Corumbiara, 22 de julho – Reproduzimos, na íntegra, nota do CODEVISE — Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina, publicada no último 22 de julho.
Na manhã de hoje, 70 policiais militares dos municípios de Vilhena, Colorado, Cerejeiras, Pimenteiras, Corumbiara, Chupinguaia e Cabixi, em uma verdadeira operação de guerra, despejaram as 100 famílias que desde o dia 11 de maio haviam tomado a fazenda Santa Elina, local este, palco do chamado Massacre de Corumbiara, ocorrido no dia 09 de agosto de 1995. Os policiais, após o despejo, queimaram todos os nossos barracos com os pertences dentro.
No dia 20 deste mês 10 agentes do IBAMA e da Polícia Federal desceram de helicóptero perto do acampamento e disseram-nos que podíamos ficar sossegados, que não haveria despejo algum. Não acreditamos, pois desconfiamos que podia apenas ser um levantamento para a futura expulsão conforme aconteceu.
A maior parte dos acampados é sobrevivente do massacre, e desde que ocupamos a Santa Elina, inúmeras tentativas de nos enrolar e desmobilizar nosso acampamento tem sido feitas, principalmente pelo INCRA e o senhor Gercino, da Ouvidoria Agrária Nacional. Primeiro nos disseram que iam vistoriar a Santa Elina, depois disseram que iam suspender a liminar de reintegração de posse, depois que teríamos que sair da área para poder cortá-la. Ora, já dissemos várias vezes que cansamos de esperar!
São 13 anos de promessas não cumpridas, em especial de Lula, de que se fosse eleito, cortaria a Santa Elina e indenizaria as vítimas do massacre. Não vamos esperar pelo INCRA, vamos retomar a Santa Elina novamente, e não será com ameaças de um novo massacre que09 vamos desistir dela.
A Santa Elina é nossa!
O povo quer terra, não repressão!
Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina
Soa ridículo como a imprensa venal de Rondônia se posiciona diante do violento despejo das famílias de Santa Elina. Os jornais de Rondônia, retirando trechos deste comunicado que reproduzimos acima, grifaram a palavra “brutal” para ironizar o manifesto do CODEVISE e sugerir que o despejo das famílias pela PM teria sido pacífico.
Então é pacífico o ato de despejar famílias, queimar suas casas, mesmo após reiteradas promessas de que não seriam retirados e receberiam aquelas terras?
Da mesma forma, o movimento designado como MAP — Movimento Agrário Popular — que de forma oportunista atuava junto a algumas famílias que ocupavam a Santa Elina e que tentou durante todo o tempo sabotar a retomada da fazenda. Segundo denunciam membros do CODEVISE, além de quebrar as regras e a organização do acampamento, o que levou alguns de seus membros a serem expulsos da área, esses elementos cumpriram o abjeto papel de porta-vozes do latifúndio, defendendo a retirada das famílias, legitimando o cumprimento do despejo.
Como noticiamos na última edição de AND: A Santa Elina é dos camponeses!
Estes órgãos de imprensa das classes reacionárias, bem como todo o aparato de repressão do Estado, desempenham o mais vil papel de defesa do latifúndio. E Luiz Inácio, por sua vez, não se preocupa em cumprir as mínimas promessas, como o compromisso feito publicamente de cortar a Santa Elina e entregar suas terras aos camponeses.