No dia 15 de agosto, 12 mil servidores públicos protestaram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os trabalhadores querem pressionar o governo para que apresente uma proposta séria e viável às mais de 30 categorias em greve. Já são cerca de 500 mil trabalhadores em paralisação, em 28 órgãos federais, em todos os estados do país. Há rumores de que se o governo não negociar, pode haver uma greve geral do serviço público.
A greve nacional dos servidores públicos federais ganhou novas adesões no último período. No dia 8 de agosto foi deflagrada uma paralisação geral de 24 horas que envolveu diversos órgãos em greve.
No dia 9, no Rio de Janeiro, servidores públicos de diversas categorias realizaram uma grande manifestação pelas ruas do centro da capital.
Funcionários do Banco Central, Receita Federal, delegados e peritos da Polícia Federal, funcionários de institutos e ministérios cruzaram os braços e realizaram uma série de ações, como o fechamento da ponte Rio-Niterói por agentes da Polícia Rodoviária Federal. Os servidores do Tesouro Nacional também realizaram uma paralisação de 48 horas em protesto contra a intransigência do governo que se recusa a negociar as reivindicações dos grevistas.
No dia 9, os protestos também atingiram quase todos os estados do país. Na Bahia, os funcionários da Companhia de Docas, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizaram uma série de protestos nas primeiras semanas de agosto.
No mesmo dia, os funcionários de agências reguladoras, um dos pioneiros na greve, realizaram um ato no porto de Santos. Os servidores do judiciário realizaram manifestações no Ministério do Planejamento, em Brasília e realizou atos em pelo menos 18 estados.
No Espírito Santo, os protestos levaram a PRF, os fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária às ruas.
Em Goiás, os trabalhadores realizaram um protesto pelas principais avenidas da cidade e fizeram o velório simbólico do governo. No estado são 13 órgãos públicos cujos servidores estão em greve.
No Mato Grosso são dez órgãos públicos com servidores em greve. Em Minas Gerais, os servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, do Departamento Nacional de Produção Mineral, da Polícia Rodoviária Federal, do Ministério da Agricultura e das Instituições de Ensino Superior estão paralisados e realizaram protestos durante as primeiras semanas de agosto.
No Rio Grande do Sul os protestos uniram diversas categorias: universidades, previdência, IBGE, PRF, Ministério da Agricultura e da Saúde, Receita Federal, Banco Central e outros. Em Rondônia são sete órgãos públicos com servidores em greve.
Insurgindo contra o “PT patrão”
No último dia 13, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão determinou o corte de ponto dos grevistas do serviço público federal. O Coordenador de Inovação Tecnológica do Ministério do Planejamento, César Augusto de Azambuja Brod, se negou a cumprir orientações do governo de cortar o ponto de funcionários em greve e, em protesto, pediu exoneração do seu cargo.
Em carta aberta divulgada após seu pedido de demissão, Augusto Brod afirmou que “o PT patrão parece não ter aprendido com sua própria história. O PT patrão apenas aprimora as táticas de pressão psicológica e negociação questionável daqueles com os quais negociou na época em que a greve era sua.”
“Como coordenador, jamais cortarei o ponto daqueles que trabalham comigo e estão em greve. Independente da greve, eles cumpriram seus compromissos civis sempre que necessário” — asseverou.
Em nota, funcionários do Ministério do Planejamento manifestaram sua solidariedade com o coordenador e ressaltaram que “a determinação do governo no corte do ponto dos grevistas agride em sua essência a crença na liberdade de manifestação das pessoas e no direito do trabalhador de reivindicar melhorias em suas condições de trabalho e os consequentes resultados entregues à sociedade por meio dos atos dos servidores públicos federais”.
O Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Rondônia já impetrou mandado de segurança objetivando garantir o pagamento dos salários dos trabalhadores em greve no estado. A justiça federal decidiu em favor dos trabalhadores e determinou uma multa de R$5mil por dia, caso o governo insista em cortar o ponto dos servidores públicos federais em greve.