São duros os dias que correm para os irmãos trabalhadores de Portugal. A delegação da Europa do capital e do FMI já desembarcou em Lisboa para acertar os detalhes e a dimensão dos cortes de direitos e salários exigidos como contrapartida para o socorro ao Estado português falido e aos seus bancos moribundos. Duros combates com o grande capital europeu estão por vir.
Budapeste, Hungria: 50 mil manifestantes contra as medias antipovo da União Europeia
As grandes centrais sindicais portuguesas se juntaram às facções partidárias e às confederações patronais do país e resolveram sentar-se à mesa com os interventores da União Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI para darem a sua valorosa contribuição ao “resgate financeiro” de Portugal e todas as drásticas consequências para o povo que essa “ajuda” implicará.
As centrais CGTP e a UGT parecem mais afeitas a negociar com os opressores algumas amenizações pontuais do arrocho que se anuncia – “reduzir o déficit com sensibilidade social”, nas palavras do secretário-geral da UGT, João Proença – do que ajudar a mobilizar as massas trabalhadoras para rechaçar incondicionalmente a intervenção estrangeira que visa destruir os serviços públicos e degradar ainda mais as condições de vida e trabalho do povo português.
Na Romênia, centenas de professores concentraram-se na frente do ministério da Educação no dia 26 de março para protestar contra os salários atrasados. O FMI determinou à gerência romena o fechamento de 1.500 quilômetros de ferrovias para cortar gastos. Na Itália, Silvio Berlusconi anunciou a privatização até do coliseu romano, dando sequência à sanha privatista do patrimônio cultural e museológico italiano, na qual empresas do próprio primeiro-ministro vêm abocanhando algumas “concessões de exploração” a título de atos de mecenato.
No dia 9 de abril, cerca de 50 mil pessoas marcharam pelas ruas de Budapeste, capital da Hungria, para pressionar os ministros das Finanças dos 27 países-membros da União Europeia que estavam reunidos na cidade, em protesto contra as suas draconianas políticas antipovo. Na Irlanda, a magnitude do repasse de dinheiro público aos bancos privados já chega a 70 bilhões de euros, ou nada menos do que 45% do Produto Interno Bruto irlandês. Um descalabro! Um assalto de grandes proporções às riquezas produzidas pelo povo!
A devida resposta das massas à precarização
Na Islândia, o povo voltou a frustrar os planos de banqueiros holandeses e britânicos, ávidos por liquidez para sua contabilidade agonizante, de realizarem um grande saque de mais de dois bilhões e meio de euros ao pequeno país de apenas 230 mil habitantes.
A gerência islandesa, pau-mandada dos grandes capitalistas europeus, insistiu na realização de um segundo referendo para consultar a população local sobre o pagamento de uma dívida bilionária criada por bancos estrangeiros em meio ao auge da farra especulativa de há poucos anos, quando um banco da Islândia ofereceu juros acima da média, atraiu os ansiosos por multiplicar dinheiro à custa do peso que esses juros exercem sobre a população, não suportou o tamanho da manobra e quebrou.
Por imperativos constitucionais, a gerência da Islândia não pode pagar a dívida cobrada pela Holanda e pela Grã-Bretanha sem perguntar antes ao povo. Por isso, organizou um referendo em março do ano passado para tentar obter o aval legal para sua subserviência. Porém, apesar das ameaças dirigidas à população da Islândia pela Grã-Bretanha e da imensa contrapropaganda do próprio governo local de que pagar era a melhor alternativa para o país, 93% dos islandeses disseram um sonoro “não” à roubalheira.
Pois os banqueiros e a gerência da Islândia voltaram à carga. Organizaram um novo referendo, reforçaram as chantagens e ameaças e incrementaram a contrapropaganda, mas o povo islandês voltou à dizer “não” à rapina que os poderosos e seus títeres querem institucionalizar (ainda que o “não” tenha alcançado uma porcentagem menor: 59,1%).
Mas o povo islandês precisa ficar atento, porque o grande capital em crise voltará em uma nova ofensiva. Avanços predatórios sobre os direitos dos povos estão em curso em todo o território europeu, mas os poderosos estão encontrando a devida resposta das massas nas ruas, com greves, protestos, barricadas e corajosos enfrentamentos com os aparatos repressivos, vide a marcha de 250 mil pessoas no centro de Londres, no último dia 26 de março, para protestar contra o corte de US$ 130 bilhões nos gastos públicos pretendido pela gerência do primeiro-ministro britânico, David Cameron, quando os manifestantes quebraram agências bancárias e enfrentaram a polícia com as devidas coragem e altivez.