Após mais de 40 dias não houve qualquer punição nem sequer identificação dos latifundiários que ordenaram a Chacina de Unaí, como também não houve nenhuma prisão dos assassinos que emboscaram e perpetraram a execução dos auditores fiscais Nelson José da Silva, Erastótenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e do motorista Ailton Pereira de Oliveira.
A "força-tarefa", anunciada com grande estardalhaço pelos governos FMI-Lula e Aécio com promessa de "levar a investigação até o fim", não avançou nas investigações. Ao contrário, a "força-tarefa" anunciada pelo presidente Luiz Inácio não foi constituída de fato e nunca existiu, segundo denúncia feita pelo promotor público André Ubaldino, que criticou também a pressão que os ministros Nilmário Miranda e Ricardo Berzoini fizeram sobre os peritos para liberar rapidamente os corpos para realização dos funerais. "Isso prejudicou os exames de corpo delito, resultando em provas deficientes", afirmou.
A polícia federal, em uma manobra para encobrir os verdadeiros autores do assassinato dos fiscais, está levantando a hipótese, junto com o deputado do PT Virgilio Guimarães, de que o crime foi cometido por uma quadrilha de assaltantes de banco.
Apesar de ser conhecido que o latifundiário Norberto Mânica, outros latifundiários de Unaí e "gatos" (agenciadores de mão-de-obra escrava) anteriormente haviam feito ameaças de morte aos fiscais, nenhuma prisão preventiva foi decretada. O prefeito de Unaí, José Braz — outro dos suspeitos, devido a também submeter camponeses a trabalho escravo, como foi verificado em uma fazenda de sua propriedade, no estado do Pará — da mesma forma permanece impune.
Nenhum latifundiário foi preso, ao contrário do que acontece nas operações policiais feitas contra os pobres, quando são realizadas prisões a rodo, torturas e inúmeras execuções sumárias. Aliás, o batalhão da polícia militar de Unaí era todo financiado pelos latifundiários que, com o prefeito, detinham total controle sobre as operações policiais, a chamada "Patrulha Rural". O Consep (Conselho de Segurança Pública) de Unaí era dirigido exclusivamente pelos latifundiários, com os irmãos Mânica à frente, mas as autoridades do estado sequer investigaram a questão. Com os assassinos e latifundiários livres, provas certamente foram destruídas e álibis fabricados.
O delegado regional do Trabalho, Carlos Calazans, desconsiderou as ameaças de morte feitas pelos latifundiários contra os auditores e não lhes propiciou condições seguras de trabalho. Foi omisso e está incluído no rol dos responsáveis pela morte dos fiscais. Em declarações ao jornal O Tempo, dia 27/02/2004, pediu paciência e disse textualmente:
"A polícia federal está trabalhando normalmente e as peças estão se encaixando. Brevemente, teremos notícias. (…) o trabalho policial não perdeu fôlego. Isso eu posso garantir."
O "senhor" Carlos Calazans suspendeu, desde o dia do crime, 28 de janeiro, qualquer operação de fiscalização das condições de trabalho nas fazendas da região de Unaí, noroeste de Minas, demonstrando total falta de firmeza para enfrentar os latifundiários. Ao contrário de chefiar pessoalmente o trabalho de fiscalização e de combate ao trabalho escravo, o chefe da DRT-MG, dirigente licenciado da CUT e, como ele mesmo faz questão de dizer, um dos preferidos de Lula no Ministério do Trabalho, escolheu se acovardar. Atitude similar ao "protesto" que protagonizou num 21 de abril em Ouro Preto, quando ainda era oposição, presidia a CUT-MG, e virou as costas para o palanque na Praça Tiradentes, arriou as calças e mostrou as nádegas para as autoridades…
Agora a CUT (Central Única dos Traidores) faz ato de protesto em Unaí e diz querer apuração do crime, mas nada fala da atitude de cumplicidade do governo FMI-Lula, do qual faz parte, com o latifúndio. Na verdade, a CUT é correio de transmissão do governo FMI-Lula entre os trabalhadores e age em defesa de seus membros que estão na DRT, em todos os Ministérios e na presidência da República.
Os gerentes de plantão deste Estado burguês-latifundiário, Luiz Inácio e Aécio Neves, são cúmplices do latifúndio, pois assim como não punem os assassinos dos fiscais não punem os assassinos e mandantes dos sucessivos massacres de trabalhadores perpetrados no campo e nas cidades, e também são coniventes com o trabalho escravo, pois não mandam prender nenhum latifundiário nem expropriam as fazendas onde se praticam tais crimes. Outro exemplo da impunidade são as milícias armadas do latifúndio, integradas, inclusive, por policiais, que seguem livremente atacando e matando camponeses, com o conluio total do Estado.
As contra-reformas postas em prática pelo governo FMI-Lula, de ataque aos direitos previdenciários, sindicais e trabalhistas, são o caldo de cultura para as reacionárias classes dirigentes intensificarem os crimes e a exploração sobre os camponeses e os operários. Esse governo de traidores, muitos deles ex-sindicalistas, covardes, bajuladores e pusilânimes, incentivam a ação criminosa do latifúndio e da grande burguesia. O número de assassinatos de trabalhadores no campo, o arrocho salarial, a miséria e o desemprego, no governo FMI-Lula extrapolam todos os índices verificados em governos anteriores. Elementos covardes como Carlos Calazans e Ricardo Berzoini, dirigentes licenciados da CUT e atuais delegado regional e ministro do "Trabalho e Emprego", respectivamente, são instrumentos apropriados para os grandes burgueses e latifundiários perpetrarem toda espécie de crimes contra os trabalhadores.
Autoridades, em frente às câmeras de televisão, prometeram descobrir e punir os assassinos dos fiscais, prometeram combater o trabalho escravo, mas nos bastidores dão as mãos aos latifundiários escravistas (presidente do Senado José Sarney, vice-presidente da Câmara dos Deputados, Inocêncio de Oliveira, senador João Ribeiro, empresário Nenê Constantino, entre outros flagrados submetendo camponeses a trabalho escravo etc.) que exercem poder de mando neste Estado burguês-latifundiário, serviçal do imperialismo. No enterro, os ministros Nilmário e Berzoini, o latifundiário vice-presidente José Alencar e o playboy governador Aécio Neves se acercaram dos familiares dos fiscais assassinados, verteram lágrimas de crocodilo, mas depois deram entrevistas defendendo a política do governo, os grandes fazendeiros e também estão ajudando a acobertar os criminosos latifundiários.
Abaixo a cumplicidade e o conluio dos governos!
FMI-Lula e Aécio estão com o latifúndio!
Exigimos punição rigorosa dos crimes do latifúndio e respeito aos direitos dos trabalhadores!
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!
Belo Horizonte, 10/803/2004
Liga Operária