Embraer coloca Luiz Inácio no bolso

Embraer coloca Luiz Inácio no bolso

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A crise geral do capitalismo, que segundo a análise de Luiz Inácio seria nada mais que uma "marolinha" na semicolônia tupiniquim, demitiu, desde outubro do ano passado, 7,8 mil trabalha-dores somente no setor de máquinas e equipamentos. As indústrias deste ramo estão entre as mais atingidas pela quebradeira geral. Uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos estimou que esses números podem atingir rapidamente os 50 mil.

Recentemente, a "marolinha" atingiu em cheio a Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer. Vários compradores da empresa cancelaram ou pediram adiamento das entregas e o total previsto de venda de 270 aeronaves no ano de 2009 subitamente caiu para 242. Bastaram os primeiros reflexos de redução dos lucros da empresa para que ela anunciasse o corte de 20% na sua força de trabalho, o que corresponde a demissão de 4,2 mil funcionários.

Mais uma vez o gerente de turno se disse surpreso, sendo desmentido pelo presidente da Embraer, Frederico Curado, que afirmou ter avisado o governo às vésperas das demissões e, para suplantar qualquer tentativa de réplica, concluiu o assunto: "Não é problema do governo, ou com o Brasil. O problema é do mercado internacional".

Com o resultado negativo da demagogia náutico-financeira, Luiz Inácio encenou "indignação" diante de Arthur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores, em seu gabinete, convocando os dirigentes da Embraer para esclarecimentos. Nessa reunião, os empresários apresentaram os números da redução em 30% nas encomendas de aeronaves como motivo para as demissões. Rendido pela decisão patronal, Luiz Inácio apenas rogou por "minimizar os problemas que os demitidos enfrentarão", recebendo um categórico "vamos pensar, mas as demissões estão mantidas", como resposta.

Assim se revela a luta de classes

 Por mais que tentem negar por mil vezes a luta de classes, em tempos de crise as contradições se avolumam revelando o lado de cada um. E mais uma vez patronal, governo e oportunistas se unem para atacar toda a classe trabalhadora.

Após receber R$ 19,7 bilhões em financiamentos do BNDES nos últimos 12 anos, a Embraer decide colocar 4.200 trabalhadores no      olho da rua. Amparados por uma justiça, que também é um instrumento de classe, cuja balança na maioria absoluta das vezes pesa para o lado daqueles que manejam os cordões do poder de Estado, a classe patronal declarou em nota que "este não é o momento adequado para qualquer negociação sobre redução de jornada de trabalho sem redução de salários, haja vista que os empregados da Embraer cumprem jornada de trabalho legalmente prevista".

De imediato a Embraer ingressou na Justiça do Trabalho com um recurso contra decisão do presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas (SP), Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva, que suspendeu até o dia 13 de março último a execução das demissões sem justa causa com base no argumento de que a empresa foi afetada pela crise financeira internacional.

Enquanto isso, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, dirigido pela Conlutas/PSTU, que outrora fazia discursos em nome de um "novo sindicalismo", revelou seu verdadeiro caráter de classe, entregando-se docilmente aos braços da gerência de turno do velho Estado burguês-latifundiário. Em nota às centrais governistas publicada na página do PSTU na internet, a Conlutas as conclamam a "cobrar do governo federal que adote, imediatamente, medidas concretas para assegurar a manutenção do emprego dos trabalhadores.  Esta é a única forma de pararmos as demissões neste momento" (o grifo em negrito é nosso). Como podemos ver, o romper dos cordões não apagou nem um pouco da essência univitelina de todas as centrais governistas, que no terreno da luta de classes, correram para debaixo das asas da matrona oportunista como "única forma" de impedirem as demissões em massa que esperam, virá milagrosamente através de uma aclamada "Medida Provisória do governo".

Este é o atormentado quadro da crise do imperialismo em uma semicolônia onde os grandes burgueses fazem o que querem com o consentimento e financiamento das gerências de turno e a cobertura de todos os oportunistas.

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