E o mundo diz não
Manifestantes de diversas países repudiam agressão
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O ataque ao Iraque é uma questão de tempo. Os Estados Unidos se lançarão contra o povo iraquiano, pois necessitam submetê-lo para assenhorearem-se de seu petróleo. A crise do sistema imperialista é colossal e atinge principalmente o coração do império, os EUA. Para conjurar sua crise, para não serem devorados pelo agravamento cotidiano dela, os ianques precisam da guerra. Estão esgotadas as medidas econômicas, comerciais e diplomáticas. A guerra imperialista, guerra de rapina, é o caminho para tomar colônias, para controlar mercados, fontes de energia e recursos minerais estratégicos; a guerra imperialista é o caminho para destruir forças produtivas — o mundo está imerso em uma crise de superprodução relativa — e, principalmente, para dividir o mundo entre as grandes e mais importantes potências e decidir a supremacia entre elas.
A guerra imperialista pelo petróleo
Os ataques de 11 de setembro e a campanha contra o “terrorismo” deles decorrente, a política “eu mando e quem tem juízo obedece” anunciada por Bush, o ataque ao Afeganistão, a ocupação militar nas Filipinas, os preparativos para intervir militarmente na Colômbia e agora o ataque ao Iraque fazem parte de uma política minuciosamente elaborada pelos altos círculos do imperialismo ianque. Os EUA vão espalhar suas bases militares por todo o mundo com o claro objetivo de submeter a todos aos seus desígnios de potência imperialista hegemônica mundial.
Seu objetivo imediato, o fio condutor de suas ações neste momento, está relacionado ao controle das reservas e rotas de escoamento de petróleo e gás. As previsões de esgotamento em 2020 fazem do petróleo uma riqueza estratégica. A Japão não tem petróleo, a França, a Alemanha e toda a Europa não têm petróleo. As reservas dos países árabes no Oriente Médio esgotam-se rapidamente porque ali atuam os predatórios monopólios petrolíferos, principalmente ianques. A região do Cáucaso — palco dos conflitos da Primeira e Segunda Guerra Mundiais — e a Ásia Central têm suas reservas de petróleo pouco exploradas e sob o controle do imperialismo russo. O Cáucaso está todo conflagrado. Em todos os conflitos, como na Tchetchênia, há a mão dos EUA que busca criar embaraços para o controle da Rússia sobre a região. O ataque ao Afeganistão teve por objetivo instalar bases militares americanas naquele país para garantir que seu território fosse rota segura de escoamento de petróleo da Ásia Central e um passo a mais em sua “geoestratégia” de domínio mundial.
EUA vão usar bombas nucleares contra o Iraque
Os EUA nunca se conformaram com sua expulsão do Irã, após a vitoriosa revolução dos aiatolás. Em desvantagem na região, os EUA lutam por maior controle sobre o petróleo do Oriente Médio. O Iraque tem a segunda maior reserva de petróleo do mundo e, com ou sem a aprovação da ONU, as hordas ianques investirão contra este país. E contra o povo iraquiano, certamente usarão bombas nucleares para quebrar sua resistência e aterrorizar o mundo, na vã expectativa de manter, até o final dos tempos, a tirania do seu império.
O mundo vê com assombro todos estes preparativos, se escandaliza com as mentiras que são despejadas pela mídia para justificar o injustificável, se enoja com o papel asqueroso de Tony Blair, nada mais que um cãozinho de colo de Bush. Não há razão a apresentar, não há satisfação a dar, não há norma ou direito a se cumprir. A questão é simplesmente esta: há um país que é dono da segunda maior reserva de petróleo do mundo, o petróleo é uma riqueza não renovável, que vertiginosamente se esgota, e a maior potência bélica do mundo quer, ou melhor, precisa controlar de forma restrita esta fonte valiosa de riquezas. Em última instância, esta é a situação que ameaça a todos os países pobres do mundo. Somos todos alvos da cobiça internacional, somos parte do botim disputado pelas potências imperialistas. Os governos de nossos países, lacaios do imperialismo, não se erguerão para defender-nos da exploração e da opressão.
ONU, instrumento das potências imperialistas
É pusilânime o papel desempenhado pelas potências que poderiam contestar os planos de terror dos ianques. O Conselho de Segurança da ONU é achincalhado pelos EUA, é solenemente ignorado por Israel que há 30 anos zomba de suas decisões condenando-o por agressões aos palestinos. Este Conselho de Segurança, composto por representantes de 15 países, sendo cinco deles permanentes e com poder de veto (EUA, Inglaterra, China, Rússia e França) é incapaz de tomar uma decisão minimamente aceitável, justa e legítima em defesa do povo iraquiano e de condenação deste ato de guerra inaceitável, ilegítimo, arbitrário e injusto dos EUA. A ONU, quanto mais é desancada pelos EUA, mais se desmascara como um reles instrumento de cobertura dos crimes do imperialismo sobre os países e povos oprimidos do mundo. Contra os crimes de Israel, nada. O povo iraquiano, que sofre com embargo comercial e com proibição da venda de petróleo impostos pela ONU (o que já provocou a morte de mais de um milhão de crianças, em 10 anos), vai ser atacado pela maior potência bélica do planeta sob o pretexto cretino de que seu governo não respeita decisões do Conselho de Segurança.
Todas as principais potências imperialistas do mundo, Rússia, China, França, Alemanha, Japão, Canadá e Itália têm adotado um papel de apaziguamento com os ianques. Criticam moderadamente as decisões unilaterais dos EUA, mas, secretamente, fazem acordos para consolidar seu controle sobre outras áreas que lhes ameaçam escapar das mãos.
