Estudantes da PUC-MG se levantam contra aumento

Estudantes da PUC-MG se levantam contra aumento


No turno da noite, cerca de 700 estudantes participaram do protesto

No dia 15 de fevereiro mais de 500 estudantes da PUC-MG (unidade São Gabriel) protestaram contra o aumento de 9,8% nas mensalidades e deflagraram um amplo movimento que se estendeu a todos os campi da universidade. O reajuste abusivo foi efetuado pela reitoria da instituição quando os alunos ainda estavam de férias, o que provocou grande revolta.

Os alunos denunciam que nos últimos três anos, as mensalidades na universidade acumularam um aumento de 23,6%, valor absurdamente acima da inflação, que ficou em torno dos 16% nesse mesmo período.

Numa massiva assembleia, os estudantes decidiram paralisar as aulas na PUC — São Gabriel entre os dias 15 e 17 de fevereiro.  Apesar da greve estudantil a mobilização foi mantida. No dia 17 de fevereiro, cerca de 300 estudantes ocuparam a pró-reitoria do campus durante algumas horas e também bloquearam o trânsito no Anel Rodoviário, próximo à universidade.

Os estudantes denunciam que, apesar do preço elevado das mensalidades e dos sucessivos aumentos, não se percebe melhorias significativas na estrutura dos cursos, nos laboratórios, bibliotecas, etc.

— As bolsas sociais só têm diminuído, principalmente depois da adesão da PUC ao Prouni, quando bolsas sociais financiadas pela própria PUC foram substituídas por bolsas financiadas pelo governo.

As bolsas de monitoria, extensão e pesquisa não apresentam reajuste há pelo menos seis anos, e permanecem numa média de R$300, o que hoje em dia não paga nem o transporte dos estudantes. Alémd isso, o número de bolsas não cresceu, apesar de ter aberto novas turmas e cursos na unidade – explica Diego Franco David, aluno do 9º período de comunicação social, membro do comando de lutas que organiza os protestos.

— A mensalidade do curso de comunicação integrada ultrapassa os R$900, os novos currículos de publicidade e jornalismo ultrapassam os R$1.100. Existem cursos, como o de veterinária, que a mensalidade ultrapassa os R$1800! É impossível um estudante trabalhador arcar com esses custos – acrescenta Diego David.

Após a deflagração do movimento, ocorreram algumas reuniões entre uma comissão estudantil e representantes da reitoria que, segundo relato dos estudantes, não apresentaram, até o momento, propostas que contemplem as reivindicações do movimento que são:

  • A revogação do aumento das mensalidades;
  • Congelamento das mensalidades para os próximos cinco anos;
  • Rematrícula dos estudantes inadimplentes a partir da negociação de suas dívidas;
  • Reajuste das bolsas de monitoria, extensão e pesquisa em 36,5% de acordo com a soma da inflação dos últimos seis anos;
  • Participação estudantil com voto paritário nas negociações sobre aumento das mensalidades e decisões da universidade que afetem diretamente os estudantes;
  • Mais bolsas sociais da instituição para os estudantes que realmente precisam delas e não se adequam às exigências do Prouni.

Novos protestos

No dia 1º de março, cerca de 1.500 estudantes retomaram os protestos na PUC-MG, dessa vez no campus Coração Eucarístico. Alunos de diversos campi, incluindo os do interior, viajaram até 5 horas para participar das manifestações, que foram preparadas ao longo da semana com reuniões de diretórios acadêmicos e do comando de lutas que engloba diversas organizações estudantis entre DAs e entidades gerais.

No turno da manhã, aproximadamente 800 estudantes se concentraram na portaria da universidade e percorreram os corredores das faculdades convocando todos os alunos para participarem da luta. A grande demonstração de força e mobilização se repetiu no turno da noite em um novo protesto que contou com a presença de outros 700 alunos.

Enquanto o protesto estudantil tomava os corredores e pátios com tambores e bandeiras, as aulas eram interrompidas. Professores e alunos saudavam a manifestação enquanto eram convidados: “vem para a luta, vem”!

Novas palavras de ordem surgiram durante o protesto do dia 1º, entre elas, a da ocupação da reitoria. No final da mobilização do turno da noite, a rua em frente ao campus universitário foi bloqueada e uma assembleia foi improvisada. Na expectativa de o que fazer, as centenas de estudantes agitavam palavras de ordem e aguardavam uma orientação. O comando da manifestação titubeou entre radicalizar o ato ou encerrá-lo. Um grupo de estudantes convidava: “ocupe, ocupe, ocupe a reitoria!”. Após minutos de indecisão, o ato foi encerrado com a perspectiva de novos protestos no dia 13 de março em todos os campi.

No final da noite de 1º de março foi noticiado que, após a deflagração do movimento, os bolsistas da PUC-MG que trabalham 20 horas semanais tiveram um reajuste em suas bolsas de R$ 300 para R$ 400.

AND seguirá dando cobertura aos acontecimentos.

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