Estudantes, professores e responsáveis estão se organizando em todo País para lutar pela volta imediata do ensino presencial e contra a Educação à Distância (EaD).
No final do mês de janeiro e início de fevereiro foram realizadas mobilizações nos estados do Rio de Janeiro e Paraná. Junto a isto, onde as aulas já retornaram, estudantes se mobilizam contra o sucateamento e por assistência estudantil, exigindo bolsas para permanência e o retorno do funcionamento dos Restaurantes Universitários (RU) e bibliotecas. Da mesma forma, denunciam os cortes de R$ 1 bilhão no orçamento da educação, e agora a retirada de 92% do orçamento da CAPES e de 600 mil bolsas dos programas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e Residência Pedagógica.
Organizações estudantis como o Movimento Estudantil Revolucionário (MEPR) e o Alvorada do Povo (AP) também se juntaram à luta e estão desenvolvendo uma série de ações como: protestos, debates, publicação de boletins, pichações e demais atividades, a fim de impulsionarem a justa luta dos estudantes de universidades e escolas pelo direito de estudar.
Volta às aulas
No Rio de Janeiro, estudantes de escolas federais, juntamente com seus familiares, realizaram uma série de combativos protestos em uma verdadeira jornada de lutas pela volta às aulas presenciais durante todo o fim de janeiro e início de fevereiro. Os atos do Colégio Pedro II (CPII) se destacaram, porém também ocorreram atos em outras escolas, como no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) e no Colégio de Aplicação da Uerj (CAp-Uerj).
No CPII, o retorno às aulas presenciais foi cancelado por decisão do Conselho Superior da instituição. Em resposta, pais e alunos organizaram, no dia 07/02, atos simultâneos em cada campus com os alunos fazendo agitações em frente às unidades em que estudam. Manifestações ocorreram nas unidades do Pedro II de Niterói, São Cristóvão, Centro e Humaitá. Em Niterói, os estudantes se mobilizaram naquela manhã, levaram cartazes, faixas e megafones para se posicionar contra a decisão de adiamento do retorno presencial. No mesmo dia, um ato reuniu mais de 400 estudantes na passeata que saiu do CPII Centro até à Cinelândia, no Centro do Rio.
A presidente do Grêmio Estudantil Lucimar Brandão, Ana Catarina disse que os estudantes decidiram se mobilizar após a notícia de que as aulas híbridas iriam continuar. Os jovens ficaram revoltados e realizaram uma assembleia que decidiu pela manifestação.
A psicóloga Susana Santana foi ao ato para prestar apoio à luta dos estudantes e pelo direito de estudar de sua sobrinha, Camily Vitória, que é aluna do CPII. De acordo com a trabalhadora: “Escola se faz com alunos convivendo uns com os outros, promovendo debates sociais, isso faz parte do desenvolvimento da nossa Nação”.
No dia 12/02, outra manifestação de estudantes do CPII tomou as ruas próximas ao campus de São Cristóvão. Cerca de 500 estudantes, pais, professores e apoiadores organizaram-se para cobrar do Reitor, cujo gabinete fica no campus do bairro.
Com faixas e bandeiras, os estudantes declararam que a luta não vai cessar até que seja garantido o retorno presencial de todos os estudantes. Uma das estudantes presentes no ato afirmou que: “Nós não temos 100% ainda, mas vamos lutar para ter, nem que a gente tenha que ocupar esse colégio, o Cefet, a Uerj também!”.
Defesa da Ciência Nacional
No Paraná, estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, foram às ruas, no dia 27/01, para denunciar as insuficiências e problemas da EaD no início do atual período universitário. O ato contou com a participação de diversos setores do movimento estudantil combativo. Os estudantes levantaram faixas e cartazes. Eles também denunciaram os cortes orçamentários de 15,3% na verba do MEC.
Em Maringá, também no Paraná, os estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM) conquistaram com sua luta uma importante vitória: o retorno das aulas presenciais. A decisão da Reitoria ocorreu após uma intensa mobilização de quatro dias seguidos e um protesto com 400 estudantes, no dia 24/01.
No Rio de Janeiro, estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) realizaram uma discussão sobre a luta pelo ensino presencial, travada desde 2020, e pela reabertura das Universidades à serviço da ciência. Já na Universidade Federal Fluminense (UFF) os estudantes têm se mobilizado pelo retorno do RU e pelo aumento no número de bolsas distribuídas.
Em Recife, no dia 04/02, estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizaram uma manifestação na reitoria da universidade exigindo sua reabertura imediata.
Em Dourados, Mato Grosso do Sul, os estudantes conquistaram a volta às aulas integralmente presenciais na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Com uma grande mobilização, foram derrotadas as propostas de continuação da EaD e ensino híbrido. Na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) os estudantes se mobilizaram através de um dia de atividades em 01/12/2021. Os estudantes exigem a abertura do RU e da biblioteca.
No Pará, estudantes de Pedagogia também realizaram uma discussão no dia 13/01 acerca da volta às aulas. Os estudantes também fizeram colagem e panfletagem.
Já no Rio Grande do Sul no dia 03/02 estudantes do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) protestaram contra o novo adiamento do retorno presencial. Pais e responsáveis presentes denunciaram a perda de qualidade do ensino, as falhas de comunicação e a demora para a conclusão do curso.
A privatização
O MEPR e a AP lançaram um boletim entitulado Pela abertura imediata das universidades e retorno das aulas presenciais!. O texto, que está disponível no portal de AND e no sítio das organizações, aponta que a evasão de milhares de estudantes, junto com os cortes de verbas para bolsas, pesquisas e manutenção, contribui para o fechamento ou a mudança para a EaD de cursos ou universidades inteiras.
Os estudantes denunciam que a continuidade do fechamento é um elemento a mais para a privatização que o governo busca, através da política de “precarizar para privatizar”. A posição de que a única forma possível de ensino era a EaD foi comprovada um erro, segundo as organizações estudantis. E apontam que agora a principal tarefa é lutar pela reabertura como condição de prosseguir a luta presencial contra os ataques à educação do governo militar genocida de Bolsonaro.