O apaziguamento com Hitler deu no que deu
Não tenhamos dúvidas, todas essas potências imperialistas não hesitarão em entregar a vida de milhões de seres humanos como moeda de troca em suas negociações e acordos.
Nos anos 30 do século passado, após a subida de Hitler ao poder, as potências imperialistas adotaram também uma política de apaziguamento. A Inglaterra e a França recusaram-se a condenar o expansionismo alemão e assinar um tratado de não agressão com a União Soviética, àquela época um país socialista. O “espaço vital” que aos berros Hitler reclamava para Alemanha foi a necessidade unilateral apresentada pelos nazistas. Todos conhecem o resultado.
Hoje não temos a União Soviética como reserva para os povos do mundo. A China, que sob a fachada de “socialismo de mercado” oculta uma feroz ditadura burguesa-burocrática, é uma potência capitalista emergente que alimenta interesses hegemônicos expansionistas na Ásia, e tem feito negociações secretas sobre Taiwan com os EUA. A China fará uma condenação diplomática aos ianques que lhe soará como um extraordinário incentivo. Não moverá uma palha na defesa do Iraque e de nenhum país e povo pobre do mundo que for atacado. Quanto à Rússia, ela adota um discurso mais veemente porque, com o ataque ao Iraque, perde uma semicolônia estratégica e vai utilizar a prerrogativa avocada por Bush de ataque preventivo para fazer o mesmo na Tchetchênia e outras nações por ela dominadas. A França, cão de fila da Alemanha, profundamente prejudicada com o crescimento do controle dos ianques sobre as reservas de petróleo e as rotas de escoamento, também já negocia com os EUA sua participação na reconstrução do Iraque e na exploração do petróleo após a prometida derrubada de Saddam Hussein. O Japão, assim como a Alemanha, impulsiona seu rearmamento e neste momento não se proporá a desafiar os EUA.
Imperialistas ianques rufam os tambores da III Guerra Mundial
O documento intitulado “A Estratégia de Segurança Nacional do EUA”, que no último dia 20 de setembro George W. Bush encaminhou ao Congresso daquele país é uma declaração de guerra aos povos do mundo. As 33 páginas sintetizam a nova doutrina militar dos Estados Unidos, que já vem sendo posta em prática pela atual administração. O texto não contém novidades. Sintetiza posicionamentos anteriores e a nova e agressiva conduta adotada pelos ianques para enfrentar a colossal crise que atinge o sistema imperialista, mas, de forma especial, os EUA. Põe fim a maioria dos tratados de não-proliferação nuclear em favor do que chama de “contraproliferação”, que significa ações bélicas dos EUA que vão da defesa de antimísseis até o desmantelamento pelos próprios ianques das armas e componentes bélicos dos outros países. Declara que as estratégias de contenção, elementos básicos da política norte-americana desde a década de 40, deixaram de existir. Não há outra forma, neste mundo transformado, diz o documento, de conter aqueles que “odeiam os Estados Unidos e tudo o que eles representam”. O texto diz expressamente que “o presidente não pretende permitir que qualquer potência estrangeira diminua a enorme dianteira militar assumida pelos EUA desde a queda da União Soviética. Nossas forças terão poder suficiente para dissuadir potenciais adversários de empreender uma escalada militar na esperança de ultrapassar, ou mesmo igualar, o poder dos EUA”. O documento deixa claro que o FMI, o Banco Mundial e demais instrumentos do imperialismo, principalmente ianque, sofrerão ajustes para se adaptar aos novos tempos.
América Latina, alvo principal dos ianques
A rigor, o que contém o texto de Bush são as diretrizes já estabelecidas no documento intitulado “Santa Fé IV: América Latina hoje”, elaborado em 2000 por altos assessores dos complexos industrial-militar e petrolífero, aos quais está subordinado o Partido Republicano. (Ver artigo “Não há o que negociar na Alca”, AND, nº 1). As diretivas do documento de Santa Fé estão sendo minuciosamente colocadas em práticas por Bush. Apesar de conter uma análise completa da situação interna e externa, com duras críticas à administração Clinton e estabelecendo a necessidade de uma agressiva ação em todo mundo na defesa dos interesses hegemônicos dos EUA, o documento, já no título, aponta que o foco principal deles é a América Latina. Nosso continente é considerado, desde o estabelecimento da Doutrina Monroe (1823), como parte de seu território. Na disputa interimperialista, que adquire novos e mais agressivos contornos a cada dia, é fundamental para os ianques ter a América Latina como sua retaguarda segura. Seu objetivo imediato é colocar bases militares em todos os países do continente. Na América do Sul já têm bases militares ianques na Argentina, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e se preparam para ocupar a Base de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. A região amazônica, importante área da cobiça internacional, já tem bases militares dos EUA em todo seu contorno fronteiriço. No curto prazo, os ianques despejarão tropas no conflito colombiano o que levará à militarização de toda a região.
O imperialismo é um tigre de papel
Restam aos povos latino-americanos e de todo o mundo o caminho da luta; a união dos povos para uma luta sem quartel, por todos os meios e prolongada contra o imperialismo, principalmente ianque, e seus lacaios em cada país. O destino de todos os impérios é a estagnação, o apodrecimento e a morte. Hitler sonhou com um império de 1000 anos. Foi derrotado. Bush sonha com a “supremacia infinita”. Também será derrotado.