De Cabul a Qualat, de Nimroz a Kandahar, milhares de afegãos foram às ruas…
O imperialismo, chafurdado em profundas dificuldades em sua aventura no Afeganistão, viu o país ebulir em vigorosas rebeliões populares no mês de abril na sequência de uma provocação feita por um fanático religioso ianque, que, no USA, pôs fogo em um exemplar do Corão, cacarejando que o livro-base do Islã é “responsável por assassinatos e pelo terrorismo”. Um livro, e não os chefes das potências capitalistas.
Foram vários dias de intensos protestos que, a despeito da forte repressão que vigora no Afeganistão sob a ocupação imperialista, reuniram milhares de pessoas em marchas e corajosos enfrentamentos com a polícia e os militares em várias cidades do país: de Cabul a Qalat, de Nimroz a Kandahar.
Oito funcionários da ONU que serviam de bom grado à criminosa ocupação do país foram justiçados pelo povo rebelde na sede das Nações Unidas no norte afegão, na cidade de Mazar-e-Sharif.
…em protestos, pondo em xeque as tropas imperialistas
Entretanto, ao contrário do que o USA e o monopólio internacional dos meios de comunicação tentaram fazer crer em mais estes episódios de insurreições populares no Afeganistão, assim como em outros semelhantes, os massivos protestos de março não foram meros tumultos, nem tampouco foram protagonizados por “fundamentalistas islâmicos” – esta expressão tão cara ao imperialismo, que a usa como salvo-conduto para seus crimes –, mas sim atos organizados e integrados por trabalhadores e estudantes conscientes da situação do seu país e apoiadores da luta armada de libertação nacional promovida pela resistência afegã.
Exemplo disso foi a manifestação estudantil do dia 5 de abril em Cabul, na qual a juventude ergueu faixas com dizeres anti-imperialistas e antissionistas. Três dias antes, 500 estudantes bloquearam durante horas a estrada que liga a cidade de Jalalabad à capital, onde em várias marchas o povo voltou a queimar bandeiras do USA.
Da mesma forma, surgiram inúmeros contrainformes das agências de notícias internacionais dando conta, falsamente, de que os populares, supostamente “pacíficos”, têm sido manipulados pelos “militantes” armados.
Oito baixas do invasor em 24h
O imperialismo gosta é de insurreições que carecem de lideranças consequentes, desaguando em conformações de todo tipo. Quando uma luta de libertação nacional une um país, a contrapropaganda entra em campo!
A retaliação dos invasores e do governo títere do Afeganistão ao grande ataque à sede da ONU em Mazar-e-Sharif tem sido violenta. A polícia e os mercenários do USA vêm abrindo fogo contra as multidões reunidas em protestos. Informações dão conta de dezenas de mortos em meio à rebelião popular. No dia 2 de abril as autoridades de Kandahar ordenaram uma chacina que deixou dez mortos durante uma manifestação, além de 83 feridos à bala, e colocou a culpa do massacre em “insurgentes talibãs armados”.
Episódios deste tipo têm se repetido, mas só têm se repetido porque o povo não se intimida com as ameaças e intimidações a ele dirigidas pelo imperialismo e seus fantoches locais, ambos em apuros ante a resistência e a obstinação das massas.
No domingo, dia 17 de abril, a Otan confirmou a morte de oito dos seus soldados no Afeganistão nas 24 horas de maiores revezes para o invasor estrangeiro no país em 2011. As primeiras cinco baixas aconteceram ainda no sábado, dia anterior, em um ataque da resistência a uma base inimiga. Já no domingo, três agentes da Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf) tombaram mortos no sul afegão.
No dia seguinte, segunda-feira 18 de abril, mais dois soldados da Otan foram mortos e outros sete ficaram feridos em um ataque da resistência ao prédio do Ministério da Defesa do Afeganistão, em Cabul. O alvo primordial era o ministro francês da Defesa, Gérard Longuet, que acabou não sendo alvejado.
Contra as bombas, os aviões teleguiados, os soldados estrangeiros armados até os dentes e os mercenários a serviço do invasor, o povo afegão segue resistindo bravamente à criminosa ocupação do seu território, com protestos anti-imperialistas e retumbantes ações da luta armada, impondo ao USA e aos seus cúmplices, cada dia mais, a cada baixa da Otan, a certeza da derrota inevitável.