Eleições em Israel só interessam ao sionismo

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Eleições em Israel só interessam ao sionismo

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Enquanto prossegue a agressão sanguinária de Israel contra o povo palestino sob o silêncio lúgubre de todo o monopólio das comunicações, desenrolou-se mais um processo farsante onde os grupos de poder em Israel decidiram os postos da gerência pró-ianque que seguirão sorvendo o sangue das massas populares da palestina. A Resistência Palestina impede com heroísmo que o Estado sionista-fascista de Israel massacre e expulse seu povo e, em meio aos combates, toma iniciativas para reconstruir seu país.

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A OLP1, quase que composta exclusivamente pela Al Fatah2, aliás vem de décadas de colaboração com Israel3. Seu líder, Mahmoud Abbas, gosta de dizer que "A OLP é o único representante legítimo do povo palestino", mas sua legitimidade termina no exato instante em que a OLP reconhece a existência e aceita a presença dos invasores nas terras que pertencem ao povo que diz representar, comprometendo-lhe assim um outro direito, o de continuar resistindo ao colonialismo estrangeiro.

Pois os palestinos têm sim o direito de resistir à truculência sionista com todas as forças e recursos de que dispõem. É preciso inclusive apoiá-los na recusa a aceitar esta paz de mentira que tentam lhes impor, a esta bandeira branca manchada de sangue que tentam lhes empurrar goela abaixo, à mentira de que Israel tem o "direito de existir" enquanto força estrangeira que transformou os legítimos habitantes da Palestina em refugiados sem direitos, para depois chaciná-los com tiros, mísseis ou armas químicas.

A última farsa eleitoral organizada pelos grupos de poder israelenses foi tão picareta que sequer foi conclusiva. Ninguém abocanhou os 61 lugares no Parlamento que garantem a maioria absoluta para a formação do governo, e novamente as políticas sionistas de morte serão gerenciadas mediante os conchavos acertados entre os senhores — e senhoras — da guerra dos partidos Likud e Kadima. O resultado inconclusivo das urnas já foi usado por Barack Obama como pretexto para avalizar a impunidade. O novo comandante do imperialismo ianque já disse, chegando ao limite da hipocrisia, que a provável formação de um governo de direita representará um passo atrás para o que chama de "processo de paz".

Acordo no Egito

Reunidos no Cairo e tendo como mediador uma comissão egípcia, a Al Fatah, o Hamas4 e outras organizações da resistência Palestina anunciaram em 26 de fevereiro uma acordo para um governo de unidade até o fim de março e para a reconstrução da Faixa de Gaza. O acordo prevê a criação de comissões encarregadas de preparar e planejar a realização de novas eleições, discutir o futuro da OLP, a reconciliação nacional, entre outras tarefas.

A Frente Popular para a Libertação da Palestina — FPLP5, que há décadas compõe a Resistência Palestina, também celebrou o acordo, mas manifestou ceticismo. Marwan Fahoum, membro do birô político da FPLP explicou que "a FPLP vê o conflito árabe-sionista como um que não pode ser concluído, ou terminado com a criação do Estado palestino, mas apenas com o estabelecimento de uma democracia secular sobre todas as terras da Palestina histórica, com igualdade para todos os seus povos".

Por sua vez, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina — FDLP6 manifestou grande satisfação pelo acordo. Seu secretário geral, Nayef Hawatmeh, declarou: "A divisão que deteriorou a situação palestina constituiu um perigo direto ao projeto nacional. Por isso tivemos uma iniciativa clara e franca contra a divisão e em defesa da unidade interna e do programa nacional palestino e da OLP".

Glossário da Resistência Palestina

1OLP — Organização para a Libertação da Palestina — congregava diversas organizações da Resistência. Posteriormente foi hegemonizada pela Al Fatah, dirigida por Yasser Arafat, e hoje, em colaboração com Israel e o imperialismo ianque, dirige a Cisjordânia apesar da vitória do Hamas nas eleições de 2006.

2 Al Fatah — Movimento de Libertação Nacional da Palestina — foi fundado em 1964 por Yasser Arafat e rapidamente passou a ser a corrente palestina majoritária, controlando a OLP, ainda com um programa de destruição do Estado de Israel e criação de um Estado laico que reunisse árabes e judeus. Posteriormente, Arafat capitulou, aceitando as exigências do imperialismo, reconhecendo a existência do Estado de Israel e instituindo a Autoridade Nacional Palestina sob as ordens do USA e Israel.

3Os Acordos de Oslo são o símbolo da capitulação do Fatah e de Arafat. Nesses acordos foi selada a colaboração com os sionistas, sendo o governo da Autoridade Palestina responsável pela repressão dos grupos que persistiram na resistência. A partir de então, o Fatah reconhece oficialmente a existência do Estado de Israel e abandona o programa de um Estado único binacional.

4Hamas — Movimento de Resistência Islâmica — foi fundado em 1987 e atacou várias vezes as forças sionistas, se utilizando inclusive de homens-bomba. Desenvolve também grandes programas sociais, como escolas, hospitais, bibliotecas, distribuição de alimentos e outros serviços que granjearam a simpatia da população da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Em 2006, visando desmoralizar o Fatah e a corrupção que dominava a Autoridade Palestina, participa das eleições parlamentares e conquista a maioria das cadeiras, mas é impedido de assumir o governo pelo Fatah, apoiado pelos sionistas e ianques. De fato, apenas a Faixa de Gaza ficou sob o controle do Hamas, que aumentou sua popularidade pela posição firme quanto à resistência. Sobretudo depois dos ataques genocidas de Israel contra a Faixa de Gaza em dezembro/janeiro, o Hamas se firmou na direção inconteste da Resistência Palestina.

5http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/51/15abox1.jpgFPLP — Frente Popular para a Libertação da Palestina — Fundada em 1967 por Jore Habache, declarou se guiar pelo marxismo-leninismo, mas já nasceu sob influência do revisionismo russo. Não reconhece o Estado de Israel. Promoveu várias ações armadas, inclusive o sequestro de aviões, procurando chamar a atenção sobre o problema palestino. Integrou a OLP, chegando a ser a segunda maior força da Resistência. Com a derrocada do social-imperialismo russo, a FPLP vê decair sua influência, mas volta a crescer no período da 1ª Intifada (2001). Participou das eleições legislativas em 2006, recebendo 4,3 % dos votos. Integrou a resistência durante os ataques israelenses de dezembro/janeiro.

6http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/51/15abox2.jpgFDLP — Frente Democrática para a Libertação da Palestina — fundada em 1969 por Nayef Hawatmeh, é uma dissidência da FPLP. Em 1974 a FDLP tornou-se partidária, junto com a OLP, da criação da Autoridade Palestina. Participou da 1ª e 2ª intifadas e seu braço armado, Brigadas de Resistência Nacional, teve heróica participação na resistência aos ataques de dezembro/janeiro.

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