exploradoras que representa e sua substituição pelas classes exploradas, destruindo o velho Estado reacionário e criando o novo Estado Popular.
Esse método é a revolução, o método da transformação da essência do Estado de uma velha democracia, a democracia das classes exploradoras, para uma nova democracia, a democracia das classes exploradas e oprimidas, a democracia popular.
O método dessas eleições, portanto, é o método do imperialismo, da grande burguesia e do latifúndio para manter tudo que aí está sem alteração, ou, quando muito, mudanças cosméticas, superficiais, que não modificam o sistema de exploração.
É de suma importância que fique claro que para métodos diferentes devem corresponder formas de organização e luta diferentes. Para as eleições são necessários partidos eleitoreiros, comitês eleitorais, cabos eleitorais, muita promessa, muita demagogia e principalmente muita mentira e muito dinheiro. Para a revolução, é necessário um partido revolucionário composto por quadros revolucionários e ativistas dos movimentos de massas, munidos da ideologia proletária, a ciência do marxismo, e com a disposição de organizar as massas sob o princípio de que são elas que fazem a história e que só através da violência revolucionária poderão varrer definitivamente a violência reacionária do Estado burguês opressor.
O socialismo não será implantado por decretos celestiais, como parecem esperar os oportunistas e revisionistas dessa “esquerda” de fancaria. A realização da revolução democrática capaz de quebrar os laços da dominação imperialista, de liquidar o capitalismo burocrático e o latifúndio é o único caminho possível de assegurar, de forma ininterrupta, a continuidade do processo revolucionário rumo ao socialismo.
Não se deve perder mais tempo, portanto, com o método da ilusão eleitoreira burguesa. Ponhamos mãos à obra na construção dos instrumentos da revolução. Diferente dos resultados eleitorais imediatos e inócuos, os resultados revolucionários virão a médio e longo prazo, e virão para ficar.