O início do ano registrou um crescimento nas greves e lutas classistas.
Os enfermeiros realizaram um dia inteiro de protestos exigindo a implementação do piso salarial. Os atos ocorreram nos estados da BA, MG, AM, RO, PI, RN e PE. O piso salarial, aprovado ano passado, foi barrado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Os trabalhadores denunciam a demagogia dos governos e do STF que, durante a pandemia, chamavam-os de “heróis” e, agora, condenam-os ao empobrecimento.
Os professores municipais e estaduais de SP, TO, PR, RN e CE também se mobilizaram e, através de greves e marchas, exigiram o seu piso e reajuste salarial para 2023. A situação crítica dos trabalhadores é tal que os professores estaduais do RS e do DF não recebem reajuste salarial há pelo menos 8 anos. Além disso, 4 em cada 10 professores estaduais têm contratos temporários, recebendo menores salários e com menos direitos.
Os metroviários de Belo Horizonte realizam greve desde o dia 15 de fevereiro, exigindo a revogação do leilão do metrô e contra o risco de demissões. Estima-se que cerca de 1,6 mil deles serão demitidos. O sindicato da categoria denuncia o governo federal, que “se comprometeu em barrar a privatização, mas até agora não há nada concreto”. Em janeiro, na mesma cidade, os rodoviários também realizaram greve por aumento salarial e redução da jornada.
Em janeiro, em SP, operários da Sidor de Sorocaba realizaram um protesto em frente à fábrica, como parte de uma greve que exigiu os salários atrasados. Graças à luta, a empresa depositou o 13º atrasado.
Luta camponesa
O início do ano foi marcado pela luta de milhares de famílias camponesas por todo o Brasil. Castigadas pela fome e pela concentração de terras, os camponeses pobres tomaram terras, enfrentaram pistoleiros e latifundiários por todo o Brasil.
Em SP, PR, MS e AL, ocorreu o “Carnaval Vermelho”, organizado pela Frente Nacional de Lutas. Mais de 1,4 mil famílias tomaram terras públicas que deveriam ser da “reforma agrária”, mas que se encontravam ilegalmente nas mãos de poucos latifundiários.
Na Bahia, mais de 15 mil camponeses se mobilizam em janeiro e fevereiro. Em Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas, 1,7 mil famílias ocupam terras. A prefeitura de Santa Cruz de Cabrália foi ocupada por 200 camponeses por melhores condições nas rodovias e pela construção de uma ponte. Em Sento Sé, 300 camponeses protestaram contra mineração e exigiram melhoras na rodovia. Um protesto ocorreu em Correntina contra a grilagem e a pistolagem. Em Itabela 178 famílias foram despejadas de suas terras.
Na tentativa de impedir o aumento da luta camponesa, o velho Estado a atacou brutalmente em RO, na Área Tiago dos Santos. No dia 28/01, uma chacina ocorreu em Nova Mutum-Paraná, onde militares e pistoleiros executaram dois camponeses após torturá-los. A Liga dos Camponeses Pobres denunciou ainda que dezenas de famílias foram roubadas e tiveram seus pertences destruídos. “Até quando essa tropa de assassinos, de bandidos fardados do velho Estado, seguirão cometendo impunemente torturas e matanças de camponeses?”, questiona o movimento.