Uma assembléia histórica com a presença de mais de 450 estudantes. A adesão de professores, estudantes, técnicos-administrativos. 1.100 estudantes integraram o movimento. Aulas paralisadas e universidade mobilizada. Duas semanas de greve. E os estudantes da Universidade Federal de Rondônia impedem a aplicação do "plano de reestruturação" das universidades, parte da "reforma" universitária, imposta pela gerência Luiz Inácio.
Estudantes em Assembléia Geral decidem novamente pela paralisação de seus cursos
No dia 8 de setembro último a UNIR — Universidade Federal de Rondônia amanheceu em greve.
O estopim do movimento foi a publicação do Edital 2009 do Vestibular da UNIR, que confirmava a aplicação do REUNI na universidade. De acordo com o Edital, os 36 cursos dos cinco campi da UNIR teriam suas vagas "ampliadas", com base em um projeto "aprovado" durante uma reunião do Conselho Superior Universitário — CONSUN, que ocorreu em outubro de 2007, sob a vigilância e proteção das forças policiais, na Base Aérea do Sistema de Proteção da Amazônia — SIPAM, durante a segunda ocupação estudantil ao prédio da Reitoria da UNIR.
De acordo com uma nota publicada pelo Diretório Central dos Estudantes da UNIR, gestão "Dias de Luta":
"Essa reunião não é legitimada pelo conjunto da comunidade acadêmica, assim como também não reconhecemos a adesão da UNIR ao Reuni. Além disso, inúmeros departamentos já haviam se posicionado de forma contrária a expansão de vagas nos seus cursos. Desrespeitando e sepultando qualquer resquício de autonomia da Universidade, o REI(tor) da UNIR amplia, de maneira arbitrária e unilateral, as vagas dos cursos de graduação da UNIR."
Além da imposição do Reuni e ampliação das vagas à revelia dos departamentos, a Reitoria da UNIR abriu inscrições para 12 novos cursos no vestibular 2009, sem a apreciação e aprovação de seus projetos político-pedagógicos pelo Conselho Superior Acadêmico— CONSEA.
O DCE esclarece em nota à comunidade acadêmica:
"(…) com base em um decreto autoritário e em uma proposta populista e demagógica de ‘expansão e ampliação do acesso ao ensino superior público no Brasil’, se operacionaliza um processo crescente de precarização da infra-estrutura já existente, de sobrecarga de trabalho docente e de dissociação entre o ensino, a pesquisa e a extensão.
Diante de todo este quadro, inúmeros cursos da UNIR que já apresentavam problemas crônicos quanto à insuficiência de corpo docente e técnico-administrativos, infra-estrutura adequada, decidiram por formular pautas específicas de reivindicação e unificá-las em torno de um programa comum para nossa Universidade, que contemple os anseios particulares de cada curso, somado a questões como paridade nos conselhos superiores, realização de um Congresso Universitário, implementação do Restaurante Universitário e construção da Moradia Estudantil.
Até o presente momento, os cursos de Pedagogia, Informática, Geografia, Medicina, Enfermagem, Psicologia, Engenharia Elétrica, Física e Ciências Sociais estão paralisados, sendo que no primeiro dia de paralisação, inúmeros outros cursos já sinalizaram a disposição de construir a greve, tal como os cursos de Biologia, Matemática, Ciências Contábeis e Letras – Português, que realizarão Assembléias Gerais nos próximos dias."
Uma assembléia geral foi convocada pelo Diretório Central e, no dia 8 de setembro, com a presença de cerca de 450 estudantes, foi tomada a decisão pela deflagração da Greve Estudantil.
Deflagrada a greve, vários outros cursos aderiram ao movimento e já na primeira semana de mobilizações, a Reitoria recuou e se prontificou em discutir as reivindicações estudantis com o Comando Geral de Greve.
A greve estudantil na UNIR fez a Reitoria retirar a medida de "ampliação" de vagas prevista no Edital 2009 e impediu a aplicação do Reuni na Universidade, forçando o Reitor a assinar um Termo de Ajuste de Conduta, que o obriga judicialmente a cumprir com o que acordou com o Comando Geral de Greve.
A greve significou, ainda, uma nova centelha da atual onda de mobilizações, greves e ocupações de reitorias que se desencadeou neste segundo semestre de 2008 nas universidades brasileiras, significando um novo patamar de enfrentamento contra a aplicação da "reforma" universitária. Assim, concluiu o Diretório Central dos Estudantes após a vitoriosa Greve:
"Nossa greve, companheiros, foi plenamente vitoriosa. Com ela, conseguimos dar um duro golpe na aplicação do Reuni em nossa universidade. Porém, não podemos nos conformar apenas com isso. A nós se coloca a tarefa de revogar o decreto do Reuni, além de derrotar a "reforma" universitária que vem sendo implementada pelo governo Lula. Para isso, precisamos construir uma Greve Geral de âmbito nacional para derrotarmos os ataques de Lula ao ensino superior público e construirmos uma universidade pública, gratuita, de qualidade, com acesso universalizado e que produza ciência a serviço do povo."