Gerentes latinos garantem boa vida para transnacionais

Gerentes latinos garantem boa vida para transnacionais

Poucos dias antes do começo da Cúpula das Américas, convescote dos fantoches “presidentes” da América Latina com o chefe Obama realizado no mês de abril em Cartagena de Índias, na Colômbia, sob forte esquema de segurança, aconteceu na mesma cidade a 1ª Cúpula Empresarial das Américas, “encontro preparatório” que contou com a presença de nada menos do que 567 representantes de grandes transnacionais dos mais diversos setores da economia capitalista global em crise – entre eles os diretores de alguns dos mais poderosos monopólios do planeta –, que levaram suas requisições a vários gerentes latinoamericanos que depois participariam da Cúpula principal, entre eles a gerente de turno da semicolônia Brasil, Dilma Rousseff.

Já o gerente de turno da Colômbia e anfitrião do encontro, Juan Manuel Santos, discursou conclamando os países da América Latina a “deixarem para trás o estereótipo de que os ianques são os imperialistas”. Por certo nada tem a ver com imperialismo o fato de que as exportações do USA para a América Latina cresceram quase 50% nos dois últimos anos enquanto a região sofre um processo de desindustrialização e suas nações se perpetuam como verdadeiras repúblicas das bananas na divisão internacional do trabalho.

O Brasil é um dos maiores exemplos disso, tendo em vista que nos últimos anos o país vem aumento sua dependência da exportação de matérias primas, com apenas seis produtos respondendo por quase metade do valor das exportações brasileiras no ano passado. Em 2011 as vendas de minério de ferro, petróleo bruto, complexo de soja e carne, açúcar e café para outros países representaram 47,1% do valor exportado total. Apenas cinco anos antes, em 2006, essa proporção era de 28,4%.

Mais escandaloso do que o “presidente” da Colômbia dizer que não há imperialismo ianque na América Latina – logo o gerente da Colômbia, que é um verdadeiro enclave do imperialismo na América do Sul – só mesmo o tamanho da venda do país para os monopólios internacionais. Tanto que a Colômbia é uma das meninas dos olhos do Strategy Group, consultoria especializada em rapina que ajuda e orienta transnacionais sobre como “investir” na América Latina.

Chávez vende gás natural da Venezuela

Agora mesmo organizações populares da Colômbia vêm denunciando o teor altamente danoso para o povo do país de um famigerado tratado de livre comércio com a Suíça, recentemente ativado, que concede um sem fim de regalias para a atuação das transnacionais daquele país em território colombiano, como uma ampla segurança jurídica para contratos de mineração. Uma das vozes que se levantam contra o tratado é a da líder indígena Karmen Ramírez Boscán, que diz:

“Os investimentos suíços aumentarão significativamente na Colômbia, o que significa que multinacionais do prestígio da Novartis e da Roche, empresas do setor farmacêutico que têm sido amplamente questionadas em países como a Índia por estar envolvida em conflitos relacionados com a aquisição de patentes, comercializarão todo tipo de medicamentos em nosso país. Assim como a Nestlé, companhia amplamente conhecida por seus conflitos trabalhistas e pela apropriação indevida de recursos hídricos. Também o UBS, o mesmo banco suíço que esteve envolvido recentemente em escândalos internacionais por encobrir sonegadores de impostos do USA e da Alemanha, terá as portas abertas. Da mesma forma, outras empresas, como Holcim, Glencore e Xstrata, dedicadas ao saque dos recursos naturais, como o carvão, empresas que claramente não têm a menor intenção de proteger o meio ambiente, seguirão presentes no território nacional, entretanto, com todas as vantagens e privilégios que este tratado lhes outorga.”

Isso sem falar no tratado de livre comércio da Colômbia com o próprio USA que acaba de entrar em vigor também, para regozijo das transnacionais ianques.

E que dizer do contrato assinado no início de abril pelo gerenciamento auto-intitulado “anti-imperialista” do demagogo Hugo Chávez com as transnacionais espanhola e italiana Repsol e Eni para entregar-lhes os direitos de exploração da maior reserva de gás natural da Venezuela? É típico dos vende-pátria que não abrem mão da fantasia de ser de “esquerda”: com uma mão cerram o punho e vociferam bravatas contra as potências; com a outra, seguram firme na caneta para assinar cartas brancas para os monopólios.

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