Futuros pedagogos defendem educação pública

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Futuros pedagogos defendem educação pública

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Durante ENEPe, estudantes fazem passeata nas ruas de Belo Horizonte

Entre os dias 14 e 21 de julho, 1.200 estudantes se reuniram na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, no 32º Encontro Nacional dos Estudantes de Pedagogia – ENEPe, que levantou o tema “Por que a educação é sucateada?”.

O momento e a forma como o ENEPe ocorreu são elementos muito significativos, não só para a luta dos estudantes de Pedagogia, mas para todos os estudantes, para a luta por uma educação pública de qualidade e para a luta por uma universidade democrática e a serviço do povo.

As universidades federais vivem dias de luta, de greve geral. A UFMG também está em greve e nem por isso está vazia. Os estudantes de Pedagogia, Biblioteconomia (que realizavam seu encontro nacional no mesmo período) e os geógrafos (cujo encontro nacional ocorreu entre os dias 21 e 28 de julho) ocuparam as salas e auditórios da universidade reunindo, ao todo, mais de 7 mil estudantes e professores, sinalizando a necessidade de debater questões relacionadas à realidade concreta dessas áreas, que sofrem com o descaso do Estado e com a falta de discussões políticas na formação desses profissionais.

Diferente de muitos encontros estudantis, dirigidos muitas vezes por correntes oportunistas, que se convertem em verdadeiras excursões turísticas, o 32º ENEPe contou com plenárias concorridas, com auditório repleto e mesas de debates concentradas.

Durante todos os dias, as comissões de organização se movimentavam pelo campus para tratar de diversos contratempos e problemas de organização. Sim, houve vários problemas: com a alimentação, problemas de saúde que exigiram transporte de estudantes para postos de saúde, de estrutura nos alojamentos, etc. Mas a forma como foram solucionados, um a um, chamaram a atenção.

O encontro promoveu debates importantes, iniciando com a discussão da situação política nacional e internacional e finalizando com as discussões sobre práticas pedagógicas transformadoras no cotidiano escolar. A greve das universidades e institutos federais e nas universidades estaduais, bem como as greves da educação básica, também foram amplamente debatidas. Nas “rodas de diálogo”, debateu-se o protagonismo das mulheres na luta pela punição dos crimes do regime militar, com a participação do Movimento Feminino Popular; a luta dos operários da construção e a relação dessa categoria com a Pedagogia, com a participação da Liga Operária e do sindicato Marreta; a Educação Popular; movimento estudantil; e educação inclusiva. Também houve a discussão sobre o ensino de Geografia numa perspectiva transformadora com a participação da AGB.

Foram desenvolvidas atividades práticas como visitas a museus, duas ocupações e áreas de resistência urbanas (Vila Bandeira Vermelha e Ocupação Dandara) e à Escola Popular Orocílio Martins Gonçalves. Atividades culturais diversas animaram todas as noites.

No dia 19 de julho, os participantes do encontro realizaram uma manifestação em defesa do ensino público. As bandeiras definidas eram: a luta contra o sucateamento do ensino público em todos os níveis; a luta contra o Plano Nacional de Educação – PNE imposto pelo MEC e governo federal; a luta contra medidas adotadas como parte da “Reforma Universitária”; a defesa da greve nacional das universidades e institutos federais; entre outras.

A concentração do protesto ocorreu na Praça Afonso Arinos, palco histórico de manifestações estudantis desde os anos de 1960. Os estudantes realizaram um ato político no Centro da cidade e os representantes das delegações de vários estados denunciaram o desmantelamento das universidades públicas e a grave situação enfrentada pelos profissionais em educação em todo o país que sofrem com baixos salários e péssimas condições de trabalho. Durante todo o trajeto, os manifestantes esclareceram a população sobre o motivo do ato, sobre a situação dos pedagogos e da educação pública em nosso país e sobre a necessidade de se lutar contra o sucateamento da educação.

No último dia, ocorreram as plenárias para a alteração e aprovação do Estatuto da Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia. Na plenária final foi definido um plano de lutas do Movimento Estudantil de Pedagogia e a eleição da sede do próximo ENEPE, que será no Pará, além das sedes dos 15º e 16º Fórum Nacional de Entidades de Pedagogia, o Fonepe, que serão no Rio Grande do Sul e no Paraná, respectivamente.

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