Em grande parte dos países do mundo as massas se organizam e se mobilizam para fazer frente às demissões e à retirada de direitos. Enquanto isso, mega-corporações imperialistas decretam falência ao mesmo tempo em que outras têm suas sedes ocupadas ou destruídas por operários em fúria.
Saúde – Florianópolis
Por aqui, o serviço público continua sendo lesado pelos baixos salários e péssimas condições de trabalho. Com isso, a cada dia novas greves são deflagradas por servidores municipais, estaduais e federais pelo país afora.
Servidores – Vitória
Na saúde, servidores públicos nos municípios de Fortaleza, Vitória, Maceió, Florianópolis e Barreirinhas, no Maranhão; e nos estados do Piauí e Pernambuco, também deflagraram greve no final de maio e início de junho por melhores salários. Diante da impossibilidade de trabalhar, os centros de atendimento, postos de saúde e hospitais fecham as portas em protesto. O monopólio da imprensa culpa os profissionais, totalmente abandonados pelo Estado e governos corruptos, insufla as massas contra os grevistas. A situação é caótica, e quem sofre ainda mais com isso é o povo pobre. O único remédio é a greve, e elas têm se multiplicado mostrando que a saúde pública de fato é uma grande ferida aberta no velho Estado burocrático brasileiro.
Professores – SP
Na educação, professores e funcionários nas capitais Vitória, Salvador e Recife e nos municípios sul-mato-grossenses de Ponta Porã, Coxim e Dourados decretaram greve no final de maio. Assim como os trabalhadores da rede estadual de ensino no Ceará e em São Paulo, onde universidades como Unesp e Unicamp também pararam.
Professores – CE
Em Pernambuco, professores do setor privado decretaram greve exigindo dos donos de escolas 12% de reajuste salarial. Em Belo Horizonte, no UNI-BH, no início do ano, os professores deflagraram greve devido ao atraso de pagamentos em mais de 5 meses. É o desenrolar da quebradeira dos centros comerciais em que se converteram as universidades privadas brasileiras.
Nos outros setores, trabalhadores do INSS no Paraná cruzaram os braços no dia 1º de junho por uma flexibilização na carga de trabalho. De acordo com Jaqueline Mendes de Gusmão, presidente do sindicato que representa a categoria, "se é para aumentar o horário de atendimento, que criem dois turnos ou aumentem os salários. Nós não iremos trabalhar dobrado".
No dia seguinte, funcionários da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) decretaram greve nacional que já mobiliza 6.700 trabalhadores, o equivalente a 80% do efetivo. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário, Walter Endres, "há 40 dias os trabalhadores apresentaram a pauta de reivindicações, mas não houve acordo".
Embrapa
Outras greves foram decretadas no início de junho no interior do estado de São Paulo por servidores públicos de Hortolândia, da Fundação Casa (antiga Febem) de Bauru, e de Campinas, onde a mobilização dos trabalhadores nos 15 dias de greve trouxe importantes lições e conquistas para a categoria.
Na Bahia, além da educação, 280 servidores federais do TRE também cruzaram os braços no dia 1º de junho em protesto contra a omissão da lista de precedência do concurso de remoção, que permite aos funcionários mudarem suas áreas de atuação para outras cidades. Segundo o Coordenador Geral do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal na Bahia, Rogério Fagundes, "caso o TRE não se pronuncie, será decretada uma greve por tempo indeterminado".
No Rio Grande do Norte, a greve de advogados e engenheiros da Caixa Econômica Federal já está perto de completar dois meses. A categoria exige unificação das carreiras e o fim da rigidez e burocracia na própria Caixa.
No setor de transportes, entre o final de maio e o início de junho, greves foram deflagradas por trabalhadores rodoviários em Salvador e Itabuna, na Bahia; nos distritos de Ananindeua e Marituba, no Pará; em Sorocaba e Campinas, em São Paulo; em Cuiabá, capital mato-grossense; no Rio de Janeiro, em São Luís do Maranhão, em Manaus, AM, e em Teresina, no Piauí.
Servidores – Campinas
Na construção civil o movimento de greves continua crescendo em todo país. No dia 27 de abril mais de 10 mil operários de 16 empreiteiras que prestam serviços para a Usiminas no litoral paulista decretaram greve por tempo indeterminado reivindicando reajuste de 8% e participação nos lucros ou resultados (PLR) de um salário-base. Os trabalhadores têm o apoio dos metalúrgicos da Usiminas que também estão em greve e realizaram, juntos, duas manifestações nos dias 27 e 28 e abril. Os manifestantes bloquearam por mais de seis horas a Rodovia Cônego Domenico Rangoni e fizeram vigília por três dias na porta da usina de Cubatão (antiga Cosipa).
Enquanto patrões continuarem descarregando nos trabalhadores o interminável ônus da crise mundial do imperialismo, greves e combativos protestos seguirão se multiplicando em todas as partes do país.
Trabalhadores se revoltam nos quatro cantos do planeta
Ao redor do mundo a situação não é diferente. Em todos os continentes as massas impõem sua autoridade deflagrando greves e manifestações contra esse sistema de exploração.
No dia 14 de maio, cerca de 70 mil pessoas marcharam pelas ruas de Madri em defesa de seus empregos. Manifestantes de Espanha, Portugal, França, Itália, Bélgica, Turquia e Andorra participaram do ato que repudiou o termo flexicurity (flexicuridade), criado pelos patrões da Comissão Européia na fracassada Cúpula do Emprego e que engloba as palavras inglesas flexibility (flexibilidade) e security (segurança). O novo conceito prega a "flexibilização" dos direitos trabalhistas, que seria compensada por uma suposta "segurança" de emprego.
Na Itália, trabalhadores da Fiat fizeram greve por uma semana contra o corte de empregos anunciado pela direção da empresa no final de maio. Operários dos setores de peças e componentes plásticos e de sistema de suspensão, ambas as unidades ligadas a Magneti Marelli, cruzaram os braços diminuindo o lucro dos patrões em 1.500 carros por dia.
Na Coréia do Sul, trabalhadores da gigante SsangYong Motors, entraram em greve no dia 21 de maio contra a demissão de mil operários, anunciada pela direção da empresa dias antes. A entrada das principais fábricas do país foram bloqueadas pelos trabalhadores e nem diretores de primeiro escalão tiveram sua entrada autorizada.
No dia 26 de maio, ferroviários franceses realizaram nova paralisação de 24h para pressionar a concessionária SCNF, que controla o serviço no país, por melhores salários e para manter a pressão dos trabalhadores sobre a gerência Sarkozy, que sustenta uma longa lista de agressões ao povo francês.
Na Alemanha, dia 29 de maio, professores decretaram greve por melhores salários e receberam todo apoio de estudantes e servidores. Eles dizem que estão "sobrecarregados com a burocracia e muitos já sofrem de problemas de saúde causados pelo excesso de trabalho". Segundo estudo realizado pela Fundação Hans Boeckler, a média de dias em greve por ano a cada mil trabalhadores, entre 1998 e 2007, não ultrapassou 72 horas. Atualmente o número já atinge 93 dias. Em países como a Dinamarca, a média chega a 157,3 dias de greve por ano, desde o início da crise.