Greenhalgh: A informação que vem de dentro

Greenhalgh: A informação que vem de dentro

A publicação de documentos secretos do USA pela WikiLeaks causou um verdadeiro alvoroço ao redor do mundo e quanto mais o tempo passa, mais se comprova grande parte das informações ali contidas. No entanto, ter seu nome ali citado, não como alvo, mas como fonte, enrubesce qualquer um.

O ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, sócio-fundador do PT, é um destes. Citado por diplomatas ianques como uma fonte que deve ser protegida, ficou irritado com a livre tradução de insider como informante feita pela página da internet Pública que divulga os documentos do WikiLeaks.

Ora, uma tradução literal do termo levaria a “de dentro” “e uma fonte que deve ser protegida” levaria à pergunta: fonte de que?

Como Greenhalgh em nada se parece com um chafariz e com os relatos contidos nos documentos do WikiLeaks, chega-se a inexorável conclusão de que o ex-deputado foi “fonte de informações de dentro do PT”, ou seja, informante. Por que então o drama?

Em primeiro lugar, repilo absolutamente o título de que sou ‘informante’ da Embaixada dos Estados Unidos, com o sentido de ser colaborador, assessor ou braço norte-americano no Brasil, só faltava essa! — disse Greenhalgh, por e-mail, em sua resposta à página Pública.

Mas como o nobre ex-deputado conseguiu a alcunha? Contam os documentos que Greenhalgh manteve encontros com membros do corpo diplomático ianque. Um deles teria sido um café da manhã no apartamento de Greenhalgh, em São Paulo, em abril de 2006, e pelo menos mais um em 2007. Foram estes diplomatas que lhe batizaram de informante.

No primeiro encontro, o tal café da manhã durou cerca de hora e meia, estando presentes a sócia de Greenhalgh, Michael Mary Nolan, advogada e freira católica, e sua assistente política Miraci Astun.

Nessa oportunidade, na qual também estava presente o então cônsul-geral ianque Christopher MacMullen, Greenhalgh teria inventado o “caixa 2 ético”, ou seja, não exagerar na mutretagem. O ex-deputado disse ter declarado uma cifra de 600 mil ao TRE e, na verdade, o gasto de sua última campanha (2002) estaria em torno de 720 mil, já que alguns empresários preferiam manter em sigilo suas doações. Na verdade, a própria Pública apurou que Greenhalgh declarou ter arrecadado e gasto pouco mais de R$ 200 mil em 2002.

O que Greenhalgh teria dito não ser um caixa 2 ético seria declarar R$150 mil, o que “não daria para eleger nem um vereador em Itagui” e gastar 3 vezes mais. Ou seja, a ética se resume ao quanto se esconde pra não dar na vista.

O cônsul ianque descreve Greenhalgh como um político sério, mas que “não é admirado universalmente”, cita as acusações de corrupção quando foi vice-prefeito de São Paulo, no mandato de Luiza Erundina, e a tentativa de encobrir a morte de Celso Daniel, prefeito de Santo André, em 2002. Sobre Celso, inclusive, Greenhalgh reafirmou que seu assassinato tratou-se de crime comum.

Segundo os documentos, o ex-deputado não alivia nem os ex-companheiros e patrões do MST. Critica o movimento por ter causado danos em torno de 400 mil dólares à Aracruz Celulose, bem como por manter um tom elogioso com o governo em privado em busca de apoio e financiamento, mas ao mesmo tempo confrontar o governo com retórica agressiva em público.

O documento, assinado por McMullen, conta ainda que Greenhalgh teria participado de reuniões entre Luiz Inácio e o MST para acertar um “modus vivendi”.

O que fica claro é que Greenhalgh queria um movimento camponês completamente domesticado, que nem jogo de cena fizesse, apoiando o governo e de nenhum modo causasse prejuízos ao latifúndio.

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