O governo federal comemora. Agora pode cortar os salários dos grevistas e dizer que "é uma decisão do Superior Tribunal Federal". E ele já anunciou, vai cortar o ponto dos Auditores Fiscais e dos Advogados Públicos.
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Funcionários da Uespi, Piauí.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou recentemente que o salário dos grevistas precisa ser cortado, "não posso ter a obrigação de pagar para quem não trabalhou". E emendou afirmando que as faltas advindas de paralisações serão anotadas no currículo do servidor e isso poderá atrasar uma série de benefícios. Na mesma entrevista — concedida ao Correio Brasiliense, em oito de maio o ministro afirmou que o governo continua planejando a lei de greve do servidor público e deixou claro que alguns setores serão proibidos de paralisar as atividades.
Os auditores fiscais da Receita Federal retornaram ao trabalho em 12 de maio. Eles decidiram trabalhar até o dia 20, quando farão nova avaliação das negociações com o governo. A greve começou em 18 de março e foi considerada ilegal, no início de abril, pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. O ministro também determinou o corte dos dias parados. E ele foi além, em sua decisão, afirmou que não cortar o ponto poderia levar outras categorias de servidores públicos a "deflagrar movimentos grevistas com o objetivo de reivindicar reajustes salariais". Os auditores exigem equiparação salarial aos delegados da Polícia Federal e modificações na forma de promoção e progressão da carreira.
Também retornaram ao trabalho no dia seis de maio, os auditores fiscais do trabalho. A paralisação já durava 47 dias e a categoria reivindicava melhores condições de trabalho, equiparação salarial com as demais carreiras do Estado, paridade entre ativos e aposentados e concursos. Os trabalhadores devem avaliar as negociações com o governo e podem voltar a parar as atividades.
Ceará
No dia seis de maio foi finalizada a greve dos operários da Construção Civil de Fortaleza. Eles conseguiram um reajuste médio de 7,5%, mas as categorias receberão o aumento de forma diferenciada. A greve durou 14 dias e cerca de 90% da categoria aderiu ao movimento. Durante a paralisação vários canteiros de obras foram invadidos e a polícia e as empresas tentaram acusar o sindicato e os trabalhadores de depredação. A justiça chegou a determinar que o Sindicato deixasse de "patrocinar e incentivar atos de violência" sob pena de multa de R$30 mil por cada violação.
No dia oito de maio, entraram em greve os agentes comunitários de saúde do Programa Saúde da Família. A categoria exige que o salário passe de R$415 para R$830. Apesar da proibição de aumento salarial nos 180 dias que antecedem as eleições, os trabalhadores acreditam que há má vontade da prefeitura de Fortaleza, já que o reajuste poderia ter sido concedido antes. A greve está sendo considerada ilegal pela prefeitura e o ponto dos trabalhadores que aderiram à paralisação está sendo cortado. São mais de três mil agentes e o Sindicato da categoria afirma que a adesão foi total.
Iniciada no dia sete de maio, a paralisação dos rodoviários de Fortaleza estendeu-se por dois dias. A greve atingiu 90% da categoria e reivindicava aumento salarial e melhoria nas condições de trabalho. Os trabalhadores exigiam piso salarial de três salários mínimos para os motoristas e dois para os trocadores. A maior conquista da paralisação foi a abertura de uma luta contra o peleguismo que dominava o sindicato. Em Assembléia Geral no dia 10 de maio, os trabalhadores decidiram destituir a tual diretoria do Sindicato dos trabalhadores em transportes rodoviários (Sintro) e anular o acordo salarial feito pela diretoria. Os trabalhadores também elegeram uma junta governativa por 60 dias para organizar um novo processo eleitoral.
Sergipe
A Polícia Civil paralisou suas atividades nos dias seis e sete de maio. A paralisação teve caráter de advertência. No dia oito também retornaram ao trabalho os professores da rede estadual de ensino. A greve durou 15 dias e a categoria conseguiu um reajuste de cerca de 5%. Outras conquistas dos professores foram a ampliação da gratificação da Regência de Classe, que deve chegar a 80% em maio de 2010.
Piauí
A greve dos docentes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) já dura mais de um mês. Eles reivindicam melhorias na estrutura e no ensino da universidade, além de reajuste salarial. No dia nove de maio, os professores, em protesto, cantaram parabéns e cortaram um bolo de aniversário no centro de Teresina.
Os professores definiram um calendário de manifestações, reuniões e uma audiência pública na Câmara dos vereadores da capital para discutir a situação da universidade. A paralisação docente tem recebido o apoio das demais categorias acadêmicas estudantes e técnicos. Na cidade de Picos, onde está um dos maiores campus da Uespi, os estudantes denunciaram que precisam pagar taxas para fazer provas.
Rio de Janeiro
Greve na rede municipal do Rio de Janeiro.
Os professores da rede municipal de educação deflagraram greve no dia cinco de maio. A tática da categoria consiste em ocupar as escolas, realizar reuniões e esclarecer a população sobre os motivos da paralisação. Os professores consideraram uma afronta à categoria o aumento concedido pela prefeitura, no ano passado, de 0,01%. A categoria exige aumento salarial imediato de 26%. Atualmente, o piso da categoria é de R$560. No quarto dia de paralisação, professores, funcionários em geral das escolas e estudantes realizaram protesto em frente à prefeitura da cidade.
São Paulo
Em Bauru, a greve dos agentes de combate às endemias prossegue. Já são quase 50 dias de paralisação e apesar do corte dos salários, os trabalhadores continuam parados. A categoria reivindica aumento salarial de acordo com o piso nacional, plano de saúde, Plano de Cargos e Salários e redução da jornada de 8h para 7h diárias. No início de maio, o Ministério Público do Trabalho (MPT) intermediou uma audiência entre as partes e recomendou que a prefeitura atendesse às reivindicações dos trabalhadores e que não houvesse retaliações aos trabalhadores para que eles possam voltar ao trabalho. A greve está dentro da lei e os trabalhadores entregaram ao MPT um abaixo-assinado com 10 mil assinaturas em apoio à paralisação.
Paraná
Deflagraram greve no dia nove de maio, cerca de quatro mil trabalhadores da Usina Central do Paraná S/A, em Porecatu, norte do Estado. Os trabalhadores diretos da empresa estão com os salários atrasados desde março e os terceirizados, desde dezembro. Os trabalhadores tentaram negociar por muito tempo, antes de pararem os trabalhos. A Usina pertence à família Atalla.
Espírito Santo
No dia 12 de maio os motoristas e cobradores de ônibus coletivo da Grande Vitória paralisaram as atividades por tempo indeterminado. A adesão à greve foi de 100% e os serviços foram totalmente paralisados em resposta à decisão do Tribunal Regional do Trabalho de obrigar 50% da categoria a trabalhar durante a paralisação. Os trabalhadores querem 10% de aumento, redução da jornada diária para 6 horas e vale-refeição de R$13.