Figuras da Classe Operária – Outubro

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Figuras da Classe Operária – Outubro

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/82/12lamarca.jpgCarlos Lamarca

Dirigente da VPR e do MR8.

Nascido no Rio de Janeiro, em 27 de outubro de 1937.

Carlos Lamarca formou-se, em 1960, pela Escola Militar das Agulhas Negras, em Resende — RJ, obtendo a patente de capitão em 1967.

“Sou um dos poucos oficiais brasileiros de origem operária. Estudei com sacrifício de meus pais e escolhi a carreira por entender que as Forças Armadas teriam condições de contribuir para o desenvolvimento e emancipação do meu País. Logo me desiludi” [entrevista ao jornal chileno Punto Final, abril de 1970].

Quando militava na Vanguarda Popular Revolucionária — VPR, organizou e dirigiu a ação de expropriação de armas e munições do quartel, conquistando 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras leves e muita munição para a luta armada. 

Em abril de 1971, devido a contradições com as concepções de luta da VPR, Lamarca passa a integrar as fileiras do Movimento Revolucionário 8 de Outubro — MR-8.  Em junho desse ano, Lamarca  deslocou-se  para o sertão da Bahia,  município de Brotas de Macaúbas,  com a  finalidade de estabelecer  uma base revolucionária para sustentar a luta armada.

Diversas fontes, entre elas o filme Lamarca, estrelado por Paulo Betti, relatam a morte de Lamarca em combate, quase isolado no sertão baiano. Porém, em entrevista exclusiva concedida a AND em sua edição nº 56, o ex-militante da VPR, Adauto Dourado de Carvalho, relatou que Lamarca foi assassinado, provavelmente em setembro de 1971:

— A morte do Lamarca como se fosse em um tiroteio foi montada e é uma farsa. O caso da Anistia do Lamarca foi e é muito polêmico, pois ele era militar, um grande militar — conta Adauto, acrescentando — O Lamarca e a Iara (Iavelberg) foram assassinados a coronhadas no DOI-CODI de Salvador.

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/82/12alexandre.jpgAlexandre Vannucchi Leme

Militante da Ação Libertadora Nacional.

Nasceu em 5 de outubro de 1950, em Sorocaba — SP.

Cursava o 4° ano de Geologia na USP quando foi assassinado. Alexandre Vannucchi foi preso por agentes do DOI-CODI — SP no dia 16 de março de 1973, por volta de 11 horas

Entre uma seção de tortura e outra, gritava para que os demais presos políticos ouvissem: “Meu nome é Alexandre Vannucchi Leme, sou estudante de Geologia, me acusam de ser da ALN… eu só disse meu nome…”

No final da tarde do dia 17 de março, os presos foram obrigados a ficar no fundo das celas, de costas. Mesmo assim, puderam ver um corpo ser arrastado, espalhando sangue por todo o pátio da carceragem. Era Alexandre Vannucchi, assassinado, aos 22 anos, pelos gorilas do regime fascista.

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/82/12grabois.jpgMaurício Grabois

Dirigente do Partido Comunista do Brasil – PCdoB.

Nasceu em Salvador — BA, no dia 2 de outubro de 1912.

Aos 18 anos, o jovem Maurício Grabois era admitido nas fileiras do Partido Comunista do Brasil — PCB e, pouco depois, se tornaria o responsável pela agitação e propaganda da Juventude Comunista do Brasil.

Em 1935, Maurício Grabois entregou-se de corpo e alma na luta antifascista empenhando-se na construção da Aliança Nacional Libertadora — ANL.

Foi condenado à revelia, em 1940 pelo Estado Novo de Getúlio Vargas e preso no início de 1941 no Rio de Janeiro. Libertado no início de 1942 fez parte da Comissão Nacional de Organização Provisória – CNOP, encarregada da reorganização do PCB.

Entre maio de 1945 e 1949, dirigiu o jornal A Classe Operária, órgão do partido.

Em 1945 foi eleito deputado pelo PCB e foi líder da bancada comunista, com destacado papel na constituinte de 1946. Em 1947, com o fim da legalidade do PCB, Grabois, bem como todos os parlamentares comunistas, teve seu mandato cassado e passou a atuar, novamente, na clandestinidade.

Após o XX congresso do PCUS, em 1956, rechaçou a política revisionista desse partido explicitando as agudas divergências entre os autênticos marxistas-leninistas do Brasil e os revisionistas soviéticos. Redigiu a contundente Resposta a Kruschov, denunciando a traição e o revisionismo da direção do PCUS ao partido de Lenin e Stalin.

Em fevereiro de 1962, juntamente com Pedro Pomar, Carlos Danielli e outros dirigentes, vanguardeou a ruptura com o PCBrasileiro revisionista de Prestes e a construção do Partido Comunista do Brasil – PCdoB.

Em março de 1962 foi relançado o jornal A Classe Operária, órgão central do PCdoB, dirigido por Grabois e Pomar.

Após o golpe militar-fascista de 1° de abril de 1964, teve seus direitos políticos cassados e voltou a viver em dura clandestinidade.

Maurício Grabois, ou o “velho Mário”, como era chamado pelos guerrilheiros e moradores do Araguaia, foi o comandante das Forças Guerrilheiras, membro e dirigente da Comissão Militar.

