No final de janeiro, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, se reuniu com 30 categorias de funcionários públicos. Ele teve a audácia de pedir paciência aos trabalhadores e afirmou que "greve não faz aparecer dinheiro e não resolve o problema". Os trabalhadores responderam dando continuidade às paralisações e prometendo uma greve geral.
Advogados públicos federais continuam em greve
Em fevereiro, estiveram reunidos em Brasília, delegados sindicais de várias categorias de servidores públicos federais. Eles estão insatisfeitos com a decisão do governo de cortar R$ 5 bilhões previstos para aumentos salariais, na tentativa de compensar a perda dos recursos da CPMF. Diante da situação, os funcionários públicos estão muito perto de decretar uma greve geral.
Eles estão dispostos a colocar em prática todas as formas de luta para conseguir seus direitos. Em 26 de março realizarão manifestação em Brasília.
Os representantes da Confederação dos Servidores Públicos Federais (Condsef) acreditam que o orçamento já aprovado pelos parlamentares é insuficiente para assegurar as reposições salariais, previstas para este ano. Segundo Josemilton Costa, secretário geral da Condsef, se as reposições salariais não forem garantidas, os trabalhadores pensarão seriamente em uma paralisação nacional do setor público federal, em abril.
Nos mais diversos estados brasileiros, as paralisações continuam. Em greve já estão os advogados públicos federais, e em estado de greve estão os auditores fiscais do trabalho, os docentes universitários, os funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e os servidores da Polícia Rodoviária Federal.
Nacional
Greve dos advogados continua
A greve dos advogados públicos federais, iniciada em 17 de janeiro deste ano, continua. A paralisação foi iniciada após o anúncio de que o governo suspenderia os reajustes salariais negociados no final do ano passado.
Cerca de seis mil advogados aderiram ao movimento. A Ordem dos Advogados do Brasil já manifestou apoio à categoria. Até agora não houve negociação com o governo federal.
Alagoas
Alagoas, desde 2005, é o estado brasileiro onde ocorrem mais greves no setor público. A mais recente paralisação foi a dos agentes penitenciários, que ocorreu em 20 de fevereiro. O governo estadual não havia cumprido o acordo com os agentes de pagar o adicional noturno. Eles também exigiam melhores condições de trabalho e reajuste salarial. O adicional noturno foi pago no mesmo dia e a greve encerrada após algumas horas.
Uma das mais longas greves foi a dos policiais civis. Eles estavam com os trabalhos parados desde agosto do ano passado e encerraram a greve em 27 de fevereiro. A categoria reivindicava 36% de reajuste salarial, dividido em seis parcelas, adicional noturno, plano de aposentadoria especial e suspensão dos inquéritos administrativos em curso contra os grevistas. Em assembléia eles aceitaram o percentual de reajuste dividido em 18 meses e conquistaram as demais reivindicações.
Operários da construção civil paralisados em Salvador
A greve dos profissionais da saúde também se arrasta por mais de seis meses. Eles reivindicam reajuste salarial, adicional noturno, Plano de cargos e carreiras e melhorias nas unidades de saúde e nas condições de trabalho. Também não há sinais de fim para a paralisação, uma vez que o governo não sinalizou o atendimento às reivindicações.
Sergipe
Em Aracajú, os médicos entraram em greve no dia seis de fevereiro. A categoria exigia melhorias nas unidades de saúde, redução da carga horária para 30 horas e reajuste salarial. A greve foi encerrada em 3 de março, quando foi assinado um acordo com ressalvas — prazo para cumprimento — com o governo do estado.
Ceará
Após 90 dias em greve os professores das universidades estaduais do Ceará (Vale do Acaraú, Cariri e Estadual do Ceará) encerraram a paralisação, em 13 de fevereiro.
Apesar de retornar às salas de aula, os professores — que receberam o apoio de estudantes e técnicos — continuam mobilizados, em estado de greve.
Paralisação dos servidores públicos federais em São José dos Campos
A greve obteve uma vitória significativa. Após um ano de intensas mobilizações, o governo abriu uma mesa de negociações. No ano passado, apesar de todas as paralisações, as propostas dos docentes não foram sequer ouvidas pelo governo estadual.
Além de debater as reivindicações, o governo estadual se comprometeu em investir 50% a mais na educação superior em 2008, 75% em 2009 e 100% em 2010.
Amazonas
No dia 14 de fevereiro, médicos que atuam na rede pública suspenderam as atividades por tempo indeterminado.
As reivindicações começam pela definição de um piso salarial. O salário-base dos médicos no município é de R$ 300,00 e no estado de R$ 350,00. Para conseguir uma remuneração digna é preciso incluir abonos, gratificações e realizar muitos plantões. Segundo o sindicato da categoria, os médicos também não recebem auxílio transporte, alimentação e plano de saúde.
A greve foi encerrada em 29 de fevereiro, com os grevistas aceitando a proposta da gerência estadual, que inclui vencimento de R$ 1 mil, risco de vida de R$ 200, gratificação saúde de R$ 2,9 mil, totalizando R$ 4,1 mil para jornada de 20 horas semanais.
São Paulo
Os operários da Alumil, em Cumbica, paralisaram os trabalhos no dia 13 de fevereiro. A empresa havia demitido vários funcionários, alegando justa causa.
A greve acabou no dia 18, após uma mesa-redonda promovida pela Delegacia Regional do Trabalho com empresa e funcionários. A empresa se comprometeu a reverter as demissões por justa causa, quitar os débitos trabalhistas e não descontar os dias parados, além de discutir a pauta do sindicato. Os operários reivindicam participação nos lucros da empresa, cesta básica, café da manhã e mais segurança no trabalho.
Funcionários da Alumil, em Cumbica, também pararam
Os motoristas da Viação Novo Horizonte — ex-Cooperativa Nova Aliança —, na capital paulista, amanheceram o dia 25 de fevereiro em greve. Os funcionários reclamaram que seus direitos trabalhistas estavam sendo burlados, uma vez que não foram registrados como funcionários, com a passagem da cooperativa para empresa. Segundo os motoristas, eles não estavam recebendo salário, mas parte do valor das passagens, como se ainda estivessem trabalhando como cooperativados.
Com a abertura das negociações, no mesmo dia, os motoristas decidiram suspender momentaneamente a paralisação. No início de março, trabalhadores e empresa devem se reunir novamente e avaliar as propostas.
Bahia
Estão em greve desde o dia 25 de fevereiro os trabalhadores da construção civil de Salvador. Eles exigem 14% de aumento salarial e cesta básica. Os trabalhadores prometem continuar parados até que os pedidos sejam atendidos. Enquanto isso, realizam protestos nos canteiros de obras.