Combateu entre os melhores filhos do povo brasileiro nas selvas do sul do Pará e tombou como herói de nosso povo, de armas nas mãos.

Recentemente foi publicado o que foi anunciado como o diário de Maurício Grabois*, com suas anotações sobre a Guerrilha do Araguaia de 30 de abril de 1972 a 25 de dezembro de 1973. O que se diz desse documento é que ele foi copiado, à mão, por militares e posteriormente publicado, e também que o relatório original foi destruído, o que nos impede de atestar sua completa autenticidade.

Mas pelos relatos e dados presentes, pode-se concluir que todos, senão a maior parte dos elementos relatados, só poderiam ser feitos por um profundo conhecedor da região, da linha do PCdoB e dos combatentes.

Em cada palavra desse diário é possível notar a firmeza e a inarredável convicção de Maurício Grabois na luta revolucionária para a derrubada da velha ordem e no inevitável triunfo da revolução. São preciosas lições que devem ser estudadas e incorporadas pelos revolucionários e democratas brasileiros e de todo o mundo.

Até a publicação desta edição de AND (outubro de 2011) o diário de Maurício Grabois podia ser encontrado no seguinte endereço na internet:

www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Di%C3%A1rio_de_Maur%C3%ADcio_Grabois.pdf

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/82/12daniel.jpgDaniel Ribeiro Callado

Militante do Partido Comunista do Brasil — PCdoB.

Nasceu em São Gonçalo – RJ, em 16 de outubro de 1940.

Fez o curso de ajustador pelo SENAI e, aos 16 anos, passou a trabalhar como operário. Devido à intensa perseguição política, transferiu-se para o Araguaia e incorporou-se ao Destacamento C da guerrilha dirigida pelo PCdoB.

Era proprietário de um barco a motor, o “Carajá”, e juntamente com Paulo Rodrigues, outro guerrilheiro, comercializava e auxiliava os camponeses no percurso do Rio Araguaia.

Foi visto vivo pela última vez por seus companheiros no dia 25 de dezembro de 1973.

É considerado ‘desaparecido’ desde 1974, aos 34 anos de idade.

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/82/12luiza.jpgLuísa Augusta Garlippe

Militante do Partido Comunista do Brasil – PCdoB.

Nasceu em Araraquara – SP, em 16 de outubro de 1941.

Estudou Enfermagem na USP, formando-se em 1964. Trabalhou no Hospital das Clínicas, chegando a Enfermeira-Chefe do Departamento de Doenças Tropicais, assunto em que se especializou, fazendo inclusive algumas viagens pelo país como ao Amapá e Acre.

Participava da Associação dos Funcionários do Hospital das Clínicas, distribuindo panfletos e organizando seus colegas de trabalho.

Transferiu-se para a região do Rio Gameleira, no Araguaia, onde desenvolveu intenso trabalho de saúde entre a população, destacando-se como parteira.

Pertenceu ao Destacamento B da guerrilha e chegou a ocupar o papel de “bula” (responsável pela saúde) da Comissão Militar da guerrilha.

Foi vista viva pela última vez por seus companheiros no dia 25 de dezembro de 1973.

É considerada ‘desaparecida’ desde 1974, quando tinha 33 anos de idade.

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/82/12orlando.jpgOrlando Momente

Militante do Partido Comunista do Brasil – PCdoB.

Nascido em 10 de outubro de 1933, em Rio Claro – SP.

Militou no PCB e, após a ruptura de 1962, passou a integrar as fileiras do PCdoB.

Trabalhou como operário em São Paulo e, devido à intensa perseguição política, foi viver no norte de Goiás e posteriormente no sul do Pará, próximo à Transamazônica, na localidade de Paxiba.

Os que o conheciam relatam que Orlando sabia sair-se com facilidade de situações difíceis. Em algumas ocasiões esteve frente a frente com agentes da repressão e, passando por camponês, dava informações erradas sobre os guerrilheiros, contando para isto com a ajuda dos moradores que o apresentavam como compadre ou parente.

Pertencia ao Destacamento A – Helenira Resende – da guerrilha.

Foi visto pela última vez por seus companheiros no dia 30 de dezembro de 1973.

José Roman

Dirigente do Partido Comunista do Brasil – PCB.

Nasceu em 4 de outubro de 1926, em São Paulo.

Há pouquíssimos relatos sobre José Roman. São páginas ainda não escritas com tinta, mas registradas com sangue.

José Roman era dirigente do PCB e fazia parte de um compacto grupo de firmes militantes, velhos dirigentes, que apesar da completa traição e capitulação do revisionista PCBrasileiro de Prestes, mantinham-se firmes no combate ao regime militar-fascista e, por isso, eram caçados pelas forças de repressão que os queriam mortos.

Ele era um companheiro próximo do dirigente David Capistrano e os relatos contam que ambos foram presos juntos em março de 1974, no sul do país, quando Capistrano retornava clandestinamente ao Brasil.

David Capistrano, conforme foi posteriormente comprovado, foi barbaramente torturado e esquartejado na famigerada Casa de Petrópolis, um sítio clandestino mantido pelo regime militar fascista que torturava e assassinava revolucionários em tempo integral.

O destino de José Roman, nas mãos dos verdugos fascistas, não poderia ser diferente. Ainda assim ele é considerado ‘desaparecido’, em março de 1974, aos 49 anos de idade.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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